sábado, 10 de junho de 2023

Articulação acidentada

 











“Nos fale sobre o poema”. A princípio tentei desconversar, mas a insistência era respeitável e não havia como fugir; e após a tentativa frustrada ao buscar em vão dizer algo sensível e significativo deixei tudo ainda mais distante do momento que antecedia a ânsia da audiência. O que dissertar sobre um poema se não for a verdade – quando a verdade é uma quimera na poesia? Largado da vaidade que cerca todo o intelectual que não ama sua obra, mas as pessoas que lhe chegam por interesse?!? Aqui já foi dito que o autor do poema são todos que se ocupam dele. Portanto, cada qual o compreende e o autoriza à sua maneira e à revelia daquele que o ditou. Como instrumento, reconheço minha afinação maior ao traço em detrimento ao dissertar. Talvez por isso penso que me entendem adverso.








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Amor em Verso

 

Ouço a música que canta o amor em verso

Enquanto a letra insiste no amor inverso

Penso, será o meu senso crítico perverso

Não, se entendo que todo o amor é diverso

Por que ele é ou parece então controverso




E quantas sensações o tornaram reverso

Digo que meu amor é tão quanto o universo

Poderia acrescentar inclusive ser transverso

Mas por enquanto o mantenho submerso

E muito por isso sobre ele não converso

Assim prefiro ao todo parecer disperso

Contrariamente me entendem adverso

Ah! Se soubessem como me mantenho imerso







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