sábado, 12 de dezembro de 2009

Alegria não é sinônimo de felicidade



Certa vez um sábio contou-me que de vez em quando uma melancolia lhe tomava conta ao ver alguém do povoado que lhe visitava, em estado de graça. Sentia-se mal com isso, pois como poderia seu coração traí-lo? Logo ele um ser honrado e invejado por todos.

Isto o incomodou por anos, - sábios não se incomodam para sempre - a despeito de seus esforços e conhecimento para eliminar ou compreender tal estado de espírito, mesmo porque, esta sensação alheia lhe despertava a veia sarcástica do juízo crítico, e então acabava se satisfazendo ao atazanar aqueles em estado de alegria aparente; situações estas que muitas vezes, levaram a extremos, por passar dos limites, ao provocar muita animosidade até, chateando realmente, um ou outro, devido sua má educação.

Não conformado de certa forma, sempre procurou em vão, pois morreu sem decifrar o enigma.

Contentou-se, já muito velho, talvez mais como um desistir, não como um aceitar, ao abraçar a idéia de que, ser feliz com a felicidade do outro não é uma coisa possível para qualquer sábio; - para um não sábio então, esqueça - de alguma maneira entendeu, que o motivo de sua irritação era com a alegria por motivos torpes, sem sentido, sem significado dos seus conterrâneos, porque sabia ele que os verdadeiros motivos que alegram a alma nunca eram acessados, ou mesmo quando estes o faziam, desdenhavam, por ignorar completamente que o verdadeiro motivo que os deveria fazer bem, não condiz em nada com aqueles que geralmente lhes é dado a entender como tal.


020.b cqe