Existem formas diferentes de a inteligência se nos revelar. Algumas pessoas assim se entendem por si só, outras defendem que todos o são, como um tipo de medo recalcado, ou em casos raros, sabendo em seu íntimo também o sê-lo por atavismo. Fato é que ser, ou declarar-se inteligente é uma tarefa bastante complexa, principalmente porque existe uma diversidade sem par de indivíduos, e na mesma ordem uma centena de derivações entre oficial e de defensiva própria, como o posto, sobre a questão, afinal somos rápidos em encontrar argumentos, quando as cartilhas não o fazem, que venham ao encontro de qualidades que buscamos vender como nata e individual.
A grosso modo é evidente que não é fácil qualificar o ser inteligente, a menos que apresente uma série de atributos que, somados a um certo vencer cultural regional o classifique junto a media menor da população, porém em um ponto, boa parte daqueles tidos como inteligentes concordam que é condição sine-qua-non que o indivíduo possua um entendimento tácito de aceitação ou seja, que comungue apenas humores com grau de discernimento moderado, equilibrado, não fazendo de seu julgar primeiro uma negativa gratuita, mesmo que (in)pensada; embora deixe claro que a não retalhação não significa uma aceitação incondicional, isto o torna singular, diferenciado e portanto, em primeira instância, inteligente.
Estão eles assim, entre aqueles que ao se deparar pela primeira vez com determinada questão opiniativa crítica contrária ao já posto, seja ela uma contestação a um tabu, a um dogma ou paradigma; não travam. Finalizam a leitura mostrando um semblante sereno, continuado e apreciativo, ponderado, mesmo que analítico; isto dificilmente acontece - comum é um não taxativo.
E mais, diante do novo que contesta ou contextualiza o velho, fazem o que se espera deles, acompanham a provocação contextualizando também, porém num primeiro momento é obvio que contextualizam a contextualização. Contextualizam o olhar, a visão contestadora do autor, sim porque antes de tudo, se o assunto é do seu interesse, claro, é extremamente importante que sejam observadas as novas nuances, as novas notícias; o que há, o que estão falando, que assuntos novos estão sendo levantados sobre o velho assunto, e menos devido a sua escassez no mundo e mais por sua avidez viciosa da pesquisa, o ser inteligente tem a disposição uma gama maior de assuntos, assim vive ele em meio a contextualizações, análises e críticas e isto por si só é condição corroborativa em direção à classe inteligente.
Partindo deste pressuposto a questão do título é direta e pura, “Animal irracional”, onde uma questão que acreditamos ainda deva estar em aberto diz respeito à contestação de alguns pensadores que afirmam não ser correta esta expressão que é obviamente designada ao homem, afinal se ele assim o fosse não existiria esta, no caso aqui, gritante diversidade cultural, ou a atual diferença de comportamento e costumes entre os povos, ou ainda a variedade de religiões que inundam o planeta desde sempre. Portanto, se o homem fosse racional, não deveria ele fazer uma contextualização inicial, mesmo há mil anos ou mais, e aglutinar; arrebanhar para todo o planeta apenas os costumes, ao menos os práticos, que levaria a raça humana a um entendimento uniforme de sobrevivência e harmonia e então, pensando racionalmente, abandonar qualquer outro pensar egoísta e de quase aniquilação e barbarismo que assistimos, até em massa, ainda agora, observado mesmo em povos tidos como de cultura avantajada?
Por que não é racional trabalhar apenas pensamentos e ações que qualifiquem o caminhar comum?
Da série: Nada de novo no front, ou nada que não tenha sido massivamente repetido até então.
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