O pensador
é um desocupado que observa o ainda imponderável no plano terreno, ao homem
comum, à sociedade, aos status quo. Poderia suas ponderações ser comparada
aquelas supermáquinas que perfuram a rocha para o avanço do progresso, mas
então o rasgo inicial abrupto da matéria é muito superior ao que consegue o
visionário – não possui tal força. Não. Seu pensar absurdo está mais para uma
pequena nascente, um filete de água em meio à densa floresta que inicialmente
sob o poder da gravidade, alheio, infiltra-se paulatinamente ao longo de
centenas de anos de ebulição estranhas a si, quando, como se o tempo não
existisse, uma pequena fenda é avistada. A partir de um ou dois indivíduos,
alguns poucos rascunham o que pode significar à descoberta da mina em meio à
esterilidade soberana; ou quando o veio é um fio de água pura originada próximo
ou em conjunto aos esgotos fétidos e descuidados a céu aberto, aceito por todos
os homens desprovidos de sede que desaprenderam o exercício do pensamento! Este
pode permanecer por décadas camuflado sob os dejetos pesados que sufocam toda e
qualquer forma de vida que inadvertidamente tenha a má sorte de ali obrigar-se.
Este poço, após décadas, quando o progresso sob diretrizes amadoras que
preferem a facilidade dos atalhos formados tudo aterram enterrando mínima
chance de vingar outra saída que se atestará, fez falta ter sido trazida a tona
somente agora quando a fonte desde sempre reservou aplicabilidade não fosse o
aceitar fácil do pensar conformado.
“Quando se
quer servir de mediador entre dois pensadores decididos mostra-se a sua própria
mediocridade: é que se não possui vista suficientemente boa para distinguir o
que é único; fazer igual, é a consequência da miopia.”
Friedrich Wilhelm Nietzsche
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