sábado, 12 de novembro de 2022

Como se não houvesse amanhã

 






Arremedos de patriotas no país somados a ignomínia das chamadas correntes religiosas e oportunistas de toda ordem, elevaram a disparatada máxima “por agora é isso, a consequência a gente vê depois” para outro nível.





Quantas vezes nós, que pensamos, poderemos imaginar revisitar uma última vez o puído “entendo que chegamos ao fundo do poço no que se refere a nossa derrocada social e política”?

Podemos dizer que estamos saindo de um processo político asqueroso, o pior após o domínio militar do século passado, o que não podemos afirmar é a dimensão das sequelas e legados ignóbeis e estarrecedores a sondar ideias fixas de viventes sem um mínimo de consciência civil... crítica... familiar...





Sempre entendi a política do nosso país como uma piada, aliás, mais um engodo. Porém jamais encontrei eco a esta analogia. Lendo o que Castro Rocha claramente aponta em seu texto, não apenas encontro ressonância suficiente a avalizar minhas certezas como entendo que o processo político como um todo finalmente dará lugar àqueles realmente interessados em manter o país como um celeiro particular, uma espécie de Tratado de Tordesilhas cuja divisão subjetiva ao ordinário funciona a pleno vapor entre as castas que orbitam muito acima do mundo político.

 

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https://www.em.com.br/app/noticia/pensar/2022/10/21/interna_pensar,1409943/castro-rocha-brasil-e-laboratorio-de-criacao-de-realidade-paralela.shtml


Qual é o projeto político da extrema-direita no Brasil?

 

“Criar as condições para instaurar um Estado totalitário e fundamentalista, do ponto de vista religioso. E a estratégia para alcançar esse propósito passa pela midiosfera digital e a produção de dissonância cognitiva coletiva. No Brasil, a dissonância cognitiva coletiva tornou-se esteio de um projeto político totalitário, o bolsolarismo, que mira a despolitização da pólis, desviando com falsas e abjetas notícias o debate dos temas que realmente importam. O Brasil é um laboratório mundial de criação metódica de realidade paralela. O que a extrema-direita tem feito no plano da política é a despolitização do debate público para avançar o projeto político totalitário – de eliminação completa do adversário ou do outro que resiste – em algumas circunstâncias, mesmo teocrático. E como isso se realiza? Produzindo a dissonância cognitiva coletiva pela instrumentalização da midiosfera extremista. Por que as redes sociais são o sal da terra para a extrema-direita? O que se trata é trazer para o campo da política o alto nível de engajamento das redes sociais. Ora, qual é a finalidade da eterna guerra cultural da extrema-direita? Não é mudar o voto do campo adversário! Estão preocupados unicamente em aumentar a presença nas redes sociais, com conteúdo abjeto, absurdo, pois essa presença pode se materializar em votos, capturando o campo dos indecisos. Quando isso acontece de forma vertiginosa? Na véspera das eleições, faltando poucos dias. A dissonância cognitiva coletiva é uma temível máquina eleitoral pela transferência para a política da alta intensidade de engajamento das redes sociais. É um engajamento em torno da desinformação e de teorias conspiratórias. Na iminência do segundo turno das eleições, a midiosfera extremista transformou-se em uma usina sórdida de desinformação e seus artífices incorrem nos mais variados tipos criminais como se não houvesse amanhã.”





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