Do pensar
prematuro ainda no século XXI – Fomos libertados em plena puerilidade para o
auto pensar: nós, “páginas em branco” a se auto preencher sem que ao menos
aprendêssemos o significado desta arma potentíssima, tentando sobreviver no
plano do desenvolvimento atropelado e execução automática.
De quantos
milhares de anos falamos então se observarmos que nosso progresso pensante tem
sido trabalhando fora do contexto da correção, pautado pelo condicionamento
deliberado - sujeições às leis estabelecidas - marginalizando todo o processo!
É fato o que disse Montesquieu que todos somos livres desde que pensemos dentro
da lei; está aí a mais correta representação da coação permitida e claro,
obrigatória em se tratando de gente necessitada de socialização. A educação
prima o pensamento livre, próprio, mas o mundo condiciona ao: pensar dentro da
caixa; porém quem são e como aprenderam a pensar todos aqueles que promulgaram
as diretrizes, algumas perpetuadas, outras pétreas tão somente condicionadas a
sua constituição que impossibilita contextualização!
Por ao
menos duas décadas do seu nascimento, talvez fosse mais acertado que o cidadão
aprendesse a pensar e então daí, uma vez patenteada essa lucidez abrangente:
abrir-se-ia para as escolhas particulares, estas sim, conscientemente, livres e
alinhadas, primeiramente pela razão, formando-se uma rede de corretas
observações onde as gerações sucederiam partidárias aos mesmos valores e
retidão apreendidos – mas isso seria outra forma de pensar condicionado,
palpitariam muitos especialistas que aprenderam o “pensamento” atualizado em
suas cátedras.
O pensar
dentro da caixa está condicionado obrigatoriamente à premissa do necessário,
tanto quanto mal feito ou inapropriado por conta da condição de despreparo em
que atuamos – preceptor e aluno - correndo atrás de uma bola-de-meia amarrada
em um barbante, e por mais que instrumentos dão conta desta estultice não é
possível que todo o nosso universo montado, todo o nosso teatro de subsistência
se renda ao capricho de revogar as leis que determinam esse andar sonâmbulo; em
completa dormência. Não há saída!?! Não enquanto não houver a conscientização
de que assim seguimos, e ainda aí: o caso é de difícil solução.
Mas há um
efeito, um paliativo anódino bastante difícil de ser entendido, afinal, mesmo que precisemos acordar para o que
um dia chamaremos de vida real, existe realmente
uma dificuldade de compreensão inserida por conta de amarrações diversas que
suplanta a essência da questão, onde, no entanto: para se chegar ao razoável
aqui observado é imprescindível que passemos por este processo “sem sentido”
que, ainda que assim ocorra -
destituído por ora de uma compreensão lógica -, estamos praticando atividades
diversas, ou seja, somos co-partícipes de um projeto “duplamente” arranjado; e
de outras nem mesmo imaginadas, tão necessárias quanto positivas (ou seria;
obrigatoriamente necessárias?). No entanto podemos relaxar no fato de que, esta
espécie de umbral a que estamos guardados e condicionando a cada dia mais nosso
existir, é uma formação “real”, aparentemente triste, porém, necessária, para
que purguemos vaidades e orgulhos adquiridos aqui e em outras esferas. A
Sabedoria do Plano reside no fato de que, paulatinamente nos enfronhamos neste
monturo que chamamos hoje existir terreno sem que percebamos o quão mimetizado
a ele estamos, e é só a partir dessa tomada de pensamento que poderemos tomar
também as rédeas conscienciosas que nos darão um mínimo de paz, inicialmente,
particular.
*
Existem
apenas dois caminhos, continuar na irrealidade, ou seria na “verdade inventada”
atual, ou atirar-se em um caminho de retidão e acreditar ou mesmo confiar que
pudesse ser melhor!?! E quais os riscos de abandonar o primeiro em detrimento
do segundo? Nenhum; talvez, inicialmente, passar por simplório, alienado,
esquisito, desarrazoado, mas então, finalmente, sentir a liberdade que existe
em abandonar toda uma convenção armada que pesa às costas ainda que não a
sintamos por jamais ter experimentado removê-la.
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