Ao assistir “Lincoln”, Minha Bem Amada e eu chegamos
à conclusão de que é realmente de difícil compreensão, entender a existência da
possibilidade de que pares, aqui tão distintos, convivam em harmonia. No
entanto a expressão “possibilidade”, não apenas não cabe como também é totalmente
rechaçada, como bem sabemos, se avaliarmos a mecânica do convívio social.
Trazendo assim à luz mais um dos inclassificáveis paradoxos do existir humano.
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Assistir a uma pessoa que, com nada possa
contribuir para a evolução da outra, por mais esclarecida que seja. Conviver
com estes que mantém uma mente totalmente contrária a um pensar denso e amplo; centrada
em ideias de profundidade fora do cotidiano comum e muito além da matemática
dos números que mantém por milênios o sistema humano, muitas vezes se submetendo
a calar-se ao ser observado como estranha ou a julgarem por desconhecimento do útil
e sagrado social ordinário. Temos então que,quando seu mutismo puro, escancarado
e indisfarçável se instala, nada mais é, que este conhecer sendo recolhido a
sua: concha da solidão – muito comum a esta espécie rara de pessoas. Assim, nos
parece tão caro, este desencaixe perdido, digo até, para ambos os lados, quanto
privar a criança do colo da mãe.
Para aqueles que perdem com seu julgar precipitado,
nunca fica claro que o silêncio da outra parte tem razão ao falar, - mesmo que
uma sombra de incompreensão os acompanhe - deixar a mostra que o seu não
entendimento de por que o arcaísmo de regras milenares defendidas pelo grupo ainda estão ditando e comandando
o direcionar de seus defensores e que, se esta vontade fosse expressa, ela
seria expulsa do grupo, mas nem de longe entendem que não o faz por uma lei de
entendimento comum. O que lhe passa; em que acredita, é que algo neles possa estar
sendo tocado. Compreende que a energia gerada do desentendimento, pioraria
ainda mais suas jornadas ainda desconexas.
Existe sempre a observação externa – e única
possível devido a patente falta de compreensão - de que é a soberba daquele que
opta pelo silêncio que os afasta, quando esta, - a sensível - busca a
reclusão para repor as energias doadas - mas não é assim, evidentemente. Estes seres
não conseguem, por si só, obviamente, somatizar o que leva ao desequilíbrio –
físico ou não. Mesmo porque, quando se afastam por algum motivo voltado ao meio
em comum criado, é devido à circunstância grotesca que leva a perda de tempo em
discutir-se o que a eles já é tão sem sentido quanto à própria discussão.
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