sábado, 25 de dezembro de 2021

Castelos de areia

 






 

Impermanência é o ponto da vontade

O nada vazio para o descrente

Ainda mais nada para o crente

O niilismo salvador ao ansioso

Inteligente àquele que agora pondera

 

Entre mares que não cessam

O que leva a destruir ou não

Oceanos que devolvem sobras

Regeneram transformam permitem à vida

Dos volumes a jogar vidas

 

A instabilidade não se mostra

A estabilidade se quer real

O não fluir comanda a negação

Estanque em um rebojo não crível

A cultura é a crença daninha

 


A Terra toda é beira-mar

O rincão longínquo ele não vê

Um mar de coisas é um mar

Um mar de problemas é um mar

Mares destroem quereres

 



Haveres finesse beleza

No alheio causam inveja

No fausto causa soberba

O fino tende ao cafona

Ser belo é abandonar a beleza

 

Toda energia gasta

Tem uma cota perdida

Outra de sub utilizada

Uma outra de não devida

Otimiza-la requer energia

 

As forças estão a toda volta

Comandando empurrando perturbando

Vontades parcas não dão conta

A verdadeira vontade requer energia

Como se há mar demais a ser vencido

 

Outro dia a coisa engrena

Por agora o que temos é o bastante

É imperioso o descanso diário

Também o lazer para repor

Como sob oceanos que não cessam

 

Opiniões são levadas em conta

Mas o que conta é a força contrária

Um ser insciente martelando muros

O toque é o sopro que desvia

Desviar não é sinônimo de vencer

 

A força do fluxo é invencível

Procuremos um remanso paliativo

Daqui pensaremos estratégias

Pensar a longo prazo é a questão

A ânsia é impiedosa com o despreparado

 


Resiliência indica um

Socorro grita um outro

Silêncio é nada incômodo

Nada é tudo ao que nada possui

Nada possuir é um mar de paz

 



Costumes apontam ao ter

Para ter é preciso enfrentar o mar

As areias e tudo mais lhe pertence

Não se negocia se nada tem

E se vendêssemos a alma

 

A alma a única posse

No mais um fiel depositário

A conta o mar devolve

Ainda que impagável é certo

Todos a quitarão

 






Castelos são levantados

Copos e taças se elevam

Os mares espreitam calados

Com suas rebentações escondidas

Ao que brindaremos agora

 

À Paz que um dia virá

Ao Amor que jaz profundo

Ao Nada que será entendido

À Vida que estamos vivendo

Ao Mar que tudo permite

 






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