Heidegger
falando sobre verdade aponta uma das observações de Aristóteles sobre o assunto
onde o velho erudito assevera que no princípio os filósofos que o antecederam, em
suas representações: foram conduzidos pelas “coisas
elas mesmas”. Particularmente não me sinto confortável, não sou um
aficionado por textos sobre a verdade em si, mas, a partir daí, me senti
balançado nesse sentido a escrever alguma coisa sobre o tema. Principalmente
pelo fato de que, particularmente, devidamente analisado, parece que assim
continuam.
A
verdade segue sendo representada pelas “coisas
elas mesmas”; o homem não conseguiu mudar isso. Ele apenas tentou. Alguns
poucos filósofos conseguiram, mas na bifurcação natural entre trabalhos e a
socialização: na busca; no continuar perseguindo essa verdade ele se perdeu na
vontade baixa, na vontade promíscua do homem pelo homem e o que temos — em
essência — são as coisas se representando por elas mesmas sob aspectos dos mais
variados. Ela continua incólume, intocada, virgem, e isso por si corrobora
nossa pequenez; pois é correto afirmar que o homem distanciou-se de sua veia
ousada em detrimento ao orgulho que o apequenou e daí coleciona uma cascata de
resultados desastrosos dos quais podemos enumerar o abandono da persistência em
manter-se atento as vontades e necessidades essenciais mais sagradas, a retidão
em defesa de valores inegociáveis: por ter se limitado em si e não investigar
com a devida disciplina o que há de verdade sobre a verdade. Nessa linha de
raciocínio o que nós podemos falar sobre a verdade!?!
Tomemos
como exemplo o ramo das leis, o advogar. Lados oposto argumentam em arenas
tidas como imparciais conceitos diversos e negociáveis de verdade; o que não
cabe aqui na argumentação maior. Insisto; apenas como exemplo.
Leis
próprias deste estado de coisas onde a verdade de cada um é bastante bem
representada. E a melhor argumentação possivelmente será confirmada vencedora,
e onde sabemos, nem sempre o é. Mas em resumo, advogar conflitos ou a
sobrevivência ordinária se resume em parcas negociatas nos infindáveis
tribunais do cotidiano de cada um quando a questão, em essência é: esta é a
única forma? Um recorrente arrastar-se entre perdas e ganhos diários? Onde seus
finais se resumem em profissionalismos argumentativos, espertezas, jogos,
necessidades, desconhecimento? Onde interesses de toda ordem se sobrepõem a
verdade propriamente dita!
Somos
partidários à defesa de uma verdade que vai além do interesse comum, isto é, de
todas as verdades regradas conhecidas, indevidamente escrutinizadas — estas
deveriam tão somente existir dentro da razoabilidade para o azeitamento das
convivências e evoluções sociais. Não seria nova, mas, inusual. Não muito
diferente, mais; esquecida. Infelizmente ainda peculiar. Essencial ao ponto de
exigir nossa mais cara atenção, uma vez que deveríamos nos debruçar com ênfase
arraigada por conta de sua força e valor, que é a desconhecida e ultrajada Verdade
dos Sentidos. Era preciso que definitivamente entendêssemos que esta certeza
existe e é pulsante em cada indivíduo, porém, até aqui, negligenciada.
Precisamos
considerar a existência da verdade em dois aspectos, voltando à ideia do
advogar. Existe a nossa verdade, a construída, social epistemológica, empírica,
ampla, porém em situações diversas: arranjada e outorgada; validada tão somente
nos parâmetros hermeticamente humanos. Baseada nas necessidades, tendências e
oportunidades. Contanto existe também a verdade que insistimos em não assumir.
Desacreditada por conta da insânia, da fraqueza social, e justamente ou em
virtude das certezas implantadas, não queremos acreditar ou creditá-la: que é a
verdade do sentido, do sentimento. Verdade daquele que busca e acaba sendo
inspirado por uma Verdade Univérsica — uma verdade comum ao universo ainda
intocada; e também fácil – e o mais importante; pessoal. Isto é, nada precisa
ser buscado ou afirmado fora de si mesmo. Basta exercitar a crença em nossos
sentidos; porém que, por pura fraqueza individual, ou pela luta vexatória de
cada um ao deparar-se ao muro que encontra na sociedade ele - esse homem de
sentidos — acaba sendo derrotado ou abandona essa força de verdade,
desacreditada e aparentemente atrofiada, que cada um possui e que, uma vez
trabalhada desde o que consideramos, do tempo de Aristóteles, com certeza não
estaria sendo conduzido indiscriminadamente por verdades dispersas,
antagônicas, viciadas, pioradas, fraudulentas; muito ainda influenciado e pouco
além das “coisas elas mesmas”. Daí,
suplantando-as e rechaçando os caminhos de inventar verdades convenientes às
gerações que justamente o extraviou da vontade em si em detrimento à particular
vaidosamente adulterada.
002.q cqe