sábado, 29 de junho de 2013

Voto vencido


        Ao longo dos séculos proliferam-se manifestações contra o inevitável, por motivos que não é possível se saber quais exatamente. Antecipadamente pode-se dizer que vão dos mais sórdidos e muito bem camuflados; manipulados por entre grupos particularíssimos e totalmente insuspeitáveis, a corporações também do mesmo naipe que garantem com sua autoridade conquistada sabe se lá a que preço que tudo é tão somente em defesa do humano, como é propalado por estes eminentes senhores sempre que há uma mínima oportunidade enquanto tentam o mais que podem manter a bandeira do antigo hasteada eternamente; um eterno sem valor, que dura o tempo que lhes convém.

        Estes defensores do velho valem-se de palavras fortes que nada dizem se consultado históricos que mostram que jamais a força do sistema abafou o progresso; as necessidades de mudança frente a encruzilhadas, caminhos e descaminhos criados por ele mesmo (o sistema) ou seja, não há meios ou força possível que reverta a trilha natural, ou mesmo uma avalanche obstinadamente contrária ao querer maior embora revestida da mais apurada ânsia humana. Reverter uma nova demanda derivada de uma falta de atenção generalizada do passado, por conta de displicências ou negligências originadas também, do limitado conhecimento laico que culminou com o novo e talvez assustador quadro que, inegavelmente, terá que ser resolvido através de soluções quase inaceitáveis por todo o estado que busca o acomodamento, que, mesmo revoltado por acreditar que o grande jamais poderá se submeter ao pequeno deverá, mesmo que paulatinamente, rever contrariado este dito entendendo não ser mais possível que a desatenção se mantenha em pauta.

        Pesquisas apontam que nunca, jamais, o interesse necessário, urgente ou não da minoria foi sobrepujado, refreado pela maioria – sempre será apenas uma questão de tempo. É certo que tudo o que é novo, tudo o que aqueles que mandam e podem são obrigados a digerir contra vontade devido ao gosto acre, lhes é - por se entenderem sumidades terrenas - de uma dificuldade atroz. E é certo também que moverão céus e terra. Procurarão mecanismos e ferramentas; inverterão e ressuscitarão leis para tornar o sapo a ser engolido mais digestível - isto se, em alguns casos até, não procurarem lucrar alguns com o indigesto ocorrido; porque não? Porém, repetindo, nenhuma pesquisa indica que o maior vence o menor quando se dá esta espécie de enfrentamento.

        É assim que funciona, é assim que deixamos acontecer. Deixando e desleixando temos que o fácil se torna difícil.

        Hoje brigamos para encontrar uma saída para o absurdo das drogas. Ainda não paramos realmente para pensar que milhares de pessoas têm e continuarão tendo por muito tempo ainda suas vidas seriamente afetadas devido ao avanço do crack, uma substância que até muito pouco tempo era tratada com desleixo por se entender insignificante.  Em decorrência dos índices de violência ou mesmo do estresse da vida contemporânea o uso ou não, a legalização ou não das armas é uma polêmica sem fim, e em meio a tantas dúvidas de o que é certo e o que é errado o mundo está às voltas com a novidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo, legalização ou não do aborto, ou então pessoas do mesmo sexo adotando filhos e assim por diante. A lista é extensa... a contrariedade em se assumir a necessidade de encará-la é ainda maior.

Definitivamente vivemos, como diz o filósofo, na era dos excessos. Tudo vem para nós agora em doses cavalares, e isto também é fruto de uma passado de falta de percepção para com o futuro e, que não será atenuado se de uma vez por todas as autoridades não começarem a pensar com mais seriedade sobre uma possível saída.

Ficar hoje fazendo discursos sobre a liberação ou não do aborto, se é certo ou não ser homossexual, se dois homens ou mulheres que vivem juntos devem ou não ter filhos, é mais uma vez procrastinar soluções para que elas então continuem se acumulando em um funil existencial que conseguirá tornar a vida futura ainda mais sem sentido com seus pontos de interrogações que não permutarão; não questionarão apenas quais saídas, ou por quais soluções optar, e sim: porque isto não foi feito antes. Com o agravante de que isto deverá, inegociavelmente, ser aceito em algum momento futuro. É inevitável que isto aconteça.

Não há o que fazer a não ser ter coragem para fazer o que se há para fazer. Não há o que lutar contra. Em enumeras situações o sistema foi vencido. É preciso apenas assumir isso e regularizar o passado procrastinado, ou seja, arregaçar as mangas e trabalhar. Quem quer brigar não quer trabalhar. Quem busca e quem permite a discussão tentando emaranhar qualquer solução em que se assuma com dignidade a necessidade do novo quadro é preciso ser expurgado das negociações.  Temos que brigar sim, temos que discutir, porém é preciso que comecemos a avançar em direção as soluções também de cunho social, a humanidade têm se preocupado muito, ou ao menos com muita ênfase a sobrevivência econômica, agora do mundo – já podemos nos considerar finalmente um grupo bastante homogêneo. Parece que aqueles que assumiram os postos de controle nos últimos séculos estavam com suas preocupações bastante voltadas para o quesito economia – como se o dinheiro, ou bastante dinheiro fosse solução para tudo; parecendo assim, que a filosofia destes homens para o mundo estava exageradamente calcada no pensamento do homem família; na precisão então em mantê-la. Que precisa defender a prole; e nada mais acertado que manter-se bem financeiramente, imaginando erradamente que o restante se arranjaria de alguma maneira, ou ao menos, se se é abastado: para todo o resto encontraremos uma solução. Mas a filosofia de um país, de um estado todo não pode ser baseada na mentalidade conformista de gerenciar uma família ou mesmo um conglomerado.

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