Como
não poderia ser diferente, com o barateamento do sinal deu-se a popularização
do audiovisual em rede, acachapando de vez qualquer vontade arraigada –
intocada - à sensibilidade ao belo do homem comum já abandonado a própria sorte
da desculturalização em massa tão agressora quanto imune quando na proporcionalidade
inversa não há interesse em mecanismos que revertam quadros que incentivam a distração.
Ao
final, o bordão de que o barato sai caro de longe não se aplicar no caso -
nossa condição deteriorou-se. Estamos a analisar um efeito ainda mais nefasto, afinal,
o empobrecimento do sentido crítico, ainda mais freqüente nessa salgalhada
miscigenada que obtemos ao analisar essa massa “audiovisualetrônica”, vem se
temperando no fácil, e é muito pouco o que se adquire nessa condição. O fácil é
irmão gêmeo do barato e o barato, quando utilizado com desleixo, ou seja,
sempre, é depreciado muito antes de sua pretensa validade (procurada, mas nunca
válida).
*
Na
outra ponta: tortos requerendo direitos.
No
mesmo compasso; por que abundam fóruns de reclamações sobre assuntos ligados a
toda a rede de eletro eletrônico em países que se querem consumidores, quando,
porém, o são apenas porque esses foram convencidos a negociar suas migalhas,
suas parcas economias ao comprar produtos que a bem da verdade não passam de
entulhos supérfluos em residências que não possuem o básico? Justamente porque
estamos consumindo antes de compreender a cultura do consumo, e mais e
principalmente, justamente porque ao reclamarmos, não nos damos conta de que a
indústria do consumo existe exatamente para isso, para que seus produtos sejam
consumidos, o que significa que uma fatia bastante grande de sua produção
precisa ser descartada já nos primeiros dias de utilização, e, se não de
propósito, o que ela não pode é convencer o cliente disso, embora fosse ótimo
se ele adquirisse a cultura de que uma nova compra; ao repor a quinquilharia
quebrada: ele estará auxiliando na movimentação do quadro social da economia
mundial, e isso não é de “todo mal” hoje, devido à necessidade: tornada obrigação
por conta das transformações da política mundial que exigem acertos cada vez
mais urgentes.
*
Em
tempo, desta feita, digo que: falta apenas o marqueteiro convencer o cliente de
seu cliente de que, ao comprar ele estará contribuindo socialmente; que seu ato
de comprar foi transformado em altruísmo. Então o ciclo da base da sustentação econômica
terá atingido a perfeição nefasta da nova economia que despertou um monstro
chamado consumo e o soltou em nossos quintais como bicho de estimação. Não
acredita? É porque também estás a ver vídeos como todos os demais.
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