domingo, 26 de julho de 2009

Trato-me talvez também de um doente


Talvez, quem sabe, sofro também eu de algum desses males descobertos a todo instante pela nossa poderosa e conceituada cátedra científica.

Talvez não, quero dizer, não que não sofro, e sim, que talvez minha disfunção não tenha ainda um daqueles nomes complicados que somente tais estudiosos conseguem articular.

Aprendi desde muito cedo que ou se está com todos ou o errado é você. Quero dizer, minha professora não raro explicava o fato de um garoto estar sempre envolvido em confusão, que isto o tornava diferente dos outros, então ele, ou os pais naturalmente, precisavam intervir porque se todos iam numa direção; o erro, naturalmente, estava situado no indivíduo que agia contra os princípios da maioria.

Partindo deste princípio, observado por esta forma simplista de análise chego a conclusão de que sofro de algum mal que não me deixa enxergar o óbvio, afinal não consigo concordar com o que diz a maioria daqueles com quem me deparei até aqui.

E a conclusão derradeira, novamente, descamba para o ócio, afinal, não tenho recursos para procurar alguém que trate desta moléstia, - entendo que o serviço público tão pouco terá condições, dado o que assisto nos noticiários, ainda mais agora, tão envolvido com uma nova pandemia – e assim pôr-me em alinho com os meus iguais sãos.


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