sábado, 27 de junho de 2015

O doutrinamento é intrínseco ao ser



Ao observar os exaustivos exercícios de um mestre samurai, penso, dentro da minha cultura ocidental, ser um absurdo tal dedicação.

Ao observar um pescador que, por prazer, acorda durante quatro decas nos domingos, feriados para praticar seu hobby, enfrentando riscos e as intempéries ou mudanças repentinas do tempo ou da maré, penso que isso jamais serviria para mim.

Ao observar um esportista em busca da perfeição corporal, de vencer os limites do corpo, ou mesmo com intuito de chegar ao pódio ou ganhar medalhas, ou a atenção das pessoas, desisto na primeira esquina.

Poderia ficar aqui por horas lembrando estes incansáveis indivíduos em suas escolhas e motivos, e, estamos aqui, apenas, relatando situações que não envolvem o trabalho, a busca tão necessária do sustento, lembrando que existem aqueles que acertaram nas suas escolhas e trabalham em postos queridos, ou meticulosamente escolhidos, onde, unem o prazer de fazer e por isso receber.

  E, ao observarem meu corpo arquejado sobre uma mesa e que assim esteve durante dezenas de anos em quartos minúsculos e de pouca luz, solitário, escrevendo e relatando ocorridos e observações que, da ação a atenção valesse uma análise escrita; qualquer um dos milhares que promovem os acontecimentos, as ações acima citadas e ainda outros que podem ser inseridos no mesmo contexto, não diriam que não trocariam ou jamais fariam o que faço ou então ficariam como eu fico ao assisti-los; boquiaberto?

A doutrina é assim, e é justamente por isso que precisamos viver milhares de vidas.


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Energia confinada






O reconhecimento somente deve ser pleiteado em caso de garantir o auto sustento, ou, se muito, que tal exposição o leve a completar a realização de algum desejo material, planejado até sua maturação. Afora isso, a luta por reconhecimento é desperdício de energia.








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Ponderando

Procuro não afirmar; parece-me mais propenso à taxação de “louco” - bem como mais aplicável – todo aquele que age convicto da diferença que causa o estranhamento.

Ainda que jamais esqueça a liberdade que usufrui um, e da prisão que sufoca o outro – quem é você aqui?



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Oh! Prisão que me faz livre





Era livre, um monstro indômito em meio a uma loja imensa e abarrotada de prateleiras... impossível de ser dissuadido a deixar a carcaça e alma da besta, me enjaularam; o universo tratou de parar-me, acabrestou-me. Pôs-me um buçal e me atou arreios, e aos poucos vem tentando me calar. E, ao mesmo tempo que me acalmo na mansidão da sabedoria que busco, sou grato a jaula, desvesti-me da liberdade ilusória e calcei a indumentária da procura, e sou grato a todos aqueles que, ao meu lado seguem livres a cutucarem minha inação, e nalgum tempo, também estenderão honras, ao cárcere do desapego.


 


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O agora para depois


"Chegará um tempo em que nos convenceremos que tudo o que fazemos não o fazemos para o já, mas para o Agora/Sempre!?!" - AS


Nietzsche; Sempre


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sábado, 20 de junho de 2015

O orgulho e seus paradoxos



Uma vez decidido arredondar o que resta da caminhada, parece ser natural, de pronto, não assumirmos o erro quando chamados à atenção, porém, uma vez de posse da postura de acerto, de forma velada, buscamos nos adequar tentando errar o campo de visão de quem nos alertou sobre o desacerto, agora, em vias de extinção.


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Um tempo onde teremos tempo



Todo o velho aos poucos e naturalmente seguirá extinguindo-se pelo caminho...

...palavras, ensinamentos, educação, comportamento, hábitos...

...nossa agilidade... a busca ao rápido excelente, ao ganho de tempo.

Nossa pressa vem de uma falta de tempo inicial que irá, fatalmente, transformar-se em mania, ou seja, chegará um tempo em que já teremos tempo, porém, a inquietude nos costumes; a entrega desavisada à pressão de anos e à ansiedade; forjará pessoas rápidas e excelentes e naturalmente estressadas que se esquecerão de como chegamos a isso...

...que o comedimento um dia existiu.


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Calibragem




Não há a mínima possibilidade de cessar com a ferramenta do; prestar atenção. Por entender que nosso comportamento maduro estende-se para além de atitudes forjadas de socialização. Essa certeza se torna um perigo tão maior quanto mais inconscientes dessa afirmação. Porque nossas convicções mudam, naturalmente, com a perspectiva, com o evoluir da vida. E pode que, onde acreditamos estar prontos, assim não é. Porém, invariavelmente, nossa mente bloqueia nossa atenção para desafios que surgem também no nível maior de entendimento. Por conta disso, a maturidade exige um calibrar mais fino, condizente com o modelo de distinção aplicável à idade.


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sábado, 13 de junho de 2015

Underground? Até quando?



Perguntou então; por que não mostrar isso!

“Nada disso realmente é para ser entendido, aqui. Quem o faz; reflete. Quem pensa fazer; elogia e premia... deturpando a ideia. E o resto nada vê, e procura, na falha dos segundos, apoiarem-se para atacar um trabalho que, repito, não é mesmo a finalidade vir à luz para o entendimento – que, a despeito ainda, da vaidade extinguível, porém que persiste e se retroalimenta com os registros; é meu exercício; o exercício mais sério que possa existir, mas ainda assim é somente um exercício”.


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Precipitando-se no entendimento



Ao todo humano basta saber que é – o é comum; deglutível a sobrevivência - sem identificar como é, ou seja, como aquilo se dá; como toda a ação ocorre. Mas é somente quando a isso recorrermos; o é da coisa - o porquê intrínseco da ocorrência -, que lembraremos, levemente, de como somos.


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Área de concepção



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sexta-feira, 12 de junho de 2015

Os abismos florescem




Se eu disser que pulo...
ganho mais uma torta de maça???
Mereço um castigo? 
Um tropeço... 
talvez até um tombo?
Não, disse o Lucindo 
Ela merece atenção e um beijo!!! 
E eu escolhi ficar com os sonoros apitos!!!

O que eu teria se o tivesse feito? 
Ou o que não teria?
Teria conhecido o Jabulinho? 
A Xexa? 
A menézada toda? 
Penso que não!!! 
De tanto sentido, parecia não mais ter sentido 
Ah!!! E como foi sentido...

Bem vida a vinda!!! 
Todos disseram!!! E eu fiquei 
É um engano pensar que antes não havia intenção
Sempre houve 
Sempre existiu 
e nunca começou... 
como nunca terminará...

Eu cuido de algo que me foi dado em confiança 
Algo como uma joia raríssima 
ainda escondida dentro de uma rocha bruta 
porém frágil... sensível...
e de um brilho cegante...

Não é meu, não me pertence 
O que é meu é só o que sinto!!! 
Então, com alguma maestria 
e com toda inocência... 
eu cuido!!!

Na primavera...
temos as mamangavas... 
abundando-se em minúsculas florzinhas 
Temos o reflexo delicado nas pocinhas d’água 
e mushroons esporádicos no jardim...
indicando que ali fizeram um acampamento 
E as voltas... 
em seu redor...
perambula uma tronxa feliz!!!


Quando enfim...
for dado o momento da decisiva conferência 
irão me perguntar 
O que valeu a pena??? 
Ora veja; o que valeu? 
Foram todas as vezes que eu perguntei... 
tomou o seu remédio hoje???

obeah

ou Minha Sempre Bem Amada


Da série;
 Namorado Feliz, também no Dia dos Namorados.

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sábado, 6 de junho de 2015

Compartilhar...



De quando seus sinônimos eram outros... conhecidos e aplicados

Do nascimento e multiplicação do compartilhar virtual concomitante a paulatina e inatacável queda do compartilhar cotidiano físico mútuo, como o conhecíamos.

*

O termo compartilhar, hoje, transformou-se em uma espécie de bomba de oxigênio onde, sós, através de uma tecla enviamos mensagens, sinais, e então esperamos ansiosos a obtenção de respostas, um “ok”, um “kkk”, um “rs” para daí entendermos que está tudo bem; que estamos “vivos” e “juntos”.

*

Nossa responsabilidade de ser humano para ser humano é enorme por termos sido, - todos, indistintamente - dotados cada qual com a possibilidade única e própria de determinada excelência. Fazendo com que tenhamos nós que compartilhar da melhor maneira essas habilidades com o próximo e/ou todos indistinta e indiscutivelmente. Talvez as reuniões técnico/filosóficas intermináveis pouco resultam no bojo; no conjunto à qual se pretende, porém quando nele, ou, participe do aprendizado humano da vida, era preciso que cada um despertasse para a possibilidade de melhorar a condição de alguém próximo.

A dificuldade maior aqui; reside no fato de que, aquele que faz algo neste sentido já está engajado de alguma maneira, porém não consegue instrumentos para convencer o expectador alheio auxiliado, a voltar-se para a causa.


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A através do egoísmo reificado



A reificação pode ser talvez o tão aguardado caminho para o individualismo, anunciado por aqueles que entendem o valor humano, e através do que resta dele; ainda esperam algum milagre.

Onde, após a massiva individualização mecânica, mecanizada e mecanicista materialista, após o estresse, o colapso, o caos humano do egoísmo propriamente dito, hoje conhecido e assimilado, sairia do automático; do maquinal inconsciente para o egoísmo prático. Para o individualismo consciente, ainda raro, mas positivo quando trabalhado, e então, novamente, após um espaço indizível, voltasse seu pensamento ao sentimento da procura, da necessidade sadia do encontro com os seus há tanto perdida; esquecida; depurado, maturado e porque não, descansado no turbilhão do existir que ainda que desprovido de sentido, forjou o ser novo.

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Reificar é a aceitação pura e simples. É a falta de atenção, de foco; o aceite relapso. O aceitar sem contextualização que tudo é assim mesmo e participar sem opinião, ou concordar com uma opinião qualquer de qualquer um sem que se tenha, que se busque a fonte; sem que se tenha vontade, poder, conhecimento, entendimento sobre o assunto. Reificar é alienar-se. É ser, é participar da escumalha mais reles e ordinária do Plano Terra – não apenas a reles no agir, na aparência, porém no pensar - ainda que isso muito bem camufle. Talvez não haja o verdadeiro retorno até que este niilismo do humano abjeto se instaure em toda a exposta porção humana adoentada e febril – contaminando também seus meios; e ele se descubra que, a partir de então, não há mais como chafurdar além. Daí; existe apenas o longo e dificílimo caminho do retorno ao ser que até agora ele apenas pensou ser; esta, uma projeção, ainda muito além do que se possa imaginar, uma vez curado.

Por falta de conhecimento concordamos com o que não entendemos, e por excesso de orgulho, gerado dessa falta de estudos; não procuramos o motivo real de assim agirmos. Esse efeito dominó é nocivo, e a falta maior que nós humanos nos auto aplicamos; sufocando irreversivelmente nosso comportamento, nossa psicologia; enlameando nosso Eu Sagrado. 

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Disparidades




Do eterno paralelismo, nada pareado, entre o homem e o conhecimento.

O filme Ela (Her/2013); pode remeter alguns de nós também, a visualizar ou imaginar a disparidade entre as faculdades mentais do homem; onde é visível que o mesmo ser humano, que é capaz de desenvolver um projeto super avançado, como o “OS1”, não possua conhecimento além para desenvolver um enredo a altura ou que respeite seu engenho maior. Guardada as devidas proporções; é um aplicativo maravilhoso se pensarmos a tecnologia e as necessidades tecnológicas de novidades que o mercado busca e aceita. Muitas vezes mais, como uma invasão pura e simples, e/ou simplesmente porque qualquer novidade embalada com criatividade é bem aceita. Justamente porque, do outro lado, temos o homem comum que não evoluiu na mesma proporção, por uma série de razões já aqui desfiadas. Assim, ao assistirmos a película podemos comprovar que a criatividade ficcional é ilimitada na proporção abundante e singular de mentes criativas e, neste caso, muito além do que pensamos até então. Porém não sabendo o autor como desenvolver um personagem humano a altura por falta de conhecimento, evidenciando também, que a inteligência por si só não se basta; pois ele choca ao colocar o auge tecnológico frente aos mesmos instintos primais; de animalidade do homem sexual e solitário, fraco e problemático; indicando, ou assumidamente, que ele próprio não possui conhecimento, - e poucos o teriam hoje - para desenvolver um enredo inteligente – e a altura da ideia criada - de confrontação humana com pontos nevrálgicos de interesse tão nosso ao cruzar milênios de descobertas em deduções lógicas que, uma vez feito, traria um salto também ao homem/tecla que continua acessando sites pornôs por não saber, por não ter ainda descoberto que existem páginas importantes na rede a serem decifradas.

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Em tempo;
e que não me venham, intelectualóides, blogueiros cinéfilos ou frequentadores de sites campeões de audiência, tentarem me convencer de que o mote do filme era a história a ser mostrada, ou que o público é quem faz o cinema ou toda a balela dessa ordem, e não o que pensei fosse melhor aproveitar a criativa ideia, porque não é isso. Apenas criamos o medíocre porque não conseguimos atingir o belo, mas peço que não desanimem de tudo, afinal, como entretenimento comercial o filme serve. E entendo que seu crédito maior esteja em desligar por algumas horas seus defensores de vídeos mais explícitos; ainda menos aculturados.


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