No filme
Kundun, durante a visita de políticos camuflados de negociantes íntegros e
comprometidos, enviados da China para conversar com o Dalai Lama (atual) - com
pouco mais de dez anos – antes da deflagração da série de crimes que até hoje
são praticados por conta da invasão do Tibete, o menino, Verdadeiro Avatar, dono
de pureza impar, tenta alertá-los - talvez sem a dimensão exata da sordidez de
um grupo muito aquém da diplomacia: “não confundam nossa fragilidade com
fraqueza”.
Para
qualquer um que não participe da filosofia da doutrina Zen Budista, devido a
sua sutilidade e uma série de particularidades singularíssimas, é bastante
difícil compreender o significado destas palavras, mesmo familiarizado ao
contexto em que elas foram ditas. Porém, ainda hoje, após as atrocidades da
China naquele minúsculo país, a força do Tibete no que se refere a
espiritualidade, supera enormemente o que todos, a boca cheia, tratam como
“gigante chinês”.
Apenas por
um motivo volto a esse assunto; diante da repulsa do ocorrido, entendo como uma
espécie de correção, a atenção de registrá-lo, devido a minha gana pessoal
contra esse acontecimento político dos mais vergonhosos da nossa era, e, ainda que
sem intenção externa alguma, tenho como prática, firmar meus pensamentos, e então
poder observá-los ainda íntegros. E é difícil explicar porque há um sentimento
bom aqui; ao verificar que continuo firme na opinião contrária em relação aos
assassínios cometidos durante essa invasão,
no que prefiro denominar como: “monstruosidade chinesa”; cujo gigantismo nem
tanto o é quando observado sob o prisma da covardia desse país inescrupuloso.
Voltei a
essa página negra da demonstração de o quanto podemos cometer atrocidades e
continuar figurando como exemplos, para chegar ao humano individual; quando é
nossa fragilidade que está em jogo ao ficar a mercê dos gigantes a que
obrigatoriamente somos expostos quando todos os veem como exemplos, e o quanto
o frágil continua com a pecha de “loser”.
O mundo é
feito de “fortes” e “fracos”, e não quero chamar atenção aqui dos “fortes”, esses
o mundo todo acolhe como “vencedores” e preferidos - estes estão conformados,
ou melhor, quanto a isso todos estão conformados.
Antes, gostaria
de mandar um recado aos “fracos”.
Para que
percebessem a força de suas fragilidades. Que, não fizessem qual velho que se
enche de cremes, tinturas e químicas para ridiculamente camuflar a beleza,
muitas vezes sã, da velhice. Nada. Busco aqui acordá-los para a força de suas
fraquezas, a beleza do gentil, a sutilizada do suave, a – hoje - raridade do verdadeiramente
educado, a sensibilidade do frágil, lembrando que a alma; o espírito, não
carrega diferença de tamanho. Uma ginasta de pouco mais de um metro, possui uma
alma tão igual ao brutamontes que ainda vê vantagem em ser aclamado por
levantar quatrocentos quilos – não desmerecendo o esporte ou aqueles que
escolheram o levantamento de peso como meta de superação; me refiro aqui ao
indivíduo que não aprendeu a filosofia do esporte e o pratica apenas por
exibicionismo.
Por quanto
tempo ainda os verei fragilizados e acuados na vergonha de não serem
reconhecidos por pessoas que não os enxergam, por apenas o fazer a si próprios
ou ao que aprenderam com um sistema que premia apenas o “são”, quando são eles
que continuam praticando insanidades ao relegar quem não pensa igual, não digno
de créditos?
Portanto, senhores,
homens de sentimento, não cometam os mesmos erros dos conformados. Muito menos
aceitem ou acolham participar de seus joguinhos (dis)simulados. Não se apoiem
no orgulho projetado por mentes perturbadas que se mimetizaram com o mecanismo acomodado
do processo e então, de posse da pretensão voraz e destruidora, abandonam o
entendimento da superlatividade da diferença sempre algo propício/positiva,
trocando-a por uma segurança que mente a si próprio ao invés de manter-se em
equilíbrio com a nata pureza, símbolo maior dos verdadeiros exemplos que o
tempo tanto insiste em provas de que a natureza continuará durante bom tempo superando o homem em sabedoria.
Frágil
A
fragilidade intocada
Supera a
força bruta
A matéria
sufoca sentimentos
O invisível
os exalta
Sutil
A
fragilidade é invisível
A
brutalidade é palpável
A
sensibilidade rompe barreiras
A força nem
as enxerga
Pureza
Enquanto a
força é mero instrumento de matéria combinada
Manuseada
por mentes que ignoram o que não veem
A nata
pureza é sã
Filha da
natureza mãe
Eterno
A mãe
protetora
Apenas se utiliza
da força
Mas
apoiar-se-á sempre
No Eterno
Sensível
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