O
amigo que a toda conta busca
silenciar-me
não o faz,
tanto quanto
aqueles que incentivam a expor-me
Os
tempos mudaram; já se vão longe os dias em que uma boa conversa me animava a
continuar a falar ainda mais. As alegrias dos contatos não percebidos. Não
percebidos sim; porque não tanto a inocência, porém mais pela falta de
entendimento, da não compreensão de como é a maioria dos contatos verbais sem
maiores pretensões; sem as seriedades da vida: vagos e quase sempre, estéreis
para uma continuidade que acresce, então, jamais foram percebidos com a atenção devida.
Tudo
está mudando, e rápido. A cada dia, mais pessoas me calam. Quanto mais elas
falam mais elas me calam. Elas não deveriam me dar tempo para pensar, porque,
assim que o faço é fácil entender que nossa conversa mais uma vez foi em vão.
Reluto
contra um amigo, (alguém mais querido que me pede paciência) mas peço perdão,
não é mais possível essa perda de tempo. Ainda que o tempo não exista é preciso
calar-se para qualificar o que talvez um dia tenha que ser dito. É sabido que a
quantidade nivelará diretamente a qualidade final embora não seja apenas por
isto que entendo a necessidade do calar-se e sim porque existe muito ainda
daqueles que insistem em que falemos apenas porque têm eles a ânsia vazia de
continuarem, a reboque, manifestando-se a exaustão.
020.g cqe