“(...)
Mas chega uma época em que o mal é
tão grande que as próprias causas que o originaram são necessárias para
impedi-lo de proliferar; é o ferro que é preciso deixar na ferida, por temor de
que o ferido expire ao se arrancá-lo”
“...Embora
sejam necessários filósofos, historiadores e cientistas para esclarecer o mundo
e conduzir seus cegos habitantes, se for verdade o que o sábio Mnemon me
ensinou, nada seria tão irracional quanto um povo de sábios.”
“...O povo
recebe os escritos dos grandes sábios para julgá-los, não para instruir-se.
Nunca se viram tontos enganadores. O teatro pulula, os cafés estremecem com
suas frases, que além disso são estampadas nas gazetas, os passeios estão
coberto com seus textos e me inclino a criticar o Orphelin só porque o vejo
elogiado por um imbecil tão incapaz de enxergar suas deficiências que mal pode
sentir suas belezas.”
“... Se
investigarmos a primeira fonte de desordens da sociedade, veremos que todos os
males dos homens advêm bem mais do engano que da ignorância, e aquilo de que
nada sabemos nos prejudica bem menos que o que acreditamos saber.”
*
“A injustiça dos homens pune como crime a
vontade de agradar quando essa vontade não tem êxito.”
Detalhes de
uma das cartas
de Rousseau
a Voltaire-p190/191
No livro
Voltaire –
Cartas Iluministas
Zahar
*
Como é
fácil apoiar-se no que fôra dito. Pegar carona, no mais, oportunas, covardes, a
espinhar um qualquer ou todo um estado na conformidade de aposentos tão
manchados quanto! O acomodar conveniente do pusilânime valendo-se de grandes
ideias de verdadeiros pensadores se aproveitando para enredar incautos de
iguais índoles a dar crédito ao vazio semelhante sem jamais forçar-se a
verificar que a verdade vendida há muito perdeu a validade justamente porque
nossa cultura derivou para a máxima nefanda, amorfa do aceite oco.
Como,
agora, retirar o ferro que estanca uma realidade outra, perdida, quando sabemos
ao menos isso, que é justamente o instrumento que produziu nossa sociedade ulcerada que a mantem, minimamente, sob o estado de estertores esterção sem que sucumbamos totalmente, sem que este imenso corpo convulsione
em infindáveis colapsos.
Não seria
este o motivo sórdido do neo coronelato execrável; utilizar-se do vil
expediente ao culpar seus parentes nepotistas que vagueiam entre breus de
ébanos a nós desconhecidos o fato de não aliviar a dor, ao contrário; acochar com
mais vigor os torniquetes!?!
É necessário estar muito bem acorrentado para transar de rato e perceber a verdade que no covil é mantida a ferros.
Homenagem a Raul Seixas
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