sábado, 6 de maio de 2017

“A arte dá o que o mundo nega”*




Contentamento, posses, aquisições, realizações, tudo neste contexto são objetos fabricados a tentar, a alongar sensações anódinas de satisfação e alegrias. No entanto, nada supera uma única sensação extasiada de um insight; da descoberta de que se é único; de que pode. Em um mundo que nada é; onde reina o décadente

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“Nietzsche é o néctar da Terra” - De “antes” e “depois” de Nietzsche Ele é o Sumo, o Canon. Ele - tão generoso quanto obrigatoriamente deve ser alguém adogmático, areligioso, aespiritual e humanamente não deísado; leia-se puro - representa aquele que percebeu e, qual probo genuíno imaginou ser possível multiplicar no externo a Vontade Percebida e trabalhar a partir daí uma existência do homem pelo homem. De todos os maldados adjetivos lhe atirado, é certo que egoísmo jamais vestirá.

Seu pensamento indecifrável serve já, a tanto e a tantos e talvez exprima a melhor noção da edificação do homem pelo homem; o ser terreno, sem dogmas, sem religião, no entanto que, ainda crente, pode entender a não necessidade de aplicação de crença alguma além de sua Vontade bem gerida para viver em paz.

No entanto, a “Vontade” como tantos outros “insights” garimpados em particularíssimas inspirações que em Nietzsche foram despertados, somente são possíveis de ser compreendidos quando acordados inclusive no observador arguto que busca as distintas percepções dispostas gratuitamente, porém altamente apreçadas e extremamente caras - valor impagável ao descuidado.  
 
Acordar a Vontade dormente e torna-la plena não somente continua intacto e de difícil compreensão para a maioria de nós, “humanos demasiados”, como não descobrimos – logo nós, senhores das regras - uma fórmula para despertá-lo; quando sabemos ainda agora o quanto é impossível fazê-lo mesmo com a inegável ajuda do filósofo e ainda que se descubra portador de algum querer particular especial.

Talvez o mais belo dos paradoxos do universo nietzschiano, sua completa ininteligibilidade ao relapso e ao pretenso, reside resvaladamente na insistente dificuldade de não entendermos isso – ou nada -, enquanto Nele não é percebida...

Aproveito-me das palavras de Martin Heidegger na p.64 do "Nietzsche". “Somente com o auxílio de uma reflexão assim estabelecida sobre a essência da estética nos colocaremos em condições de conceber a interpretação nietzschiana da essência da arte, e, com isso, ao mesmo tempo a sua tomada de posição em relação a ela; e isso de tal forma que possa surgir, a partir daí, uma confrontação.”.  (ao que reiteramos: “somente” a partir daí)

*Nietzsche”, de Martin Heidegger; 2ª edição 
Forense Universitária


099.m cqe