Um tributo aos nossos Amigos de travessia
Um
néctar de nosso pensamento sempre estará voltado para o: como será? Independente
de quão céticos somos com relação ao futuro ou ao quanto acreditamos no
fatalismo da existência. O Questionar é inerente ao homem, não há como fugir.
Chega
a ser forte o suficiente que independe da condição de segurança atingida. Por
maior que tenham sido seus esforços em entender a existência, e suas andanças tenham
palmilhado caminhos sérios na maior parte da vida, objetivando também, seriamente,
estudos e meditações; a diversidade, ou até a multidiversidade de
possibilidades que se estendem para estes indivíduos, acaba por, em algumas situações
inusitadas, colocá-los frente ao questionar-se de como é que se deram suas
escolhas.
As escolhas são partes tão importantes da vida que,
porém, podem, — quando levadas muito a sério — certamente, conduzir pessoas a
problemas somáticos que redundam até mesmo em paranoia.
Dia-a-dia,
sem que realmente percebamos, nossa atenção, mesmo que dispersa em todos os
milhares de afazeres diários está, como se ligado a alma, ou um tipo de alma do
nosso pensamento se perguntando: é este o caminho? Estou fazendo as melhores
escolhas? E, a despeito do caos que se encontra o meu existir momentâneo; ou a
despeito do marasmo; ou da insignificância; da falta de opções; de o quanto me
sinto seguro, ou mesmo das ilusões que me prendem a um continuar sem
preocupação, entendendo que é assim que é, é absolutamente normal que vez ou
outra nos questionemos: estou no caminho certo?
Por
menor que seja nossa consciência, ou por mais que a tenhamos esmagada no fundo
de um monte de inverdades e absurdos diários, é certo que a ela estamos ligado.
É como se existisse um fio de prata também ligado a ela, e, por maior que seja à
distância ou a densidade do que colocamos entre nosso eu ilusório e a gema pura
de nossa alma, estamos a ela ligados. Então, quando menos esperamos, como se diz
na gira, “do nada”, algo estranho acontece e nos percebemos questionando atos
que praticamos e que são estranhos a esta consciência que mantemos abafada, e que,
em condições de acordados entenderíamos como normal este questionar, ou seja: de
alguma forma entendemos como absurdo a fato de estarmos assim agindo.
A
partir deste raciocínio. De que todos nós possuímos uma consciência em algum
canto qualquer de nossa carcaça sofredora, e se por um acaso acordássemos
realmente para o momento atual; se por um milagre recobrássemos totalmente a
consciência por alguns dias e nos fosse explicado que algumas das nossas
ilusões até aqui sugeridas não passam realmente disso: ilusões. Como ficaríamos
se ficássemos nus diante de tal consciência?
Mas
o ponto aqui não é este, quero voltar à alma de nosso pensamento contínuo: como
será o meu amanhã? Como será que chegarei ao ponto decisivo da minha
existência?
É
certo que um contingente grande de pessoas vive sua existência sem exercitar
um pensamento mais profundo. Estas pessoas aprenderam que o existir nada mais é
que sobrevier um dia após o outro buscando formas de construir e prover suas
famílias; e este é o mote único de suas existências, não há nada mais
importante que isto. Mesmo alguns destes em momento esporádicos se perguntarão sobre a
necessidade de qualificar um pouco sua forma de vida ou até: se existe ou não uma
razão mais séria para existir.
As
questões se fazem presente, se proliferam ou morrem em detrimento da cultura
daquele que questiona; é assim que é.
O insight do despertar — Em
casos raros, acredita-se, que mesmo os mais incultos acessam questões pertinentes
apenas a um grupo superior, justamente porque assistiu com atenção o exemplo
daqueles, porém, depende apenas destes poucos buscar a compreensão, o
significado deste acesso, ou mesmo dar continuidade a ânsia despertada.
Estes
deveriam se perguntar então, assim como as pessoas do grupo que entendem se
perguntam sobre aqueles que já chegaram a uma percepção suprema. Percepção essa
que faz referência ao aprendizado, sobre a importância de aqui estar,
compreendendo assim que este existir não faz parte apenas do exercício de
pensar, e sim: como foi acessada a essência de que nosso existir, de que o fato
de possuirmos uma vida, é muito mais que apenas sobrevier, ou sobreviver bem e
em equilíbrio enquanto humanos?
Mas
existe um complicador para o segundo grupo, e têm a ver diretamente com aquele
bordão do poeta: “Eu sofreria menos se fosse tolo”, e isto se dá justamente
porque ao pensar sobre o “como será?”, aquele que possui uma consciência mais
ampla da existência, acaba - se assimilou alguns princípios de ética e de valor — automaticamente ao pensar sobre como está se conduzindo para o final da vida, — independentemente se esteja ainda com quarenta anos — observando, obrigatoriamente
o seu entorno, e não raro, devido a milhões de circunstâncias diárias há muito passadas,
percebe que não agiu com correção em uma série delas, ou seja, seu crivo de
ética e de moral foi burlado em algumas situações. E claro que algumas com
razão, ou matreiramente modificadas, acabam por não incomodar o continuar da
caminhada, porém é possível que existam aquelas que mesmo as mentes mais
férteis ou mais frias entendam que algo no passado não ficou bem resolvido e
pior, se a situação se apresentasse novamente, não haveria outro caminho a
seguir que não aquele já trilhado anteriormente; infelizmente, para alguns de
nós esta é a realidade.
Todo
este enunciado descrito foi construído porque este que escreve também pensa e
de vez em quando raciocina no seu “como será?”. O que fiz para chegar onde cheguei,
se afinal, muitos compêndios insistem que em algum momento de nossa existência
ficaremos totalmente nus — nós e nossa consciência?
Terá
valido a pena?
Do
meu lado entendo que apenas terá valido a pena se ao revelar-me, nada revelarei
além do Amor que tenho por aqueles que comigo até ali estiveram.
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