quarta-feira, 11 de março de 2009

V for Vendetta


Porque a máscara?
Talvez esta seja uma das respostas mais obvias no filme, “V de Vingança”. Ninguém consegue sair sem uma resposta. Nunca pensei que um gênio pudesse, hoje, retratar de forma tão atual, e ao mesmo tempo, levando a questão para o futuro, uma trama, tão bem montada e ao mesmo tempo envolvendo todo o alto comando que; por ser dono das assas que pensamos estar protegidos, a custas de medidas que nem sempre sabemos vir desta casta, conseguem este estado de “ordem aparente”.
O único a usar máscara é aquele que já não às precisa mais.
Por outro lado; movido pelo que ele mesmo pensa ser uma vingança, na verdade, busca libertar o acomodado povo que insiste em acreditar na mentira para assim não precisar mover uma palha em direção a rua com o intuito de reclamar de algo. Como o pai autoritário e enérgico que estupra e espanca para depois passar a mão e tentando com algumas palavras que nem sabe o significado demonstrar a uma filha em pânico que o verdadeiro motivo é prepará-la para o que irá encontrar lá fora, prepará-la para as bestialidades do mundo. “O mundo não é lugar para um anjo como você, papai te preparara para que esteja pronta quando os monstros chegarem”. E, dominada pelo horror, resigna-se e nem mesmo tenta traçar algum estratégia de fuga até que tenha certeza de que estará totalmente livre da besta que lhe guarda a saída.
Isto, hoje, é o nosso sistema. Assim sobrevivemos há séculos; acuados e subjugados.
Por que o mundo fica estarrecido com um caso como o do “pai austríaco” (pai?) Porque todos “são”; “a filha”. Não porque se compadecem com o sofrimento da filha. A maioria ta pouco se lixando. O máximo que fazem é inserir algum comentário besta nas suas mesmas conversas diárias com seus iguais medíocres. “É até bom que algo assim, - diferente – aconteça para movimentar um pouco os ânimos, ta tudo tão parado, sempre a mesma coisa”. E sim porque vivemos como aquela filha que por mais de vinte anos foi sodomizada. O povo vive o papel da filha por séculos, e nada acontece, então, uma situação assim vir à luz é feio. É preciso demonstrar repulsa contra um ato destes, para assim; esquecer-se de si mesmos, de que vivem igual situação. O poder lhe dá o medo, lhe dá o terror, permite o caos; e depois sai às ruas com os irmãos daqueles que até então eram usados como cobaias para espalhar o terror, e achaca, com violência, para assim, a base de cassetetes e algumas perdas, de preferência fazendo demonstrações que foi preciso o uso de muita violência, tranqüilizar a “filha”, de que já pode confiar, pois ao sair para as ruas, estará protegida. Nada de mal lhe irá acontecer, o perigo finalmente foi afastado.
Mas porque então não vivemos em um mundo de completa paz, onde não existem mais guerras, drogas, contrabando de armas e indústrias que a cada ano arrecadam ainda mais, ou bancos; com lucros absurdos devido à rede enorme de clientes incautos, e onde, a cada dia lhe é permitido, devido à correria que nem mesmo percebe, lhe está tomando um naco precioso de sua vida, se preocupar menos, com as novas taxas lançadas nos extratos, ou ainda dos oligopólios que não param de desafiar a lei, e mesmo assim, vivem se “aconchavando”, baseados em brechas destas mesmas leis, ou novas leis, ou ainda, no fundo mesmo, lançando mão do velho artifício, mas que nunca cai em desuso; a corrupção?
A resposta a esta pequena colocação que deveria estender-se ainda mais, não é simples, mas, por ser tão complexa, para que a maioria entenda, e pelo fato que, como assistimos no filme; poucos, realmente estão preocupados em tirar a bunda do sofá, ou do balcão do boteco, ou os cotovelos das janelas; a resposta são os lucros excessivos, o barganhar de poder que o dinheiro pode proporcionar e é claro, a pseudosegurança que é um pouco maior quando se está por cima. Por outro lado o filme deixa claro. A conta será cobrada. O que não ficou claro, penso eu, assistindo ao celulóide, como nosso amigo justiceiro se refere à película; é que aqueles que insistem em nada fazer; não só sofrem agora, como sofrerão posteriormente; quando descobrirem que possuíam o poder e nada fizeram.
Parece tão sem propósito insistir em algo tão fraco como é o caso aqui de responder apenas com a palavra “lucro”, (lucro e toda a gama de situações que o envolve é claro) mas este é o motivo pelo qual hoje não se restabelece a ordem, e não vivemos livres como deveria realmente ser. Enquanto o povo continuar permitindo ficar preso nos porões sendo estuprado, aviltado, achacado, espoliado; é-lhe, concedido, apenas andar de acordo com o proposto, dentro do que; não atrapalhando esta “ordem aparente”, arcará com as conseqüências desse: continuar sofrendo todo tipo de abuso. Onde alguns que menos podem reclamam mais, e uns poucos outros que conseguem algum canto onde são menos incomodados, ou seja, conseguem manter sua família numa condição tal que; pagando os impostos devidos, bebendo de vez em quando sem provocar desordem, ou, quando provocar algum acidente, até alguma morte talvez, consiga virar-se sozinho, sem perturbar a ordem, e, é claro, manter a ordem dentro de sua casta, tudo bem. Está dentro do quadrado, do latifúndio, que lhe é permitido – exemplo claro disso é dito pelo zelador no filme: “O Terminal”. Mas é claro; se gerar um ganho maior seja de que forma for, mesmo que algumas vezes tenha que burlar a lei, até pode dar-se ao luxo de ter um pouco mais que o seu irmão. O que não pode; é perturbar a ordem pública.
Li estes dias no informativo interno da empresa onde meu primo trabalha, sobre uma reclamação de um cliente, - outra multinacional – “não consideraremos os prejuízos desta reclamação, pois, como todos os Srs. sabem; isto entrará direto para as estatísticas de ‘perturbação’”. – estou falando sério. Por isso a ordem é: não perturbe. A perturbação gera perda de tempo que conseqüentemente . . .
Está é realmente a verdadeira luta “deles”, todo o empenho do comando está direcionado para: a ordem é manter a ordem.

Há muito então, não assistia algo parecido, e como iniciei, pensei nunca veria uma trama tão atual, tão dos nossos dias, tão verdadeira e escancarada. Por outro lado; como não poderia deixar de ser, - as duas coisas - comentando com a sempre minha fiel assistente – “assistente” de assiste junto.
Como uma película destas passa totalmente despercebida?
É porque tenho razão e todos querem esquecer que são as “filhas” do sistema, ou porque o filme era muito inteligente e poucos entenderam?
Nada se falou a respeito porque na verdade mais uma vez tudo era fantasia; ou porque o “pai” não acha certo, não permite que a “filha” assista?
Ou finalmente então, se o faz, que não seja traçando comentários, corroborando, com ilusões de mentes loucas, que; possuidoras de um mal ainda não totalmente extirpado, que é o fato de alguns de seus irmão virem dotados de inteligência e defensores de idéias revolucionárias e fantasiosas, onde insistem através de um canal, a única forma que ainda lhes é permitida, que é, fazer filmes, que, por sua vez, a televisão; ou não deveria transmitir, ou se o fizesse; que fosse em horários apropriados.
051 cqe