sábado, 30 de março de 2019
Ato continuum
Vieram...
tantos... e de vários cantos e rincões. Andrajos de mares hostis vomitados de
esconderijos pútridos acomodados em vistosas vestes; parte do engodo. Jamais
poderiam esconder horrendas inclinações. Roubar, espoliar, deflorar, drenar
evidentes e ricos recursos e o que mais atentasse suas cobiças. Bens que
pudessem ser esgotados para longe, distante o bastante para ser assegurado em
seus insantos covis territoriais. Do ato ordinariamente senil do
desvalorizar-se, valoriza ainda menos o terceiro. E aqui a vida alheia se não
pode ser vendida não vale mais que um estampido. Mercadores ladrões que
escravizam em troca de nada; álcool, farinha, pólvora. De então, leis como
tábua de salvação libertando presos. Amarrando-os a todos em (dis)simuladas
vontades comezinhas. Protegidos sob a vontade hipócrita daqueles que não apenas
possuíam um olho, mas este, defeituoso, mostrava a um cérebro míope formas abjetas
de possuir despojos rejeitados por àqueles que até a esperança saquearam. Desse
estado de coisas onde a obrigação torna-se o único direito, prevaleceu como
sempre a necessidade da acomodação – e o caos do próprio rescaldo. Muito aos
poucos a sanha da barbárie foi aplacada e então estas mesmas leis somadas ao
sentido gregário da socialização os trouxeram à força do dinheiro: criar ou
reconstruir muito do que fora roubado e, ato contínuo, com o resultado do
esfacelamento do nosso estado gerido a revelia onde as súcias entre o vigariado
e a política ultrapassou o ponto do egoismo; legisladores bem vestidos
oportunamente esqueceram o histórico do povoado e diplomaticamente foram ter
com antigos posseiros sempre ávidos. Cordialmente foram recebidos em requintados
recintos com trejeitos tidos como tendências de uma nova aurora e o ouro enfeitando
as paredes roubado também de outras terras sob novas nomenclaturas aguçou ainda
mais o desejo de tribalizados caipiras escondidos entre vestes desconfortáveis.
Desde então velhos esfalfadores, sob apupos e apuradas formas, vem comprando o
que há época não fora levado: nossas mentes. Apossando-se de forma lícita do
que ainda restou às colônias ou a muito custo foi rearranjado: o território e a
combalida vontade do povo que não precisa ser levado, este pode ser
condicionado e tecnicamente confinado; mesmo como está e aonde quer que se
encontre.
075.q cqe
Estado de intenção
Se a
intenção é boa; por si só é suficiente?
... e o
Estado de Intenção, como é conquistado?
Devotar-se
ao acerto, à retidão, é o primeiro passo da prática assim que apreendida a
consciência das inegociáveis propriedades desta escolha. Mas ainda estaremos no
mental. É somente com a disciplina engajada e séria da busca que é possível
compreender e então atingir o Estado de Intenção.
074.q cqe
O jazz da escrita
Voltemo-nos à poesia
Do improviso e do siso
Que somente ela cria
E de que tanto preciso
No outro tudo é magia
Chegam notas de uma canção banto
Carregadas em versos de poesia
Afinal tudo é poesia
Da música sempre preciso
E se está pronto pra orgia
Em quermesses ou cantorias
Todas elas são sãs
Se homenageiam a poesia
Independe de geografia
Todos os fatos eu sito
Se eles cantam a poesia
Por conta de terapia
A caneta não dispenso
Satisfeito na poesia
Faço doces na bacia
Enquanto penso em poesia
A cabeça não esvazia
Em uma roda de estripulia
Não imaginava ser o que sou
Se não escolhesse a poesia
Coisas mil sobre poesia
Mesmo em cordel escreveram
Apontando a supremacia
Não há um só que desaprove
A não ser o mente vazia
Que ninguém quer o que promove
E aos jovens garantia
Não tem um único amante
Não beneficiado na poesia
Para cantar suas elegias
Do meu lado ela eclode
Sempre que penso em poesia
Todos reis da poesia
Com nenhum deles pareço
Apenas me equiparo em simpatia
Com a Entidade Poesia
Digo que carrego no traço
Imaginando aqui muita energia
Amanhã jaz em terra fria
Sempre longe do dinheiro
Mas eterno na poesia
Eu e a Mulher mais Bela
Vivemos uma parceria
Cada um com sua parcela
Construindo A Nossa poesia
Um que outro dela esquece
Não imaginando o que fazia
Já... eu... faço dela uma prece
Que comigo se associa
Obrigado e Amém
Afinal...
Que oração é a Poesia!!!
Homenagem na
semana da poesia a
Cora
Coralina e a Entidade Poesia
073.q cqe
sábado, 23 de março de 2019
Destaques
Conspicuidade
solitária - Os extremos são um desafio aos indivíduos que conseguiram preservar
algum resquício dos velhos valores – aos mimetizados ao espírito da matéria, é
melhor não acordar para a sensibilidade; é aterrador sentir-se só ou despertar
para a futilidade superficial de todos os bajuladores. Possuir riqueza, nascer com
as características físicas da beleza ou tornar-se uma celebridade em algum
tempo se tornará um fardo indesejado ou tão pesado quanto qualquer das
dificuldades mundanas totalmente desconhecidas e impensáveis a estes benjamins.
Assim, quando, ou e se isto vier a importar: jamais saberão distinguir quem
foram seus verdadeiros devotos.
072.q cqe
Quando se está pronto?
Agimos em
meio a toda sorte de situações que ultrapassa, e muito, as percebidas. E apesar
disso, bem ou mal; sobrevivemos. As ideias ou análises de como ou porque assim
funciona fica por conta dos embates de todas as classes formadoras do arcabouço
do nosso existir: pais, professores, autoridades técnicas ou não, filósofos e
pensadores.
Como alguém citou; vampirizadores de toda ordem.
Cada um de
nós sobrevive à procura de um ajuste particular em meio a desacertos de toda
ordem provocados por opiniões díspares que ao final resulta em uma única
vontade: diminuir o próprio sofrimento. No entanto; como, enfronhado em um
universo tão diverso como o até aqui construído é possível desvencilhar-se de
um encadeamento de razões, oportunidades e vontades criadas e não se deixar
levar e então sim: encontrar uma via onde haja um mínimo de bem estar?
Em
determinado momento alguns poucos alcançam este estado harmônico, no entanto é
preciso que o caminho até esta Canaã particularíssima tenha sido praticado com
a devida atenção e que todos os humores tenham sido testados a exaustão para
que se construa um ambiente de paz minimamente razoável – é praticamente
impossível obter algo além disso - e isto implica enfrentar uma batalha
determinante - diria até o último obstáculo: ter despertado para abandonar as
famigeradas polarizações que atacam o homem sempre que ele resolve se apartar
do lugar comum e encontrar o meio termo ideal para sobreviver com um mínimo de
angustia em meio ao todo – entorno - que aí continua.
Não provocar o mal é sinal de
inteligência, mas não se deixar ser por ele ameaçado é sinal de sabedoria... e
então, se está pronto.
071.q cqe
Ser falho!!! ...até quando?
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Rascunho do ID
sábado, 16 de março de 2019
Dever de casa
Quando a
raça humana finalmente percebe a necessidade de criar um novo instrumento capaz
de ditar outros rumos a corrigir os obscuros caminhos da permanência,
pragmáticos esclarecidos imaginam até que grau é possível causar tal situação
de solução para atenuar o sofrimento humano até que ele próprio venha a
sabotá-lo!
Enquanto isso...
069.q cqe
Preciso, mas não quero*
Chegou-se
ao tempo onde a maioria de nós não possui, por carência total de conhecimento
de causa, poder de argumentação para sustentar uma opinião própria – este
sempre foi um expediente mais apropriado aos puros e iletrados.
Nunca
o que querem as pessoas
esteve
tão distante
de o que elas precisam.
*Detalhe do exercício de 03/03/2019
“O que é o
que?”
Formadores
de opinião – Alguém em sã consciência poderia imaginar que as futuras gerações,
nascidas em aguardados tempos de prosperidade; um futuro de esperança que
imaginamos sempre como o estado sine-qua-non
da evolução do homem; topasse com a dura realidade de que a tão propalada
técnica trouxe o sujeito ordinário a depender de marqueteiros formadores de
opinião!!! Posto isto; como um lutador pretérito razoável se aqui acordasse
reagiria ao observar que uma gama assustadora de habitantes em todo o planeta
se pauta em influenciadores digitais dos quais nem ao menos sabem a real
procedência e mais: os têm como seus gurus digitais midiáticos em graus de
dependência em escolhas que definirão o próprio amanhã? Que futuro ainda mais sinistro esperar daí?
Analisando a dependência do estado social impositivo lastimável a que nossos
ancestrais se obrigaram sem opção alguma de opinar, podemos afirmar que a
liberdade de escolha está presente nos mais variados campos sociais ao homem
contemporâneo, no entanto ele insiste na dependência indolente do primeiro
próximo que assim o mantenha, isto é, continua ainda preso, porém, agora, tendo
inúmeras janelas de oportunidades para aproveitar minimamente o pouco de
liberdade conquistada.
O marketing
após lobotomizar seus adeptos, evoluiu do convencimento dos indivíduos por
determinada marca de embutido a um patamar ainda mais perigoso: à manipulação
para direcionar estes agora fanatizados às pessoas tidas como seus iguais
totalmente despreparados a induzir-nos às escolhas de toda a sorte de opções:
de comportamento, de vontades, políticas etc.
Em algum
lugar li:
“Quando um
cego se deixa guiar por outro, ambos caem no fosso.”
068.q cqe
Heurística do medo...
...ou “hocus
pocus”. Ops! Hoc est corpus.
...
“Medo do
desconhecido pode nos paralisar mais do que qualquer tirano. Ao longo da
história havia a preocupação de respostas absolutas, a sociedade humana ia
desmoronar. Na verdade, a história moderna demonstrou que uma sociedade de
pessoas corajosas dispostas a admitir sua ignorância e fazer perguntas difíceis
geralmente não é apenas mais próspera como também mais pacífica do que sociedades
nas quais todos têm de aceitar uma única resposta sem questionar. Pessoas
temerosas de perder sua verdade são propensas a ser mais violentas do que
pessoas acostumadas a olhar para o mundo de diferentes pontos de vista.
Perguntas às quais você não é capaz de responder são geralmente muito melhores
para você do que respostas que você não é capaz de questionar.” p259
“Se forem
leais à verdade científica, à compaixão, à igualdade e à liberdade, são membros
integrais do mundo secular, e não há nenhum motivo para solicitar que tirem
seus solidéus, suas cruzes, seus hijabs
ou tilakas.” p261
“Dogmas
religiosos e ideológicos ainda são atraentes em nossa era científica porque nos
oferecem um porto seguro para a frustrante complexidade da realidade.” p285
“Quando mil
pessoas acreditam durante um mês numa história inventada – isso é fake News. Quando 1 bilhão de pessoas
acreditam durante milhares de anos – isto é uma religião, e somos advertidos a
não chamar de fake News para não
ferir os sentimentos dos fiéis (ou incorrer em sua ira).” p290
“O fato é
que a verdade nunca teve papel de destaque na agenda do Homo sapiens. Muita gente supõe que se uma determinada religião
ou ideologia não representa a realidade, cedo ou tarde seus adeptos acabarão
descobrindo, porque não serão capazes de competir com rivais mais esclarecidos.
Bem, esse é apenas mais um mito reconfortante. Na prática, o poder da
cooperação humana depende de um delicado equilíbrio entre a verdade e a
ficção.” p296
“E, à
medida que a tecnologia adquire uma melhor compreensão dos humanos, você
poderia se ver servindo a ela cada vez mais, em vez de ela servir a você. Você
já viu esses zumbis que vagueiam pelas ruas com o rosto grudado em seus
smartphones? Você acha que eles estão controlando a tecnologia ou é a
tecnologia que os está controlando?” p328
“Para saber
quem você é, e o que deseja da vida. Este é o mais antigo conselho registrado:
conheça a si mesmo. Por milhares de anos filósofos e profetas instaram as
pessoas a conhecerem a si mesmas. Mas esse conselho nunca foi mais urgente do
que é no século XXI, pois diferente da época de Lao Zi ou Sócrates agora você
tem uma séria concorrência.” p329
“Não faz
diferença qual seja seu caminho particular, desde que você o siga. Uma
lavadeira que segue com devoção o rumo de uma lavadeira é muito superior a um
príncipe que se desvia do caminho de um príncipe.” p332
“A maior
parte das narrativas é mantida junta pelo peso de seu telhado e não pela
solidez de suas fundações.” p346
Trechos do
livro de Yuval Noah Harary
21 lições para o século 21
Companhia das Letras
21 lições para o século 21
Companhia das Letras
067.q cqe
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IMPai,
Lançar a lança,
O Entusiasta
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