Após
assistir ao filme “Christine - uma história verdadeira”, podemos dizer somente
uma coisa como uma espécie de catarse: “tudo errado”. Isto é, o filme é uma
brevíssima síntese de todos os “ismos” que fatalmente descarrilam (por perda de
sentido ou mesmo validade) quando comandados por amadores. Traduzam-se amadores
como todos aqueles que, de posse de uma vontade, dessas com letras minúsculas,
se associam a um grupelho que, a partir desse pequeno vórtice vão arrebanhando
desavisados até que o monstro se torne superior a ideia inicial, pronto, está
formado um corpo com inúmeras cabeças cujas necessidades particulares e mesquinhas
em determinado ponto apontam para lados diferentes, inclusive opostos. Não dará
certo. No entanto estes alienados troncos superiores conseguem de alguma forma
incomum, concatenarem uma ou outra opção de posse que o agora corpanzil consiga
subjetivamente arrastar-se por tempo indefinido causando estragos como se um
Godzilla irritado passasse sobre um pequeno povoado.
Christine
assaltada de problemas particulares e vontades ordinárias - normais aos meios
ignóbeis -, pensava diferente neste mundo então, desassumidamente medíocre. No
entanto o filme não aponta por que ela não teve coragem de sair daquele
alagadiço, optando em ficar e tentar impor à força – “força de mulher” (sem
apoio algum) – ideias entre um grupo asqueroso, machista e, obviamente, retrogrado;
de homens velhos totalmente acomodados em suas vidas desprezíveis. Não tem como
dar certo (obrigatoriamente e sem maiores efeitos, deixemos de lado seu
problema pessoal de, sei lá, personalidade obsessiva, que no filme foi apontado
como “aquela fase”).
Assim
também somos todos. Empacamos no primeiro lagamar de ideias vendidas sem
prestar atenção na extensão maior do mar que formou este pequeno redemoinho que
agarra incautos desesperados em acomodar-se e, quando se voltar a um mínimo
levantar de cabeça para além da rebentação já não possuem força ou entendimento
suficiente para vencer os enroscos inertes que, assim como ele foram trazidos e
que mantêm a todos mimetizados, convencidos de que não é mais possível até que
o desespero o trague definitivamente.
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Todas as empresas humanas têm
data de validade, a exceção daquelas voltadas à caridade.
032.s
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