Arremedos de
patriotas no país somados a ignomínia das chamadas correntes religiosas e
oportunistas de toda ordem, elevaram a disparatada máxima “por agora é isso, a
consequência a gente vê depois” para outro nível.
Podemos dizer
que estamos saindo de um processo político asqueroso, o pior após o domínio
militar do século passado, o que não podemos afirmar é a dimensão das sequelas
e legados ignóbeis e estarrecedores a sondar ideias fixas de viventes sem um
mínimo de consciência civil... crítica... familiar...
Sempre entendi a política do nosso país como uma piada, aliás, mais um engodo. Porém jamais encontrei eco a esta analogia. Lendo o que Castro Rocha claramente aponta em seu texto, não apenas encontro ressonância suficiente a avalizar minhas certezas como entendo que o processo político como um todo finalmente dará lugar àqueles realmente interessados em manter o país como um celeiro particular, uma espécie de Tratado de Tordesilhas cuja divisão subjetiva ao ordinário funciona a pleno vapor entre as castas que orbitam muito acima do mundo político.
*
Qual é o projeto
político da extrema-direita no Brasil?
“Criar as
condições para instaurar um Estado totalitário e fundamentalista, do ponto de
vista religioso. E a estratégia para alcançar esse propósito passa pela
midiosfera digital e a produção de dissonância cognitiva coletiva. No Brasil, a
dissonância cognitiva coletiva tornou-se esteio de um projeto político
totalitário, o bolsolarismo, que mira a despolitização da pólis, desviando com
falsas e abjetas notícias o debate dos temas que realmente importam. O Brasil é
um laboratório mundial de criação metódica de realidade paralela. O que a
extrema-direita tem feito no plano da política é a despolitização do debate
público para avançar o projeto político totalitário – de eliminação completa do
adversário ou do outro que resiste – em algumas circunstâncias, mesmo
teocrático. E como isso se realiza? Produzindo a dissonância cognitiva coletiva
pela instrumentalização da midiosfera extremista. Por que as redes sociais são
o sal da terra para a extrema-direita? O que se trata é trazer para o campo da
política o alto nível de engajamento das redes sociais. Ora, qual é a
finalidade da eterna guerra cultural da extrema-direita? Não é mudar o voto do
campo adversário! Estão preocupados unicamente em aumentar a presença nas redes
sociais, com conteúdo abjeto, absurdo, pois essa presença pode se materializar
em votos, capturando o campo dos indecisos. Quando isso acontece de forma
vertiginosa? Na véspera das eleições, faltando poucos dias. A dissonância
cognitiva coletiva é uma temível máquina eleitoral pela transferência para a
política da alta intensidade de engajamento das redes sociais. É um engajamento
em torno da desinformação e de teorias conspiratórias. Na iminência do segundo
turno das eleições, a midiosfera extremista transformou-se em uma usina sórdida
de desinformação e seus artífices incorrem nos mais variados tipos criminais
como se não houvesse amanhã.”
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