Mantenha-se
sóbrio. Defendo a filosofia da ação na sobriedade – do agir uma vez acordado.
mínima. Alguns se arrependem, outros se
envergonham, outros ainda atacam com seu mau humor de pessoas atormentadas, no
entanto o retorno é quase sempre inevitável. Caso clássico na família para
ilustrar, temos o tio Ique. Inveterado beberrão, ele vai à clínica de
reabilitação por conta; depois de uma presepada homérica ele some. A família já
sabe, deve ter ido se internar. Esse modus operandi iniciou-se aos quarenta
anos. Na casa dos setenta, a última, foi há alguns meses.
No nosso
cotidiano somos apresentados a uma frase, uma notícia, uma preleção, um vídeo,
uma nota lida, uma palavra amiga, oportunizados em um exíguo estado de lucidez,
nos entendendo sãos, e então um lapso de consciência instiga a realidades
outras, possíveis; um gancho, um gatilho que, mal utilizado finalizaremos como
o comportamento do tio Ique há décadas: alguns dias depois, retorna a bebida.
Somos
acossados com todos os tipos de drogas lícitas, vídeos, sexo, seitas,
distrações, clubes, times, tribos, jogos, salões, informações, correrias,
competições, vícios, aquisições, conveniências e tudo mais que leva a todos de
algum modo a se enfurnarem em cantos exíguos a limitar vontades e quereres
saudáveis - eus verdadeiros soterrando as mais belas realidades internas.
De repente
uma frase faz com que algo diferente ilumine uma única conexão não viciada do
cérebro, e neste pequeno espaço temos a oportunidade de vislumbrar a
possibilidade instantânea da sobriedade da vida; como oportuniza-la?
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