(...)
Foi então
que falamos sobre “As três verdades”.
Argumentamos,
inicialmente, sobre as duas mais prementes; de mais fácil abordagem. Em
seguida, diante da estranheza do que para ele não passava de uma cogitação
bastante original - que penso, pouco estava realmente assimilando -, misturada
a curiosidade -; desenvolvemos a terceira.
A primeira,
afirmei, é o estado do “Clip da Enia” – mesmo que pouquíssimos a conheçam ou
possam ligar esta expressão ao verdadeiro significado. Dentro de uma
representação bastante simbólica remete ao todo maior que, envolvido com seus
afazeres momentâneos seguem tocando a vida sendo um “doutor, padre ou policial,
contribuindo para o belo quadro social” como diria o poeta. Presos as suas
convenções obrigatórias, trabalho, sustentos, coexistência e/ou sobrevivência
pura e simples.
Ou não.
Alguns se recusam. “C...! Não é possível. Pra trás não volto; o que temos
então?”.
A terceira
verdade. A Transcendência; o transcender.
E aqui uma
fenda abissal é aberta... impossível de ser transposta.
Porém você
já foi inoculado por perdigotos e babas aspergidas do ladrar infernal proferida
do acoo sobrenatural das cabeças do Cérbero que, ao contrário do que
entendemos, ele se apresenta sempre que precisamos tomar decisões as quais
somos prensados e, uma vez ultrapassado ou acessado seus domínios, o que
entendemos por dúvida atroz se instala em nosso ser que, ao não avançarmos, o
máximo que conseguimos retroceder é ao “Limbo da Existência”. Não será mais
possível retornar a monotonia social fingindo que nada aconteceu, você
tornou-se um zumbi desperto - atento, desconfiado, inquieto, enjoativo e
nauseante – sem nada poder fazer – que sente, vestido de uma paixão que não
sabia existir: que não é possível enfrentar o que assiste; ao mesmo tempo em
que, ainda ignorando, está praticando, maturando a coragem necessária a abrir
outros portões periféricos essenciais.
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