domingo, 16 de dezembro de 2012

Tudo é forja




Desempenhar bem um ofício, ainda que não goste, forja o espírito para o verdadeiro prazer, ao escolher, quando possível, fazer uma arte apenas por isso.

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        O velho sábio aconselha então, àquele que ainda não alcançou o verdadeiro ofício por qualquer motivo que seja: falta de estudos, falta de oportunidades, escolhas equivocadas ou até mesmo porque não descobriu ainda sua verdadeira vocação.

        “Paciência”, diz. “Nada está acontecendo em vão, também aqui, como em qualquer outra situação da vida que apenas damos valor quando perdemos, ou quando esgotados suplicamos uma nova oportunidade, empregando todas as forças do coração em agradecimento ao caminho árduo até então trilhado e em humildade pronta e sincera em receber nova oportunidade: o resultado maior de todo o processo é o burilar; a forja”.

        “Já tem tempo o sábio conselho de que se valoriza mais o que foi conquistado a duras penas; é por isso que jamais conseguimos imaginar o prazer de um artesão, de um músico de ouvidos afinado e mãos sensíveis, ou de um pesquisador que trilha o caminho puro da ciência quando na eminência de converter em milagre seus esforços”.

        “E por último, um exercício, caso a paciência esteja ainda impaciente. Aprecie o mundo. Entenda o que há de belo nele. Aprecie o que outros executaram com arte. Aprecie o que lhe acontece diariamente em pequenas demonstrações de afeto e carinho, tudo isto existe, a despeito do que você pensa a respeito do seu meio, a despeito de quão ranzinza você possa ser, no seu íntimo, deixe o orgulho de lado e observe: só e em paz. Faça antes como um exercício, depois se permita a mais uma obrigação e torne isto um hábito. Caso isto ainda não surta o efeito esperado, observe o que a natureza tem para você, erga a cabeça de seu mundo, olhe mais adiante, olhe com bons olhos um jardim bem cuidado em sua rua, (observe se existe alguma inveja nisso e elimine-a) olhe a outra cidade, o outro estado, olhe o outro país. Observe que mesmo você vivendo em um mundo particular que não te observa. Totalmente hostil e violento; - normal a todos nós hoje devido à concorrência acirrada ou a já obrigatória e incorporada falta de tempo - há mais, há outros mundos, há outros lugares e maravilhas mesmo que eles estejam longe de você”.

Mas aí você pode dizer, “E isto não é ruim? Eu preciso disto, aqui, agora, comigo”.

Volte ao conselho do mestre que diz: “Paciência”. E entenda o significado de suas palavras que repete: “Se existe para os outros existe também para você. Levante a cabeça, mantenha o corpo ereto, acredite que se não hoje, se não amanha, se não depois de amanha, tudo está lá. E se existe para a humanidade, repito, existe para você. Pare de lamentar, pare de viver em uma redoma que te enclausura dentro dos limites de uma cidade ou de um país, você pode mais, e quando você pode mais, você deve pensar que mesmo uma vida é pouco para ser enclausurado. Paciência. O universo está se expandindo a uma velocidade incrível enquanto você está pensando que está parado, estático. E o que isto significa na prática? Reflita ainda um pouco mais e permita-se a ousadia dos grandes profetas que não se limitaram ao mundo que lhes foi imputado. Eles ousaram; então ouse, - ouse ousar com inteligência e bom senso já disse o poeta - e neste ousar permita-se entender que o mundo se expande porque ele ainda não está pronto, e nunca, jamais estará, e é por isso então que você não pode se limitar ao que você entende por estar abandonado à própria sorte, acredite: você jamais estará só. Paciência. Este continua sendo o segredo”.

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