sábado, 27 de fevereiro de 2021

Ouçam... (Antes, aposse-se do que está Escrito)

 







"Não confiai folgando-se antes na posse perene de vossas posses sobre o que o Pai deixou escrito."


Antigo provérbio Hebreu




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Que tempestades enfrento?

 



Em quais sortes de tempestades minha vida está emaranhada? Aquelas provocadas por pura ignorância e teimosia, ou, enfrento-as com dignidade ao ter me arriscado com seriedade na busca de melhorar o que me foi entregue ou ousado, com alguma honra, atirar-me em universos ainda inexplorados, tempestades estas que pareço ter sido derrotado, porém me mantenho orgulhosamente humilde com os propósitos de tê-las enfrentado. Agitares intempestuosos que, se não fosse eu a sair, ninguém mais poderia me salvar a não ser a Fé que carrego em um Deus que tende ao salvamento de todos, porém que Caiu nas graças de continuar caminhando ao meu lado.



*









Dos agonizantes de plantão recebi esta semana algo que remete ao Salmo 89:9

“Se Jesus está no seu barco, não temas as tempestades.”







Imaginei então, por um instante; se se apoiassem no bom senso ainda assim se atirariam ao mar a ponto de arriscar-se em vãs tempestades!?! ... e, uma vez lá, caso o bom senso perdesse a aposta, saberiam resignar-se e implorar ajuda com humildade?

Este é o plano das tempestades. Porém, “a cada dia basta seu mal”. Não nos esforcemos em procura-las; sigamos vigilantes e atentos ao movimentar dos astros e então... que venha o que já não pode mais ser adiado.







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Amor a Coisa


Nós que escrevemos por amor as palavras, amor às coisas; a coisa da escrita; em algum momento acessamos definitivamente o poder, a força das palavras e mais: sua independência.


Acredito em instantes, palavras e textos completos que são inspirados sob os holofotes; sob a regência das energias do Reino das Escritas. Eu, como um autor/ferramenta; posso aglutinar palavras e ideias sob o viés do meu entendimento, no entanto em algumas situações é nítida certa ocorrência ao se encerrar o processo e por dias, ou em um espaço de tempo maior, apreender que não posso me apropriar com exclusividade do resultado; isso quando bom. Porém esta ausência é entusiasmadamente evidenciada quando insistimos em rebuscar carregando nas tintas exclusivas do limitado entendimento pessoal. Se me deixei levar por empolgações próprias sem ater-me a concentração inspiradora do instante.

Para muitos que amam de verdade a escrita, esta percepção pode até fazer sentido; quando não faz sentido ou é quase imperceptível àquele que desenvolveu o dom, o tino meramente comercial do assunto.

Esta semana, em seu seriado, ouvi a Fran Lebowitz dizer que parou de gostar de escrever quando precisou fazê-lo por dinheiro.

Sempre tive comigo que escrever comercialmente tolhe nossa liberdade, mas isto se daria no meu caso. Insisto que toda a afirmativa dos parágrafos anteriores ocorre também na escrita comercial. Reafirmo aqui que usei “Reio das Escritas”, plural, portanto a abrangência é total, ainda que nem todos, - é preciso ponderação, sempre – percebam ou possuam humildade suficiente para declarar que legiões extra matéria estejam ou são capazes de influenciar suas ocupações comerciais.




Também por percepção, penso que em algum instante vou me tornar um com, ou um membro; um partícipe deste reino metafísico, - acredito em muito mais, mas é certo que este não é o momento para discorrer sobre o assunto. Quando isto se der, algo que ainda instiga (ou intriga) insistentemente sobre o universo de dúvidas que ocorrem, mesmo durante este quarto de hora que escrevo este exercício, mira a Evolução Consciente da Escrita. Ao observar alguns textos de décadas é fácil apontar ou pontuar diferenças ou formas onde foram encrustadas séries de palavras que destoam do mote razoável. Não entendo ser possível desfazer nenhuma sequer. É certo que, mesmo tentado, não aprovaria tal medida, afinal é um registro que conta minha história e consequentemente pode ser um balizador do caminho percorrido; porém, como no cotidiano poderemos ser observados por uma ou outra ação executada ou não, imagino que meu conscientizar racional ao ser apurado poderá sofrer deméritos em respeito às formas como esparramei palavras “emprestadas” – foram poucas que inventei – assinalando, obviamente, a singularidade do histórico.



Após quase três décadas de exercícios é natural que a consciência inicial tenha se lapidado e muito da impetuosidade inicial cedeu lugar a ponderação e agora durante as inspirações que se dão a qualquer hora do dia, existe uma preocupação maior com a força que cada palavra imprime ao texto. E caso um que outro venha decifrar o que tentei deixar claro descubra tão somente que desta busca o que se detecta inicialmente: é sua particularíssima abrangência genérica.



Utilizando o jargão comercial, não fujo a pecha do “estilo”, e não há aqui a veia radical que possa insinuar que os autores perdem o plano principal ao assumirem que um universo paralelo age, até interferindo, na vontade daqueles mais combativos a divisão de suas ideias. Aqui é explicitado com uma seriedade responsável que não estamos sós quando criamos. Os vendedores de livros, ou os “gastadores de tinta” como se refere Schopenhauer, insistem em romancear as Divas, as Ninfas, as Nereidas ou Virgens Vestais etc... como seus Espíritos Inspiradores - quando muitos de nós sabemos o que isso significa. É certo que elas existem e faz parte de todo o processo da escrita TUDO o que envolve a escrita, obviamente; porém há muito mais.



Trazendo para o meu universo bastante peculiar, entendo que todas as personagens anônimas que “não aparecem” nos textos são reais. Busquei-as na cotidianidade diária - tão brutal quanto prazerosa -, aleatórias, uso um modelo para parafrasear muitos outros. “Seria um ataque, uma revolta vazia, desforra, vingança; desatino de uma tresloucada?” Não. Nunca. Jamais. É tão somente um exercício, um passatempo. Meu hobby. Antes; muito antes de tudo, tenho a consciência arduamente trabalhada a respeito da nossa “borota da piada” como se referem ao Plano Terra um grupo de “Defuntos”, a que tenho afinidades.

Estamos aqui, muito para nos divertir respeitando, sempre; mas, se podemos clarear nossa consciência sobre o que não é daqui. Melhor.




“Acredito que as ideias querem nascer; elas têm consciência e circulam pela Terra à procura de um ser humano para colaborar, para fazê-las nascer (...) E para conseguir ouvi-las você precisa ter suas prioridades definidas, precisa ter seus limites, precisa de tempo e energia para escutar a ideia quando elas vem sussurrar em seu ouvido – e isso é Magia. E você precisa se aproximar dela como se aproxima do supernatural. Torna-se um servo desta relação.” – Elizabeth Gilbert

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sábado, 20 de fevereiro de 2021

Da revolta gratuita dos covardes


 
















Ainda desgraçados; antes somos destruidores covardes. A questão insiste em retornar; por que nossa obsessão em destruir? Provavelmente ela reside na covardia do enfrentamento pessoal. Ao não conseguir trabalhar o que amesquinha o viver gratuito próprio; irrompemos com nossos instintos de miserabilidade covarde contra o que parece ser mais fácil explorar: o estado indefeso a nossa volta.


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Auxílio

 


O auxílio jamais atingiu o ponto em que chegamos. Talvez a máxima “não saiba a tua mão esquerda o que dá a direita” precisa ser contextualizada. Onde, “mão” não representa o membro do nosso corpo; talvez ouve uma falha de interpretação aí, e as escrituras aludam a “via”: representando sim um membro do corpo, porém a referência é o cérebro com seu lado esquerdo e direito e não as mãos.



A interpretação secular continua sendo válida - embora atualmente ela tenha praticamente se tornada despropositada; afinal vivemos um período triste, onde por conta de termos muito pouco a oferecer, o peso recai todo em mostrar-se, aparecer, lacrar, por exemplo; que graça há em esconder as boas ações?


Estamos; tudo está em constante movimento, em transformação. Precisamos entender que As Escrituras precisam ser adaptadas, abandonar os dogmas arcaicos e repaginá-los – com muito cuidado, é óbvio.


O lado esquerdo do cérebro é responsável pela interpretação “lógica” das situações. Esta metade analisa os dados; busca as razões que justificam os acontecimentos. O direito é “emocional”, intuitivo ao interpretar as situações.



O que estamos observando no mundo atual! Um absurdo. Tudo é desmedido. Rachas internos entre os membros e/ou poderes. Os governantes se atacando; isto não é novo. Mas há certo teatralismo absurdo e acentuadas tendências ao autodidatismo, ao amadorismo somado a velha política que há anos também não é contextualizada. A Política é complexa e este não é o lugar de discuti-la. Então voltemos ao que importa aqui; o mundo dos humanos como um todo.


O que temos assistido? Um teatro de horrores.


Lutas de classes e gênero; intromissão desmedida nas Redes Sociais; disseminação do ódio; desmantelamento das famílias; tudo apoiado em um fator histórico arranjado: “o mundo sempre foi assim”. Então é isso!?! Mulheres e crianças sendo massacradas em suas próprias casas; incesto, estupros, pedofilia, milícia, tráfico de armas, de corpos, de órgãos, de drogas. Corrupção; achaques. Enquanto um lado se esforça para salvar vidas, outro finge vacinar para lucrar alguns com as gotas roubadas – quantos de nós não aproveitaríamos a oportunidade?


“Que a sua via esquerda do cérebro não saiba o que faz a direita”; ou seja, precisamos continuar auxiliando sem consultar o nosso analisar lógico. Não podemos jogar a toalha. Se formos analisar interpretativamente as ações humanas atuais, não é fácil continuar auxiliando. Apesar do quadro tétrico, precisamos buscar a partir da valorização de exíguos sentimentos que dispomos no nosso coração; é somente assim que conseguiremos nos manter auxiliando, mesmo aquele que insiste em nos tachar de otário.



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Do pessimismo e do realismo

 


Mesmo contra minha vontade não consigo construir o início do pensamento de hoje sem o clichê do copo meio cheio, paciência; é por isso que exercito minha escrita.


Meu pensar é pesado, é crítico, intragável, mesmo a algum pesquisador que o observe minimamente é enfadonho. Em muitas oportunidades penso que minha escrita não é para ser convencionalmente lida. Na prática ela não é aplicável nestes tempos de inquietações suspensas; apenas se dá agora porque pontua observando o que está ocorrendo às vistas de sua contemporaneidade. E tenho como avalista imperturbável o fato de estar sendo pensado - por contemporaneidade não é possível delimitar o período das pesquisas correlacionadas; ele pode abarcar, em muitas anotações, ocorrências seculares.




É útil? Não. Não para o que presenciamos, não para as representações e necessidades do arrasto humano que se concretiza por enquanto e para sempre no sistema social a que estamos inseridos.




É útil para meu deleite. Escolhi muito aos poucos este viés atormentado, que, obviamente, admiro. Tenho muito orgulho do que está sendo construído através destes apontamentos. Uma frase, um aforismo; um chiste portador de toda minha energia contrária ao que estou exposto salva meu dia. Por dias um texto pode me manter mais ativo que um viciado em início de carreira (“s”) consegue por alguns minutos. Por algum motivo que não procurei saber; isso se dá comigo. E o mais importante: não há ódio em meu coração. Não vou as redes destilar meus venenos e digladiar com um desconhecido aleatório porque nossas ideias não coadunam. Até dou uma pontada aqui e outa ali, entendo buscar com elas uma espécie de registro. Imagino aí, um histórico sendo anotado; e se em algum tempo – espero que não chegue este tempo – tiver a pretensão de saber se houve uma manifestação a respeito, do momento histórico, estará lá.





Não há revolta, elas de nada adiantam quando se está em vias de salvar-se a vida. O que é mais importante quando se encontra desesperado, porém nossa sanidade ainda não abandonou a cachola ao ponto de pular nas corredeiras!?!

Este é o histórico humano hoje.

Isto não é ser pessimista, mas realista.




O pessimista se desespera, se debate, tenta movimentar seu entorno, se descabela, na maioria das oportunidades age por impulso, tende ao proliferativo e até mesmo agride. Automedica-se, nervosamente se distrai, tenta atividades físicas, se droga, se desequilibra somando a favor da desproporção; da instabilidade, a partir do seu sistema micro.


O que temos hoje? Milhões de micros sistemas desiquilibrados, instáveis, funcionando sob a ação de medidas corretivas.




O realista nada faz. Invariavelmente não há o que ser feito. No meu caso pratico meu hobby da escrita, rio muito e acho graça do que mais ninguém acha. E na maior parte do tempo sou um chato de galocha, um ranzinza homérico assumidíssimo – atento apenas a uma consciência mínima para não afastar todos ao redor.






Na adolescência aprendi que: o que não tem solução solucionado está; porém não percamos a cabeça, afinal a felicidade é possível no caos se sua mente concentrar um mínimo de equilíbrio e não se impressiona com ele. Ter ciência no caos dá uma vantagem ao realista; se torna um martírio ao pessimista e é o nada – nada de desconhecimento total - filosófico ao alienado que consegue dormir sob a verborreia histriônica somada a cacofonia indecifrável a que ignora muito provavelmente, por opção.



No início deste exercício, ao pensar o título, imaginei uma narrativa que tendesse à metafísica, porém desisti no meio do caminho. Mudei este pensamento ao perceber que o tom atordoantemente físico do aqui narrado combina por si só com a dicotomia realista/pessimista.



“Mas muita coisa ficou no ar!?!”


O que se há de fazer. Este é o meu hobby. A minha arte; e ainda que a riqueza se encontre nos detalhes, o que ficou evidenciado nas margens é mais do que suficiente para um exercitar são; embora insuficientemente acessível para convencer um único a voltar-se para a realidade. Paciência.






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sábado, 13 de fevereiro de 2021

Destino - vida aquém; destino além

 



 

O destino não é uma extensão

É um lapso

O que vivemos é a vida acontecendo

O destino se faz após a ação

O que insistimos pensar se tratar de destino

nada mais é que o existir

O destino se apresenta sempre depois da escolha

Insistimos em fabricar o destino



E o fabricamos

Aleatório

Às avessas

Canhestro

Gambiarrado

Sinistro

Pesado




Acometidos em tormentos indetectáveis

Agarramo-nos ao seu balsamo anódino

passivo e conveniente

preguiçoso

Ah! A nossa sempre cômoda esperança

Teimamos em fabrica-lo

Quando

ao contrário

ele é soberano

Efêmero; o destino é uma correção

Um pontuar pincelar

Mínimo

Ínfimo

Último

Saudável ou não

Sempre determinante

Inexoravelmente inflexível

O destino não existe antes da consumação

e após...

...não se permite envolver.



Somos donos do nosso próprio e particularíssimo destino que erige nossas vidas e, ao contrário do que pensamos; somos os únicos responsáveis por tudo aquilo que construímos. O destino é um ajuste, um comando, um by-pass que pode ser conquistado e portanto, não está a disposição de todos no que se refere ao que entendemos por benção. Desta feita, não é nossa crença externa quem dita nosso caminho. É somente a consciência atingida quem determina os padrões do nosso destino.

 

“Você dá o melhor de si, e então o destino se apresenta.”

O Último Samurai




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