Há muitos
anos li uma fábula, despretensiosa como todas, que parecia nos remeter às
naturais e pululantes dificuldades de relacionamento; talvez com o objetivo de despertar
para o tema – normal de toda a lenda. Ao invés de ficarmos depositando nos
outros nossa ranhetice. Muitas delas já assimiladas a personalidade, visíveis no
entanto somente ao externo.
Tratava-se
de um viandante que ao encontrar na entrada de um pequeno vilarejo um ancião, quer
saber como é o povo que vive ali. E o velho senhor responde como outra questão,
“como era a outra?”. Uma porcaria; pessoas mesquinhas, invejosas, arruaceiros e
beberrões, diz o cavaleiro; ao que completa o velho: “esta aqui é a mesma coisa”.
Assim
acontece conosco; projetamos nas outras pessoas o que somos naquele instante. O
outro é o que sou; é nossa vaidade, orgulho, inveja, egoísmo, obsessão, ou Amor
que direciona a continuidade ou não dos contatos.
As fábulas
narram estórias bem passadas, vencedoras de tempo e crítica, que encantam e
retratam, geralmente, um estado único de determinado momento que não deve ser
levado em consideração ipsis litteris.
Por
exemplo; imaginemos algumas situações em que a oportunidade nos coloca na
condição privilegiada de sugar o pescoço de alguém; inocular toda a peçonha
acumulada em algum pobre diabo e esfolá-lo como pretendemos, muito além do que
o coitado mereça! Como assistimos na ficção ou no cotidiano! Em qualquer
oportunidade que se apresente! Não significa que deva fazê-lo baseado em outra fábula
que indica que não consiga; que é impossível ir contra sua natureza ou que
jamais conseguiremos vencê-la. Isto apenas acontece por conta da nossa essência
má, ainda equivocada.
A lenda lança no ar a lição, mas o preparo para entendê-la está ou não no momento que nos toca – é um teste. Ou seja, se estamos ou não preparados ou prontos a entender em que tipo de uníssono nos encontrou o exercício.
A lenda lança no ar a lição, mas o preparo para entendê-la está ou não no momento que nos toca – é um teste. Ou seja, se estamos ou não preparados ou prontos a entender em que tipo de uníssono nos encontrou o exercício.
Isto de
entender-se imutável é conversa para os francos, apenas os acovardados se
deixam levar pela natureza animalizada e instintiva do homem, e invariavelmente
obedecemos a exemplos distorcidos porque não atingimos maturidade suficiente para
questionar; “espera aí, eu realmente tenho apenas esta opção? Não consigo ser
um pouco mais forte do que isso?”. E a filosofia da Metamorfose Ambulante! Onde
fica?
051.M cqe