domingo, 8 de novembro de 2009

Há algo ainda em jogo?


Quando criança;
leva-se uma vantagem sobre a velhice
Ainda que o pequeno
viva uma pureza depauperada
O velho
por mais que posses possua;
é ignorado
Com o pirralho ao contrário,
alguns ainda serão acautelados
No trato diário
entende-se
que, inversamente ao primeiro
este ainda vive
E todo aquele que vive
tem algo para apostar.

O moribundo agastado
- um estorvo -
já não mais vive,
arrasta-se
Depende quase que totalmente
da compaixão alheia
Criar dependência então
é sair do jogo,
é assistir a partida
E só se interessam por você
como torcedor
se pagar ingressos
Galanteios fúteis e
comportamento submisso ajudam,
mas não bastam
E escasseiam-se a olhos vistos
aqueles simpáticos
a esta aposta

O tempo
criação humana
com a falta de compaixão deste
vence
Porém
é cômodo não tocarmos neste assunto
O novo dirá:
não pretendendo tirar algum do velho
O velho diz: não;
é conveniente massagear o sentimento pago
Sabe ele que não basta pagar, mas
a hipocrisia tornou-se o amalgama da relação
E é o medo de sentir-se alheio
que mantém a ilusão do apostador

Insistem alguns poucos
que tem a coragem de se chegar
Sabedores que são da postura
firme e decidida que possuo
Fingindo-se de desentendidos
antes de discordar
indagam
E, iludidos
que a guarda esteja baixada
me tomam por um dos seus
E inquirem atacando
buscando confundir nossas personalidades
Pouco me movo
e antes do silêncio total peço:
“O que tens para apostar?”

Somente na verdadeira metafísica
encontraremos uma resposta
Pensar com clareza
assusta num primeiro momento
Se tiveres coragem
nos momentos restantes
terá apenas o ocaso
Assusta sim;
os fracos
que imaginam existir um fim
Àqueles possuidores de força
romperão a barreira da solidão
Então o jogo vira
porque será você
a não ter em quem mais apostar

Como um poeta
misturo o existir
Julgo mortos então
aqueles que me julgam assim também
Sem saber
e por convenção
faço de conta que os considero
Sei que sem saber
é assim que agem também para comigo
Porém ao contrário
estes sofrem em duplicidade
Com meu silêncio
não mudarão a forma burra de apostar

Considero-os então
como mortos vivos
Vivos,
porém em outra dimensão
Ao partirmos poderemos
visitar ou não quem quiser
Não vou a ninguém
Quem não considera
não merece consideração
Há muito descobri
que não há apenas uma forma
de aposta


007.b cqe