Mesmo contra minha vontade não consigo construir o início do pensamento de hoje sem o clichê do copo meio cheio, paciência; é por isso que exercito minha escrita.
Meu pensar
é pesado, é crítico, intragável, mesmo a algum pesquisador que o observe
minimamente é enfadonho. Em muitas oportunidades penso que minha escrita não é
para ser convencionalmente lida. Na prática ela não é aplicável nestes tempos
de inquietações suspensas; apenas se dá agora porque pontua observando o que
está ocorrendo às vistas de sua contemporaneidade. E tenho como avalista imperturbável
o fato de estar sendo pensado - por contemporaneidade não é possível delimitar
o período das pesquisas correlacionadas; ele pode abarcar, em muitas anotações,
ocorrências seculares.
É útil?
Não. Não para o que presenciamos, não para as representações e necessidades do
arrasto humano que se concretiza por enquanto e para sempre no sistema social a
que estamos inseridos.
É útil para meu deleite. Escolhi muito aos poucos este viés atormentado, que, obviamente, admiro. Tenho muito orgulho do que está sendo construído através destes apontamentos. Uma frase, um aforismo; um chiste portador de toda minha energia contrária ao que estou exposto salva meu dia. Por dias um texto pode me manter mais ativo que um viciado em início de carreira (“s”) consegue por alguns minutos. Por algum motivo que não procurei saber; isso se dá comigo. E o mais importante: não há ódio em meu coração. Não vou as redes destilar meus venenos e digladiar com um desconhecido aleatório porque nossas ideias não coadunam. Até dou uma pontada aqui e outa ali, entendo buscar com elas uma espécie de registro. Imagino aí, um histórico sendo anotado; e se em algum tempo – espero que não chegue este tempo – tiver a pretensão de saber se houve uma manifestação a respeito, do momento histórico, estará lá.
Não há
revolta, elas de nada adiantam quando se está em vias de salvar-se a vida. O
que é mais importante quando se encontra desesperado, porém nossa sanidade
ainda não abandonou a cachola ao ponto de pular nas corredeiras!?!
Este é o
histórico humano hoje.
Isto não é
ser pessimista, mas realista.
O que temos hoje? Milhões de micros sistemas desiquilibrados, instáveis, funcionando sob a ação de medidas corretivas.
O realista nada faz. Invariavelmente não há o que ser feito. No meu caso pratico meu hobby da escrita, rio muito e acho graça do que mais ninguém acha. E na maior parte do tempo sou um chato de galocha, um ranzinza homérico assumidíssimo – atento apenas a uma consciência mínima para não afastar todos ao redor.
Na adolescência aprendi que: o que não tem solução solucionado está; porém não percamos a cabeça, afinal a felicidade é possível no caos se sua mente concentrar um mínimo de equilíbrio e não se impressiona com ele. Ter ciência no caos dá uma vantagem ao realista; se torna um martírio ao pessimista e é o nada – nada de desconhecimento total - filosófico ao alienado que consegue dormir sob a verborreia histriônica somada a cacofonia indecifrável a que ignora muito provavelmente, por opção.
No início deste exercício, ao pensar o título, imaginei uma narrativa que tendesse à metafísica, porém desisti no meio do caminho. Mudei este pensamento ao perceber que o tom atordoantemente físico do aqui narrado combina por si só com a dicotomia realista/pessimista.
O que se há de fazer. Este é o meu hobby. A minha arte; e ainda que a riqueza se encontre nos detalhes, o que ficou evidenciado nas margens é mais do que suficiente para um exercitar são; embora insuficientemente acessível para convencer um único a voltar-se para a realidade. Paciência.
090.t cqe