sábado, 14 de março de 2020

“Christine”




Após assistir ao filme “Christine - uma história verdadeira”, podemos dizer somente uma coisa como uma espécie de catarse: “tudo errado”. Isto é, o filme é uma brevíssima síntese de todos os “ismos” que fatalmente descarrilam (por perda de sentido ou mesmo validade) quando comandados por amadores. Traduzam-se amadores como todos aqueles que, de posse de uma vontade, dessas com letras minúsculas, se associam a um grupelho que, a partir desse pequeno vórtice vão arrebanhando desavisados até que o monstro se torne superior a ideia inicial, pronto, está formado um corpo com inúmeras cabeças cujas necessidades particulares e mesquinhas em determinado ponto apontam para lados diferentes, inclusive opostos. Não dará certo. No entanto estes alienados troncos superiores conseguem de alguma forma incomum, concatenarem uma ou outra opção de posse que o agora corpanzil consiga subjetivamente arrastar-se por tempo indefinido causando estragos como se um Godzilla irritado passasse sobre um pequeno povoado.










Christine assaltada de problemas particulares e vontades ordinárias - normais aos meios ignóbeis -, pensava diferente neste mundo então, desassumidamente medíocre. No entanto o filme não aponta por que ela não teve coragem de sair daquele alagadiço, optando em ficar e tentar impor à força – “força de mulher” (sem apoio algum) – ideias entre um grupo asqueroso, machista e, obviamente, retrogrado; de homens velhos totalmente acomodados em suas vidas desprezíveis. Não tem como dar certo (obrigatoriamente e sem maiores efeitos, deixemos de lado seu problema pessoal de, sei lá, personalidade obsessiva, que no filme foi apontado como “aquela fase”).









Assim também somos todos. Empacamos no primeiro lagamar de ideias vendidas sem prestar atenção na extensão maior do mar que formou este pequeno redemoinho que agarra incautos desesperados em acomodar-se e, quando se voltar a um mínimo levantar de cabeça para além da rebentação já não possuem força ou entendimento suficiente para vencer os enroscos inertes que, assim como ele foram trazidos e que mantêm a todos mimetizados, convencidos de que não é mais possível até que o desespero o trague definitivamente.



*






Todas as empresas humanas têm data de validade, a exceção daquelas voltadas à caridade.



032.s cqe