“(...)
Mas chega uma época em que o mal é
tão grande que as próprias causas que o originaram são necessárias para
impedi-lo de proliferar; é o ferro que é preciso deixar na ferida, por temor de
que o ferido expire ao se arrancá-lo”



*
“A injustiça dos homens pune como crime a
vontade de agradar quando essa vontade não tem êxito.”
Detalhes de
uma das cartas
de Rousseau
a Voltaire-p190/191
No livro
Voltaire –
Cartas Iluministas
Zahar
*
Como é
fácil apoiar-se no que fôra dito. Pegar carona, no mais, oportunas, covardes, a
espinhar um qualquer ou todo um estado na conformidade de aposentos tão
manchados quanto! O acomodar conveniente do pusilânime valendo-se de grandes
ideias de verdadeiros pensadores se aproveitando para enredar incautos de
iguais índoles a dar crédito ao vazio semelhante sem jamais forçar-se a
verificar que a verdade vendida há muito perdeu a validade justamente porque
nossa cultura derivou para a máxima nefanda, amorfa do aceite oco.
Como,
agora, retirar o ferro que estanca uma realidade outra, perdida, quando sabemos
ao menos isso, que é justamente o instrumento que produziu nossa sociedade ulcerada que a mantem, minimamente, sob o estado de estertores esterção sem que sucumbamos totalmente, sem que este imenso corpo convulsione
em infindáveis colapsos.


É necessário estar muito bem acorrentado para transar de rato e perceber a verdade que no covil é mantida a ferros.
Homenagem a Raul Seixas
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