Você é o que
é ou se trata apenas de um estereótipo tentando mostrar uma personalidade
forjada? Anda envolvido em uma nuvem ou navega soberano com alguns poucos que o
entendem?
Constrange
assistir pessoas, modelos de vida à centena de milhares de pessoas, se
declarando incomodadas por serem subestimadas, por exemplo. Indivíduos que
sobrevivem o cotidiano inconformados com situações pontuais ou mesmo com a
vida, se somam à parcela esmagadoramente maior da população e muitos nos
questionam o porquê desse desconforto generalizado!
A resposta é
simples, o que não é simples é transformar a verdade em representação eficaz:
não fomos talhados a viver para nós; esse é o único motivo a gerar nossos
descontentamentos, desconforto e frustrações, mesmo as mais banais.
É muito importante apreender, aceitar e jogar com este entendimento; sim, jogar. No mundo atual não há possibilidade — a menos que se tenha uma vida que independe de terceiros — de conhecer-se e então optar por uma vida apartada dos demais que insistem na indisposição com o existir. É preciso jogar junto, até porque, nos tornaremos não apenas indelicado quanto indesejáveis, uma vez dono de autoestima superior aos demais, se ficarmos contestando nossos colegas sobre seus queixumes diários.
Conquistar o
amor-próprio, se não for devidamente trabalhado, contido, pode se tornar causa
de dilema social e mesmo expulsar, expurgar o privilegiado indivíduo da vida
daqueles que não conseguem observar no outro o que não possuem. É muito
superior a inveja, é quase uma condição natural fisiológica de repulsa àqueles
que atingem algum grau de disciplina de difícil alcance.
E por mais
paradoxal que possa parecer, ao reprimir colegas que aparentam sempre estar
bem, que, mais empáticos, geram uma convivência mais harmônica entre os seus,
que não se desesperam diante de todos os percalços cotidianos — que não são
poucos —; porque não se sentem bem ao lado de pessoas bem resolvidas; ao
provocar o mutuo afastar, estas não percebem que estão atirando fora uma bela
oportunidade de aprender com o raro exemplo que a vida lhes colocou ao par.
“Era apenas
respeito” — Esse processo, sem querer, acaba tornando o homem de bem, seletivo,
não por sua vontade, e sim, porque ele passa a se ver como um estorvo na vida
dos demais, e então temos a dicotomia, o efeito antagônico da plateia, da
audiência que os entende arrogantes, exclusivistas e até mesmo esnobes.
049.ab cqe