domingo, 6 de janeiro de 2013

Como somos



Oxalá este seja o único tempo em que somos apresentados a um igual caro, onde o imperativo são humores mútuos de simpatia, respeito e amor, quando, paradoxalmente, podemos daí, presenciar um estado de sofrimento, justamente a partir deste feliz encontro.

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Logo eu, de escrita farta, de vontade pouca ao impositivo externo, sou mais uma vez convencido a calar-me, e, observando o poeta antigo, me dobro ao pouco que muito diz.

As palavras pensamento continuam, como sempre, tal enxurrada de sopé após a precipitação abundante do elemento até então suspenso ainda intransformado.

Depositadas no papel pouco valem. Perdem todo o significado, todo o sentido, todo o valor, toda a simbologia de quando enclausuradas em sua original caixa criativa.

Uma que outra caixa tão quanto, ainda poderá ressuscitar um que outro sentimento nelas adormecido, porém não mais serão que flores colhidas.

De certo: uma vez mais a certeza de que escrita alguma tem realmente o poder de ser decifrada ao revelar-se. Ela é única. Exclusividade do poeta.

Finalmente um momento que requer reflexão e atitude sãns em meio a uma convulsão de sentimentos; este é o espaço tempo que atende a ânsia de quem o é e de quem os quer; de quem tudo quer.

Um ser arrazoado sendo apresentado a um possível, novo, e encantador estado, e, sem motivos, dele ser privado, é finalmente asseverar-se da desconexão da lógica.

O mais duro teste ao mais radical dos censores. Qual abandonar? O novo estado ou a velha ideia calcinada?

Se há prova de que não há fim, este é o momento. Ao perceber que não podes o que outros podem... que é somente o desajuste do espaço tempo impedindo. 

E o que esperar da espera? Talvez este seja o único espaço em que a razão conforta a alma; é somente ela que encurta a espera.

A não posse ceifa vidas. Dar-se conta da impotência aniquila a vontade de seguir; um ser sem vontade tem vontade de parar.

A estagnação é comum por ser cômoda. Alia-se a não vontade com a vontade de partir. É a falta de coragem que cria mórbidos mortos vivos.

Atinge-se, alcança-se o nirvana na ponta oposta, tudo agora está bem, já sabemos da felicidade e também já sabemos não sê-la ainda possível.

Somos isso: cromossomos de tristezas herdadas. É a hereditariedade do que não se teve e um passe-adiante do que nunca existiu... a forja da falta.

É somente na percepção da espera que se quebrará a cadeia.

É somente na percepção da repetição eterna do espaço tempo que a espera se tornará possibilidade.

E também, é somente na percepção da espera que entenderemos aí a vontade.

 

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