Como bem
observa J. Krishnamurti, estamos presos à mente e é também essa insciência que
mantém os grilhões apertados no homem mental. O que viemos aprendendo,
portanto, deve ser observado ainda com mais cuidado por conta dessa verdade,
afinal somos o que reconhecemos como verdadeiro e essas representações — copiadas,
melhoradas, analisadas, interpretadas ao bel prazer de cada um, etc... — e
sempre limitadas —, é o que espelhamos. O conhecimento deve ser observado
também por esse aspecto, apreendendo-o como um viés de libertação.
Antes de
conhecer ou simplesmente saber o que nos torna um ser conscientemente sociável
e de livre pensar, somos como um viciado autômato, envolto em nossa embriaguez
ordinária. Volta e meia a vida nos apresenta uma saída; pessoas, mestres, uma
catástrofe, um ato doloroso, em forma de instrumentos para algum despertar
próprio. Daí, temos a oportunidade de nos fazer sóbrios, este é o momento;
finalmente por algumas horas ou dias, estaremos frente a frente, enquanto a
atmosfera persiste, — uma espécie de fresta, uma fenda reservada, onde os
sentidos se apresentam mais aflorados — com possibilidades diversas; é preciso
estar atento a ela, pois só conseguiremos acessar outras perspectivas sendo
fortes e permanecendo abstêmio: até entender que nós mesmos somos prisioneiros
das armadilhas de nossas mentes; simplesmente ao concluir em algum grau, nosso desconhecimento,
e o quanto viemos persistindo em negação esse inevitável porém admirável encontro.
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