A filosofia
é o destroçar de nós. Enleamo-nos em nós, e ela, como uma máquina pavimentadora
que recicla o velho ao mesmo tempo em que remodela o caminho, utiliza-se do que
não foi usado, ou mal utilizado. Do que não foi dada a atenção merecida;
necessária. Do que foi negligenciado ou ineficazmente gerenciado, e reconstrói
daí um caminho possível ainda que de impossível aplicação aos homens: os
verdadeiros gestores de todo o universo que conhecemos como tecido social. Portanto
ela é inútil ao seu tempo. Somente após décadas ou séculos de andanças
arrastadas, alguns homens irão se render ao caminho anunciado; então, apenas
estes, tornados Filhos da Filosofia: voltarão a movimentar as boas energias
estagnadas e desatar nós antigos, traçados por todos os outros que foram dissuadidos
de ouvir o aconselhamento lúcido de seus pares mais ilustres no tempo devido.
Ao que
parece, nada desse pensar passará de uma espécie de arte ou exercícios
dispensáveis que jamais servirão para algum exame útil culminando em pomposas
honrarias de colação de grau. Aqui não há premiação em vida, apenas, em alguns
casos, bustos erigidos post mortem. Não seria surpresa escutar que a verdadeira
filosofia é o néctar das sociedades implantadas; o único amálgama positivo decorrente do frio movimento das massas sociais disformes e suas abjeções
sempre infundadas valorizadas nos mais diversos agrupamentos comuns; a
resultante positiva e comprovadamente frutífera a ultrapassar outros planos
fora do que entendemos como estado finito.
*
Não adianta
insistir em ensinar a filosofia, a Verdadeira Filosofia nunca será aplicada – ainda
que ela possa sim, ser despertada. Na escola se aprende sobre o passado
estanque sem a contextualização atualizada por conta da formação viciada de
professor-aluno-professor – ambos indefinidamente alunos; quando a filosofia é
um organismo vivo e se renova a todo instante em seu vicejar exponencial. Não
existe aplicação da filosofia; nos colégios são ministrados determinados fatos;
ruminados velhos assuntos. Pode que o método desperte no aluno alguma veia dormente
de um possível futuro pensador que em raríssimas ocasiões ocorre em algum momento
do processo no agora de cada um, mas o habitual sempre será apostar nesta
impossibilidade – não é algo que se automatiza na diplomacia -; então estes se
tornam professores, ou escritores, relatando o que realmente já fora pensado;
não pode ser diferente.
Não há
método possível a algo que se renova a todo instante. E a vontade que poderia
ser louvável, invariavelmente volita dissimulada sob o véu da vaidade muito bem
remunerada.
As escolas insistem
– com índices inacreditáveis de participações - porque é sinônimo de
inteligência se dizer filósofo e confere status a qualquer um desocupado que
tenha aprendido filosofia cursando boas escolas de pensadores antigos. Mas é
somente isso; só o status. Não que um que outro aplicado neófito daí não possa
ser despertado, mas o filósofo não precisa disto. O filósofo é como qualquer
outro artista; ele nasce pronto. Geralmente o que as escolas fazem é estraga-lo
– destruindo suas inspirações através do método. Devemos acreditar que as
escolas filosóficas são mais engodos; voltadas a produção de não filósofos. Redutos
de negociantes vorazes, que pretendem tornar os togados – produto – membros de
suas sociedades; para que assim não atrapalhem seus negócios de ocasião.
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Sobre nosso
(des)envolvimento - Como a escola quer ensinar filosofia se ela é preguiçosa;
se somos preguiçosos? É por conta deste particular que as cátedras de filosofia
insistem no Mito da Caverna. Se uma nova hecatombe; outra era glacial dizimar o
humano que conhecemos hoje e então, com a Terra regenerada, passado dez milhões
de anos, outros humanoides (nascidos das amebas?) ao iniciar a nova velha
história tudo de novo, com suas escavações e destruições. Em determinada
situação encontrarem fragmentos que aludem, exuberantemente, todo o Mito da
Caverna; por similaridade, os novos terráqueos se agarrarão a ele - naquele
agora - como a existência de uma espécie muitíssimo superior a habitar o
planeta já há milhares de anos quando a Terra era habitada por deuses
pensadores; quando nossa inteligência atual não consegue assimilar que as
palavras de Platão foi tão somente um despertar que pode ser aplicado em todo o
gerenciamento pessoal malogrado, resultante da ineficiência nascida no acômodo
comum a que nos entregamos sempre que encontramos uma forma sofrível de
conviver suportável... blá, blá, blá.
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