Este poema é creditado ao grande Milarepa, um Lama, um Iogue, um Poeta nascido próximo do ano mil da nossa era.
Embora suas palavras estejam carregadas de simbologia, mesmo na língua portuguesa, o que se conta é que em sua linguagem original, quando de sua construção, ao que menos se fazia alusão era a forma escrita e sim ao poder oculto em sua mensagem. A energia que a harmonia da métrica, da rima de sua construção, provocava ao ser invocado.
"Não Temo"
No temor da morte construí uma casa
E minha casa é casa do vazio da verdade
Agora, já não temo a morte
No temor do frio comprei um abrigo
E meu abrigo é o abrigo do fogo interior
E agora já não temo o frio
No temor da escassez, procurei riqueza
E minha riqueza é gloriosa, interminável, sete vezes maior
Agora já não temo a escassez
No temor da forme procurei alimento.
E o meu alimento é o alimento da meditação da verdade
Agora já não temo a fome
No temor da sede procurei o que beber
E a minha bebida é o néctar do conhecimento verdadeiro
Agora já não temo a sede
No temor do tédio, procurei um companheiro
E o meu companheiro é o perene vazio da felicidade
Agora já não temo o tédio
No temor do erro, procurei o Caminho
E o meu caminho é o Caminho da união transcendental
Agora já não temo o erro
Sou o sábio que possui em plenitude
Os múltiplos tesouros do desejo
E onde quer que habite, sou feliz
Milarepa
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