sábado, 27 de setembro de 2014

Ainda além da imaginação



Respeite o ingênuo, 
ele “erra” onde o esperto “acertaria”, 
mas o mundo não é absolutamente
certo em sua escalada, 
se o fosse... 

por certo haveria mais ingenuidade.



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Ainda além da imaginação II

O mundo é perfeito na sua imperfeição,
porém essa é a porção conhecível;
na não, é tudo igual, ou seja:

perfeito...

mas e o que falta?

Aqui?

Percepção.

Da série;
sobre o que alguém me disse





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Vãs representações

As representações assumidas pelo homem – católica romana, templários, confrarias ou sociedades secretas socialmente respeitadas, monarquias e poderes imperiais, por exemplo – são algo emprestado e demonstram a nós o que pode existir realmente caso extirpe o homem as paixões terrenas; resta a alguns poucos que entendem, imaginar como será a realidade no Plano Original.


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A caminho da cura



Saber que precisa de subterfúgios para vencer a inveja é o último passo antes de vencê-la definitivamente.


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sábado, 20 de setembro de 2014

nihil

Meu pensar é algo camuflado; precisa ser. Ele flerta com o abismo. Entendê-lo é saltar e manter-se flanando entre correntes voluptuosas onde não há estática, nada é estável; dizer apenas que o faz é mergulhar no precipício, ainda que se agarrando à ilusões de valia negociáveis. A essa, melhor continuar perambulando pelo vale, onde a passividade mórbida impera.



Estática
parte da mecânica que estuda o equilíbrio dos corpos
sob a ação de forças.



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sábado, 13 de setembro de 2014

Id-ividual

. . .

Apesar de saborear essa hora, fazia questão de ordem. Antes de atravessar uma rua movimentada, hesitava um pouco. Gostava de caminhar num ritmo uniforme. A fim de não ter de se apressar, aguardava o instante propício. Foi quando alguém perguntou em voz alta a outra pessoa: “Pode me dizer onde fica a Mutstrasse?”. O interrogado não respondeu. Kien se admirou. Parecia que em plena rua existiam, além dele mesmo, outros seres taciturnos. Sem levantar o olhar, aguçava os ouvidos. Como reagiria o interrogador em face dessa mudez? “Perdão, o senhor não poderia me dizer, por gentileza, onde fica a Mutstrasse?” Apesar de ele intensificar a cortesia, não teve mais sorte que antes. O outro não disse nada. “Acho que o senhor não me ouviu. Rogo-lhe a fineza de me dar uma informação. Talvez tenha a bondade de me explica onde posso encontrar a Mutstrasse.” Em Kien despertou a avidez de saber. Por índole, não era curioso. Propunha-se, porém, a contemplar esse indivíduo calado, no caso de ele persistir na mesma mudez. Sem dúvida, o homem estava absorto em pensamentos e queria evitar qualquer interrupção. E ele não disse nada, mais uma vez. Kien aplaudiu-o. Entre milhares de pessoas, um caráter capaz de resistir às casualidades! “Então, é surdo?”, gritou o primeiro. Agora o outro vai responder, pensou Kien, começando a perder o interesse por seu favorito. Quem controla a língua, ao ser insultado? Virou-se em direção à rua. Chegara o momento de atravessá-la. Mas hesitou, admirado com o ininterrupto silêncio. O outro continuava a não dizer nada. O que se devia esperar era uma explosão cada vez mais forte de ira. Kien previa uma briga. Se o interrogado se comportasse vulgarmente, ele, Kien, teria razão em achar que era a única pessoa de caráter nas redondezas. Ponderou se já podia olhar a cena que decorria à sua direita. Eis que o primeiro esbravejou: “O senhor não tem educação! Perguntei-lhe cortesmente uma coisa! Quem pensa que é? Seu grosseirão! Será que é mudo? O outro permaneceu calado. “O senhor vai me pedir desculpas! Pouco me importa onde fica a Mutstrasse! Qualquer um pode informar. Mas o senhor vai me pedir desculpas! Ouviu?”. O outro não deu ouvidos, e isso aumentou o respeito de Kien. “Vou entregá-lo à polícia! Sabe quem sou? Seu esqueleto! E um homem desses pretende ter cultura! Onde arranjou essas roupas? Num prego? É o que parece! E o que tem aí debaixo do braço? Vou lhe mostrar uma coisa. Quem pensa que é?”

Nesse momento Kien recebeu um forte empurrão. Alguém lhe agarrava a pasta, procurando arrancá-la. Com um puxão muito superior as suas forças, Kien liberou os livros das garras alheias. Energicamente voltou-se à direita. Seu olhar se destinava à pasta, mas também se fixou num baixinho gorducho, que furiosamente ralhava com ele. “Seu malcriado! Seu malcriado! Seu malcriado!” O outro, o taciturno, o caráter que se sabia conter mesmo na cólera, era o próprio Kien.

. . .

Trecho do livro Auto de Fé de Elias Canetti, Cozacnaifi

*

Ápice literário de Elias Canetti (1905-1994), um dos principais escritores de língua alemã do século XX. Centrada nos temas do isolamento, fanatismo, destruição e autodestruição, a obra foi banida pelo nazismo e tratada por Thomas Mann como um livro à frente de seu tempo. Peter Kien, o protagonista, é filólogo e sinólogo, grande conhecedor das línguas antigas, embora incapaz de penetrar os problemas contemporâneos. Ele é proprietário da mais importante livraria privada de toda a sua grande cidade e leva consigo uma pequena porção dela aonde quer que vá. Temendo contatos físico e social, Kien desposa, entretanto, sua velha governanta, ignorante e mesquinha, que acaba por tirar-lhe tudo. A edição inclui o ensaio “O primeiro livro”, em que Canetti fala sobre Auto de fé.


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A inexistência do novo



Se tudo já é; o novo não o é.

Ao avaliar determinadas correntes que asseguram sermos nós uma evolução precária na existência infinita, peguei-me pensando tanto a ponto de meditar sobre o fato de o pensar não fazer sentido; afinal tudo já não é?


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sábado, 6 de setembro de 2014

Síntese humana



O símbolo maior da fraqueza do homem reside no fato de fingir-se de morto quando algo não deve sofrer interferência pela ação do incômodo a ser acordado, portanto, assisto tantas injúrias contra Deus a respeito de tropeços, decepções e perdas catastróficas quando a verdadeira razão, caso fossemos premiar ainda uma vez mais nossa ignorância seria o fato de nossa cegueira quanto à transcendência, o ato de poder enxergar – em muitas situações por conveniência - o que nos reserva o terrível depois, quando nossas atrocidades não poderão mais ser reparadas, este sim, será para muitos o verdadeiro castigo que tomarão às costas, impingido incondicionalmente pela mecânica da Lei Maior, e então sim, devido com justiça.

*

“Deus não é nada enquanto o homem carece de um desbravamento até a Divindade. Se você não se entregar ao desapego, Deus perderá sua Divindade e o homem perderá a si mesmo.”

Mestre Eckhart no livro de Reiner Schürmann


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Amizade é outra coisa



No vizinho, ao observar sua esposa rolando o mouse na sua apreciada página na rede social do momento, chama a atenção as imagens com os velados pedidos de socorro; dessas que as pessoas pedem um abraço, um carinho, mendigam companhia, sinceridade e afins.

Permaneço mentalmente atento a uma em especial que cobra sinceridade do mundo; compadecido, calo-me, tudo isso é tão triste. Imagino então uma pessoa querida e concluo que não precisamos falar a verdade para um amigo; o amigo sempre sabe quando precisa ouvir a verdade sem ouvi-la. De alguma maneira somente somos sinceros com quem não amamos realmente. Quando amamos não nos magoamos... nos calamos, por saber que nosso amigo também entenderá o que agora entendemos. Mas como é complexo isso!


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Sobreviver Sorvendo o Dia



Tendo ser a prova viva da Objetividade Genial da qual ensina Schopenhauer; pois, de alguma forma foi-me “arrancada á escravidão da vontade” ou desprendi-me desta amarra que é o símbolo maior da nossa prisão ao nada brutal. Minha atenção hoje se move apenas para o que seria Sobreviver Sorvendo o Dia, pois entendo que a Terra não tem mais nada a dar-me a não ser o expiar consciente – se é que possa assim expressar.


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Observação compartilhada




São raros aqueles que conseguem sozinhos; porém são ainda mais raros aqueles que auxiliam verdadeiramente.

Da Série; vamos prorrogar a existência dos sentimentos


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