domingo, 10 de abril de 2011

Quem é o culpado?



Dentro de mim existe um governar independente e – talvez – patológico, impossível de ser desgovernado por meu sentido de razão, tão rápido e tão forte, com tanto significado e personalidade que ao mesmo tempo em que o percebo forte o vejo sutil. Discreto o suficiente para mim que somente hoje consegui realmente por um momento, de uma forma única e minha, apontá-lo, pregando-o no papel.

De forma simbólica é claro, este já é um direito inalienável adquirido, não digo que jamais o perderei, digo isso por parecer ele constituir um tipo de consciência própria, e se estará eternamente comigo não apenas devido ao fato de considerá-lo independente de meu ser, não posso afirmar, o percebo assim quase adquirido; como um vício crônico ou uma barda, um tique nervoso, ou qualquer sentimento puro, nato, quando estes são impossíveis de ser tocado, porém há que entender que existe a nossa falta de vontade ou conivência com estes apêndices ou penduricalhos que formam o perfil único de cada um, ou que estão formando definitivamente o nosso caráter, isto então corrobora em alguns destes pontos, - os nocivos – para que tenham sua força de permanência ainda mais aumentada, fazendo parte definitivamente na nossa personalidade.

Não por isso considero forte aqueles que não apenas os mantém como entendem a distinção em possuí-los, quando não fazem disso um estilo forçado.

Estou então a lembrar-me do raio do julgar interno e crítico que (não) possuo, ou seria ele que me possui (!?!), porém não falo do meu senso comum da crítica, este ser crítico por natureza, observador, avaliador e conseqüentemente um aglutinador de idéias é somente a parte perceptível. Como de alguma forma destaquei acima, existe algo ainda mais forte e indomável que se manifesta próximo a uma velocidade de tele-transporte, sempre que estou diante de algum fato novo, e a crítica; observações com respeito à culpa, – quem é o culpado desta vez - podem se apresentar.

As notícias da semana são ainda mais estarrecedoras que as dadas na semana anterior, mesmo que tenham sido apresentadas também, por nossos melhores investigadores – os repórteres – ou seja, tudo foi muito bem esquadrejado – pelo menos é nisso que eles acreditam que todos acreditam, mas alguns já sabem como a imprensa trabalha, e pelo sim pelo não pode também ser usada.

Pra variar este não é o ponto, afinal este ponto é tão sinistro quanto o ponto do texto, ou seja, tem vontade própria e comando algum existe que o desconecte de algo, simplesmente porque a nada está conectado ou coisa que o valha.

A ele então; independente do que esteja em jogo, ou para acontecer, se estou ou não envolvido, automaticamente, de pronto, como uma visão, antes mesmo de perceber o acontecido, antes de avaliá-lo, a questão da culpa ataca minha mente; instala-se, como aquele sentimento incomodo que nos acomete de quando em vez sem que nada pareça ter acontecido, ou como um sentimento retardado de alguma ação que – anteriormente - não o fez por estarmos - na ocasião - presos a compromissos mais densos, ou também, quando em meio a uma conversa ou uma explicação que nos exige atenção, alguma palavra ou um pensar desperta em nosso cérebro, de maneira quase gratuita uma lembrança estranha, arremetendo-nos à algum imbróglio, acordando alguma ação incômoda, escondida, mas ainda pendente, e então ficamos neste estado de anestesia vivendo o que está a acontecer, incomodado, tentando lembrar da velha nova questão que boiou em meio a tantas já tidas como urgente.

Não vou aqui entrar no mérito da culpa em si, pois não estou a falar de uma única ação, e sim destas todas que se repetem continuamente num desfilar incômodo no dia-a-dia de qualquer um.

A diferença é que, comigo, este governar paralelo fica a exigir uma resposta, um pensar, um questionar, e, claro, uma análise muito mais detalhada e íntima do acontecido, e digo que não entendo por que; se a resposta sempre, invariavelmente, é a mesma.

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