Contentamento, posses, aquisições, realizações,
tudo neste contexto são objetos fabricados a tentar, a alongar sensações
anódinas de satisfação e alegrias. No entanto, nada supera uma única sensação extasiada de um insight;
da descoberta de que se é único; de que pode. Em um mundo que nada é; onde
reina o décadente.
*
“Nietzsche
é o néctar da Terra” - De “antes” e “depois” de Nietzsche Ele é o Sumo, o
Canon. Ele - tão generoso quanto obrigatoriamente deve ser alguém adogmático,
areligioso, aespiritual e humanamente não deísado; leia-se puro - representa
aquele que percebeu e, qual probo genuíno imaginou ser possível multiplicar no
externo a Vontade Percebida e trabalhar a partir daí uma existência do homem
pelo homem. De todos os maldados adjetivos lhe atirado, é certo que egoísmo
jamais vestirá.
Seu
pensamento indecifrável serve já, a tanto e a tantos e talvez exprima a melhor
noção da edificação do homem pelo homem; o ser terreno, sem dogmas, sem
religião, no entanto que, ainda crente, pode entender a não necessidade de aplicação
de crença alguma além de sua Vontade bem gerida para viver em paz.
No entanto,
a “Vontade” como tantos outros “insights” garimpados em particularíssimas
inspirações que em Nietzsche foram despertados, somente são possíveis de ser
compreendidos quando acordados inclusive no observador arguto que busca as
distintas percepções dispostas gratuitamente, porém altamente apreçadas e
extremamente caras - valor impagável ao descuidado.
Acordar a
Vontade dormente e torna-la plena não somente continua intacto e de difícil
compreensão para a maioria de nós, “humanos demasiados”, como não descobrimos – logo nós, senhores das regras - uma fórmula
para despertá-lo; quando sabemos ainda agora o quanto é impossível fazê-lo
mesmo com a inegável ajuda do filósofo e ainda que se descubra portador de
algum querer particular especial.
Talvez o
mais belo dos paradoxos do universo nietzschiano, sua completa
ininteligibilidade ao relapso e ao pretenso, reside resvaladamente na
insistente dificuldade de não entendermos isso – ou nada -, enquanto Nele não é
percebida...
Aproveito-me
das palavras de Martin Heidegger na p.64 do "Nietzsche". “Somente com o auxílio
de uma reflexão assim estabelecida sobre a essência da estética nos colocaremos
em condições de conceber a interpretação nietzschiana da essência da arte, e,
com isso, ao mesmo tempo a sua tomada de posição em relação a ela; e isso de
tal forma que possa surgir, a partir daí, uma confrontação.”. (ao que reiteramos:
“somente” a partir daí)
*“Nietzsche”, de Martin Heidegger; 2ª edição
Forense Universitária
099.m cqe