quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O Advento dos Alheios



Ao ler na última “Superinteressante” (271.NOV/2009), o artigo; Os Novos Pensadores; termino por entender que os pensamentos atuais precisam ser seccionados, não podemos mais pensar o todo, tudo se transformou em “mega”, e então cada qual dá uma idéia sobre o que sabe e todos formam, individualmente, a sua colcha de retalhos, uma colagem onde no salve-se-quem-puder, cabe – resta - exclusivamente a nós, chegarmos ao final desta vida tendo passado por este plano – placenta – melhores ou ainda piores do que chegamos.

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Tenho observado a alienação de uma porção de indivíduos que, ao mesmo tempo em que são anunciados como inteligentes e vencedores, é fácil, ao permanecer com eles por alguns momentos, que passar vendido por assuntos diversos, importantes, porém que num primeiro momento parecem nada lhes dizer respeito, onde não raro são totalmente negligenciados, ou colocados ao largo como sem importância, ou ainda por desconhecimento, entende que nada lhes acrescerá saber mais sobre o princípio delas; este comportamento omisso acaba por torná-los reféns em potencial, - de um processo que por si só é extremamente antropofágico, ou seja, não precisa, em hipótese alguma, da cooperação da vítima para ser conduzida ao cadafalso - amarrados a situações sem sentido que, se tratassem eles de indivíduos mais práticos, situações absurdamente insignificantes jamais os poriam abaixo.

Até agora estava com uma briga ferrenha comigo mesmo, injuriado até, em como podem ser inteligentes, ou “vencedores”; quando pouco fazem, ou nada fazem, para se interessar por assuntos que intrinsecamente estão relacionado com o seu futuro, e não digo só o futuro palpável, embora pareçam nunca irão cruzar seus caminhos.

Não digo que cheguei a uma conclusão final, porém é bem provável que uma porcentagem muito grande de acerto na minha análise será atingida, e como sempre, isso de muito pouco tem serventia, não apenas pelo fato de estar eu isolado do mundo em análise, também porque, como será demonstrado, – novamente – pouquíssimos, - principalmente destes - admitirão minha certeza.

Minha conclusão é fundamentada na tão propalada velocidade de acontecimentos – descobertas – que não apenas vem dando-se no mundo conhecido e extremamente pesquisador, - “Planeta Laboratório”, embora estejamos tremendamente atrasados com relação ao que realmente deva ser encontrado – somado a impossibilidade de simples mortais desacordados dos sentidos perceberem; assimilarem, o que deve ou não ser importante para eles.

Ou seja, estes, devido à no mínimo sua entrega cômoda ao estritamente essencial a sua acanhada sobrevivência que inclui um tipo limitado, porém suficiente de desejos realizados, enfronham-se apenas no que lhe diz respeito, embora com isso, não percebam que a coisa toda está se agigantando de tal maneira, não percebendo, que ficar apenas no seu mundo, não somente os torna alienados - exilados - para a sua sobrevivência no grupo exterior, como, possivelmente, aranhará a sua no grupo maior posteriormente – estou sendo ameno ao usar “possivelmente”.

É claro que minha pretensão seria satisfeita se conseguisse aqui, atingir um nicho de pessoas que busca vencer neste e no plano superior, pois mesmo estes, que orbitam onde tenho buscado referências, também estão encontrando dificuldades de adaptação para sobreviver, para se manterem acordadas, defendendo seus espíritos, suas almas de serem atingidas pelo fascinante ranço viscoso da matéria.

O fato é que se trata apenas de uma análise particular, despretensiosa, mais um exercício de escrita; não me é possível então atingir estes, - que poderiam entender um pouco mais meus sinais - porém minha intenção é ainda mais abafada quando penso no grupo maior que me inspirou a esta, e, se subtrair os primeiros; aqueles que acreditam num depois, e ficar apenas com o grupo que busca vencer aqui; apartando todos os outros no escaninho com a inscrição: “loser”; estarei definitivamente só.

E como se faz isto hoje? É preciso viver como aquela pequena aranha que anda sobre a água, sobre a correnteza; é preciso sobreviver na superfície, não é mais possível aprofundar-se muito em algo e esquecer todo o resto se quiser passar protegido, confortável, em segurança. É necessário que façamos um governo próprio, único, nosso, pessoal e que saibamos administrar isso como indivíduo inteligente e também único, não é possível viver como um nerd bitolado; até é possível, mas este aproveitará muito pouco de tudo o que aqui está disposto para ser desfrutado.

Sobreviverão eles? Sim, claro, e bem, muito bem por sinal. Porém a cada dia que passa se distanciam ainda mais, não só da essência do existir, como não lhes será possível entender alguns padrões que estão se formando, primordiais para tornar a estada aqui mais amena, prazerosa, confortável, e o mais importante: mais simples.

Simplicidade; praticidade é o ponto. Alguém já disse que é preciso técnica para se chegar à prática, porém estes dois não se entendem quando cada qual defende o seu lado, e é disso que estou falando, é preciso que isto seja entendido para então a comunhão dos padrões acontecer.

Diz o Mestre: “Você não faz nada e tudo acontece; você não para e tudo fica como está”. Como entender então o acima posto. Não entender também é um caminho. É, mas também é preciso entender isto.


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