Às vezes não fazemos as
perguntas para não parecermos idiotas quando o somos justamente por isso.
Sabemos muito do que pouco
conta e muito pouco do essencial, por nos pretendermos espertos no que nada soma
ao nosso existir quando nada sabemos sobre aquilo que deveria ser indispensável.
Talvez
venha daí nossa insegurança em parecermos idiotas sobre nossos questionamentos
mais íntimos – inquestionavelmente reais e propositados; quando é somente nos
assumindo como tal que poderemos entender que tudo o que nos imprimiram até
então como verdade é deveras transitório, e excepcionalmente superficial.
Toda verdade humana é
volátil, porém sua ignorância como um todo insiste em conservá-las. A falta de
prática, isso é fato, mantém-nos em um processo minimamente ajustável, já o
questionar e a inovação, a ânsia ao novo; a procura: gera desconforto
obviamente, porque todo aquele que se sobrepõe ao desconhecimento, ou seja, em
seu aviltamento supera em grau o desconhecer comum, - preferindo habitar o breu
da alma, pendendo à perversidade - na sua ignomínia, busca transportar a
sociedade para uma espécie de zona de conforto social. Astuto, em meio aos seus
ardis, sabe que os caminhos do questionamento contribuirão ainda mais para o
arrastamento, para a não concretização do aceitar calado; para que este estado
sórdido de letargia geral não se solidifique, pois é certo que, devido,
principalmente, a sua capacidade reduzida, ignora também que isso seja
impossível, ou ao menos, jamais se complete na sua totalidade, pois, ainda que
seja acertado afirmar que o ser humano se mantém inerte; anelado à sua
consciência presa, em seu imo, ele tende a ser um perscrutador, e se este estado
não é manifesto, isso se deve somente por desconhecer o gênero humano que entre
tudo o que lhe é mostrado: o essencial ainda não encontra asilo; o indispensável
lhe é apresentado como espetacular - e o espetacular para nós é tido como não tangível;
como não digno de crédito.
E o que nos falta?
Precisamos apenas
despertar, primeiramente, para o fato de que somos questionadores; e que:
idiota, não é aquele que não pergunta, e sim, aquele que entende-se idiota ao
fazê-lo, e então... continua não fazendo.
Da série:
Decifro-te,
através das perguntas que fazes.
através das perguntas que fazes.
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