Nada
é mentira, assim como nada é verdade; tudo apenas e extraordinariamente... É.
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Assumido,
ou melhor, alcançado e assumido isso, acessamos a paz da Atividade Passiva.
Neste estágio todas as questões desaparecem, e não porque elas são respondidas,
mas porque perdem o sentido.
Quanto
maior a ignorância (falta de conhecimento), maior é o número de questões. E
ainda que o cético possua todas as suas respostas não significa que tenha atingido
a sabedoria. O real significado desse domínio não é mais do que ter sido apenas
direcionado para um calabouço particular, se não particularíssimo; um labirinto
sem saía, onde, devido ao seu limite, contentou-se com todas as respostas
decoradas, assim, é acertado afirmar que ele possui todas elas, mas essas dão
conta apenas de seu nicho/prisão; do vórtice fraterno e específico a que
pertence ou comunga.
A
liberdade também não existe, mas a partir do momento que é alcançado o insight da Atividade Passiva, a
liberdade perde o sentido material do significado e então perde todo o sentido
porque é apenas aqui que – ou onde - estamos que vivenciamos todo o tipo de
cerceamento em todos os sentidos, tanto interior quanto exteriormente, enfim,
quando ainda inconscientes; presos.
Sobre
esse aspecto de prisão, podemos fazer referência a exemplos onde nossa falta de
interesse causa-nos distração. Produzindo uma espécie de desconhecimento, ou para eles não nos atemos; quando temos
pessoas presas a cadeiras de rodas, camas ou leitos eternos da matéria tão ou mais conscientes
da plenitude da existência do que alguns tipos “saradões” com todos os
movimentos liberados – dificilmente essa observação aparece ou faz sentido para
nós por sermos relapsos; ela deveria fazer-se presente e ser decifrada.
São,
por exemplo, devido a motivos como esses que as perguntas não possuem
respostas, porque elas são mal formuladas ou nem mesmo nos atentamos para esses
desencaixes naturais; ou seja: perguntas ainda indevidas, inadequadas ou
viciadas, que não deveriam mais ter uma carga de importância continuam sendo
formuladas quando dúvidas oportunas ainda nos escaparão por um longo espaço de
tempo por se estar preso ao cômodo.
Há
uma desatenção ao serem formuladas questões, qualquer uma, e mais aquelas que
deveriam nascer para instigar, mas estas são raríssimas, e a repetição desse
quadro continuará eternamente porque ainda aqueles que decoraram as respostas
não se voltam contra o questionador inquirindo-o sobre a falta de cuidado de
ele não fazê-lo (não pensar antes de lançar questão). Porém aqui neste ponto
temos que levar em consideração o descrédito do próprio mentor; nascido e
criado também no comodismo do respeito social, somado as suas reservas
minguadas retirada das mesmas fontes que inadvertidamente cerceiam a obstinação;
ou seja: é um círculo vicioso indestrutível.
Isto
é aqui, isto é nosso, repetindo. Faz parte de nossa vivência, como também é
nosso: ainda que pouco entendamos, não despender esforços em ações que não façam
diferenças imediatas. Em parte, devido à conclusão anterior e,
conseqüentemente, por nem mesmo ter a consciência desenvolvida para assuntos
mais densos. E, por enquanto, nossa curiosidade apenas aumenta para o novo
quando ainda nem mesmo deciframos o velho, porém não o deciframos, não por
falta de inteligência, (hoje a inteligência quase nos sobra, a tal ponto que
nos mantém presos a alguns significados que ao serem tocados atrasaria o
desenvolvimento precipitado rumo a superficialidade tornada necessária). Mas
porque preferimos nos alienar ao que muda de opinião, ao que causa transtorno,
principalmente social? Porque nossa coragem existe oportunamente para sobrevivermos
envoltos em hipocrisias mutuas e então assumir, dar continuidade, a nossa vida
social mascarada, sem a coragem de decidir-se por uma nova opinião. Estas, em
si, são duas respostas, uma real pouco aceita e na outra ponta, o motivo de não
apreciarmos essa espécie de abordagem.
Ainda
esta semana instiguei um destes grupos, a uma pesquisa diferente, justamente no
seu assunto preferido e costumeiro há séculos; porém, inadvertidamente,
utilizei uma palavra proibida para eles: “sob outra perspectiva”; ele então
perguntou, “que perspectiva?”, falei, “mais filosófica”. Então ele tentou, com
seus argumentos manjados, explicar que o profeta alertou sobre os possíveis
desvios que encontraríamos para que nos afastássemos do caminho. Então é isso;
como iremos provocar alguma espécie de mudança quando não sabemos nem mesmo
interpretar o que os ícones sagrados tentaram nos ensinar? Se não temos
segurança, se não conseguimos avaliar a indicação simples, elucidativa,
despretensiosa no que se refere à transgressão; ou réplica ou tréplica orgulhosa
– comum ao meio - de um colega, para lermos um livro filosófico, dificilmente
apontaremos o nariz para fora do labirinto. E o que se pode imaginar, é que
neste domingo na sua congregação, meu colega estará dando seu testemunho para
dezenas de outros: comungando com orgulho a sua firmeza em ter vencido mais uma
vez, ao não desviar seu foco do que (não) disse o profeta, e todos irão
aplaudir e se entreolharem com aquelas faces porcelanizadas da segurança
encontrada apenas quando aglutinados em rebanho.
Temos
coragem de afrontar um pai, uma mãe, desrespeitando-os. Esquecendo-nos que, se
somos menos ignorantes, não raro, é porque eles se conservaram mais – ou assim
- para que nós pudéssemos não o ser.
Temos
coragem de praticar crimes e nos esconder nos vícios e prazeres materiais e não
temos coragem, em um momento de lucidez, - seja das drogas o daqueles que alguns
poucos entendem como tal - de agarrar esta oportunidade e fazer o retorno para
fora do labirinto viciado da sociedade, do trabalho, da carreira, do casamento,
do esporte e das artes que procuram os aplausos, dos radicalismos arraigados
sejam quais forem eles, em suma: somos covardes.
Essa é a verdade. Não, desculpe, não existe
verdade; a verdade é a que se está vivenciando no momento, porém, enquanto
isso, você pode observar seu entorno e bisbilhotar com consciência crítica
positiva as verdades alheias, e quem sabe encontrar uma verdade/ponte que te
aponte um novo norte, afinal as verdades são galhos, são cipós que nos
suspendem em meio a essa floresta insana chamada Planeta Terra; e, quanto antes
adquirirmos sabedoria, menos dependeremos deles para deixarmos as Verdadeiras Copas.
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