(...) Nesse
estado, “as energias vitais ficam hiperexcitadas; as paixões, mais intensas; as
sensações, mais poderosas”. Durkheim acreditava que as emoções coletivas
transportam os humanos, de maneira plena, mas temporária, para o mais alto de
nossos dois reinos, o reino do sagrado,
onde o eu desaparece e os interesses coletivos predominam. O reino do profano, em contraste, é o mundo
cotidiano comum em que vivemos a maior parte de nossas vidas, preocupados com
riqueza, saúde e reputação, mas incomodados com a sensação de que há, em algum
lugar, algo superior e mais nobre.
*
Na
década de 1830, Ralph Waldo Emerson proferiu um conjunto de palavras sobre a
natureza que formaram a base do Transcendentalismo Norte-americano, um
movimento que rejeitava o hiperintelectualismo analítico das principais
universidades dos Estados Unidos. Emerson argumentou que as verdades mais
profundas devem ser conhecidas pela intuição, não pela razão, e que as
experiências de admiração pela natureza estavam entre as melhores maneiras de
acionar essas intuições. Ele descreveu a sensação de revitalização e a alegria
que obtinha de observar as estrelas, uma bela vista das montanhas ou de uma simples
caminhada na floresta:
“De pé no chão nu – minha cabeça
banhada pelo ar aprazível e elevado ao espaço infinito – todo egoísmo mesquinho
desaparece. Eu me torno um olho transparente; não sou nada; vejo tudo; as
torrentes do Ser Universal circulam através de mim; sou parte ou partícula de
Deus”.
Pérolas pinçadas do livro
A mente moralista
de Jonathan Haidt
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