Acredito em instantes, palavras e textos completos que são inspirados sob os holofotes; sob a regência das energias do Reino das Escritas. Eu, como um autor/ferramenta; posso aglutinar palavras e ideias sob o viés do meu entendimento, no entanto em algumas situações é nítida certa ocorrência ao se encerrar o processo e por dias, ou em um espaço de tempo maior, apreender que não posso me apropriar com exclusividade do resultado; isso quando bom. Porém esta ausência é entusiasmadamente evidenciada quando insistimos em rebuscar carregando nas tintas exclusivas do limitado entendimento pessoal. Se me deixei levar por empolgações próprias sem ater-me a concentração inspiradora do instante.
Para muitos que amam de verdade a escrita, esta percepção pode até fazer sentido; quando não faz sentido ou é quase imperceptível àquele que desenvolveu o dom, o tino meramente comercial do assunto.
Esta semana, em seu seriado, ouvi a Fran Lebowitz dizer que parou de gostar de escrever quando precisou fazê-lo por dinheiro.
Sempre tive
comigo que escrever comercialmente tolhe nossa liberdade, mas isto se daria no
meu caso. Insisto que toda a afirmativa dos parágrafos anteriores ocorre também
na escrita comercial. Reafirmo aqui que usei “Reio das Escritas”, plural,
portanto a abrangência é total, ainda que nem todos, - é preciso ponderação,
sempre – percebam ou possuam humildade suficiente para declarar que legiões
extra matéria estejam ou são capazes de influenciar suas ocupações comerciais.
Após quase três décadas de exercícios é natural que a consciência inicial tenha se lapidado e muito da impetuosidade inicial cedeu lugar a ponderação e agora durante as inspirações que se dão a qualquer hora do dia, existe uma preocupação maior com a força que cada palavra imprime ao texto. E caso um que outro venha decifrar o que tentei deixar claro descubra tão somente que desta busca o que se detecta inicialmente: é sua particularíssima abrangência genérica.
Utilizando o jargão comercial, não fujo a pecha do “estilo”, e não há aqui a veia radical que possa insinuar que os autores perdem o plano principal ao assumirem que um universo paralelo age, até interferindo, na vontade daqueles mais combativos a divisão de suas ideias. Aqui é explicitado com uma seriedade responsável que não estamos sós quando criamos. Os vendedores de livros, ou os “gastadores de tinta” como se refere Schopenhauer, insistem em romancear as Divas, as Ninfas, as Nereidas ou Virgens Vestais etc... como seus Espíritos Inspiradores - quando muitos de nós sabemos o que isso significa. É certo que elas existem e faz parte de todo o processo da escrita TUDO o que envolve a escrita, obviamente; porém há muito mais.
Trazendo para o meu universo bastante peculiar, entendo que todas as personagens anônimas que “não aparecem” nos textos são reais. Busquei-as na cotidianidade diária - tão brutal quanto prazerosa -, aleatórias, uso um modelo para parafrasear muitos outros. “Seria um ataque, uma revolta vazia, desforra, vingança; desatino de uma tresloucada?” Não. Nunca. Jamais. É tão somente um exercício, um passatempo. Meu hobby. Antes; muito antes de tudo, tenho a consciência arduamente trabalhada a respeito da nossa “borota da piada” como se referem ao Plano Terra um grupo de “Defuntos”, a que tenho afinidades.
Estamos
aqui, muito para nos divertir respeitando, sempre; mas, se podemos clarear
nossa consciência sobre o que não é daqui. Melhor.
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