sábado, 6 de dezembro de 2014

Saudades do "Movie"



Como não poderia ser diferente, com o barateamento do sinal deu-se a popularização do audiovisual em rede, acachapando de vez qualquer vontade arraigada – intocada - à sensibilidade ao belo do homem comum já abandonado a própria sorte da desculturalização em massa tão agressora quanto imune quando na proporcionalidade inversa não há interesse em mecanismos que revertam quadros que incentivam a distração.

Ao final, o bordão de que o barato sai caro de longe não se aplicar no caso - nossa condição deteriorou-se. Estamos a analisar um efeito ainda mais nefasto, afinal, o empobrecimento do sentido crítico, ainda mais freqüente nessa salgalhada miscigenada que obtemos ao analisar essa massa “audiovisualetrônica”, vem se temperando no fácil, e é muito pouco o que se adquire nessa condição. O fácil é irmão gêmeo do barato e o barato, quando utilizado com desleixo, ou seja, sempre, é depreciado muito antes de sua pretensa validade (procurada, mas nunca válida).

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Na outra ponta: tortos requerendo direitos.

No mesmo compasso; por que abundam fóruns de reclamações sobre assuntos ligados a toda a rede de eletro eletrônico em países que se querem consumidores, quando, porém, o são apenas porque esses foram convencidos a negociar suas migalhas, suas parcas economias ao comprar produtos que a bem da verdade não passam de entulhos supérfluos em residências que não possuem o básico? Justamente porque estamos consumindo antes de compreender a cultura do consumo, e mais e principalmente, justamente porque ao reclamarmos, não nos damos conta de que a indústria do consumo existe exatamente para isso, para que seus produtos sejam consumidos, o que significa que uma fatia bastante grande de sua produção precisa ser descartada já nos primeiros dias de utilização, e, se não de propósito, o que ela não pode é convencer o cliente disso, embora fosse ótimo se ele adquirisse a cultura de que uma nova compra; ao repor a quinquilharia quebrada: ele estará auxiliando na movimentação do quadro social da economia mundial, e isso não é de “todo mal” hoje, devido à necessidade: tornada obrigação por conta das transformações da política mundial que exigem acertos cada vez mais urgentes.

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Em tempo, desta feita, digo que: falta apenas o marqueteiro convencer o cliente de seu cliente de que, ao comprar ele estará contribuindo socialmente; que seu ato de comprar foi transformado em altruísmo. Então o ciclo da base da sustentação econômica terá atingido a perfeição nefasta da nova economia que despertou um monstro chamado consumo e o soltou em nossos quintais como bicho de estimação. Não acredita? É porque também estás a ver vídeos como todos os demais. 


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