Conforme se dá nossa caminhada de ajustes
(ao terceiro) em busca da parceira perfeita – como se o fossemos -, aquela que
se adéqüe às nossas preferências; aos nossos quereres esdrúxulos. Continuamos
apontando, exigindo, retorquindo, podando, tolhendo os modos da escolhida, até
que, dependendo do grau de submissão ou de amor que ela nos guarda, tenhamos moldado,
ou tenhamos adestrado nossa companheira de estimação, sim, é nisso que,
inadvertidamente, a transformaremos.
A pessoa, quando ama de verdade, -
porque apenas quem ama de verdade se submete aos mais duvidosos caprichos para
agradar o parceiro; e já por isso não deveria ser perturbada – e com maturidade,
busca equilibrar a relação; necessariamente precisa se anular, é somente assim,
então, que finalmente teremos alguém ao nosso gosto, sem prestar atenção que
castramos o mais divino que ali existia: sua Alma, sua Essência.
Fato é que a inspiração não vale
como desculpa; usemo-la, então, como uma forma de autopunição e também um
mínimo de reconhecimento de nossa destemperança criadeira, prenhe, imaginando
quão simples seria se o perdão ou o arrependimento encerrasse finalmente todo o
malfeito.
Da Série; vamos prorrogar a existência dos sentimentos
089.g
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