sábado, 28 de fevereiro de 2015

Ilha inatingível

Enxergando a oportunidade e tentando um viés oportunista para seu acomodado abandono ao que eleva, perguntou ao Mestre sobre como permanecer alheio; como atingir o estado impossível da não manifestação espontânea reles do ordinário, no ambiente que habita, uma vez vencido, - ou perdido – o clima inicial do respeito e também da vergonha quando já não mais está atento à prática aprendida e não assimilada ainda que a mantenha em alta conta?


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O retornar é sempre mais difícil, iniciou o paciencioso conselheiro, sem demonstrar atenção ao estratagema do aluno, e não sabemos de história alguma, fora da ficção, onde ouve o retorno a partir do degringolar.

 O sábio é uma ilha inatingível de equilíbrio, e para chegar a tanto, é bastante provável que tenha passado por sua questão – numa mesma existência, manter, uma vez desviada, a linha da retidão é tão impossível quanto a ela retornar.

Um homem quando conhece entende principalmente que deve equalizar sua atenção com a prontidão ao que quer que seja que venha enfrentar. Não há espaço para a abstração àquele que carrega mínima vontade.

E essa prontidão deve esquadrinhar todo e qualquer ambiente onde se encontra, caso entenda-se um neófito que prima pela disciplina. Nada passa despercebido. E à medida que as ações ocorrem, ele molda-se a elas jamais esquecendo uma regra sequer.

O aluno somente é em si, quando se trata, já, de um erudito calejado, portanto, ou por conta disso, há incontáveis desistências, porque essa projeção é ampliada à medida que avança.

E, aproveitando o seu corrente julgamento, voltando a sua intenção nada exclusiva, seja aqui ou no oriente, sempre se valendo da manha, essa moeda que somente tem valor cambial entre os iguais mal acostumados. Deves ficar ciente de que é comum que não seja interpretado ao longo de uma caminhada alguns silogismos de significados diversos. Justamente por isso nos foi dotada a paciência, algo ainda muito distante a você.

Era preciso entender que o estulto quando disfarçado e tanto praticado quanto abusadamente embaralhado entre cordiais vênias com o intuito desvelado em ardis amadores, revela-se, primeiramente, um insulto, que ao final, a nada mais serve que revelar a intenção torpe do próprio autor, jogando ou o afundando ainda mais em merecido local.    

Voltando então.

Há uma espécie de “castigo” antecipado, ao qual todo buscador tem acesso: em determinado ponto do caminho ele vislumbra o tempo futuro, mas, somado a essa visão, pode também imaginar o trajeto a percorrer. Tudo pode mudar a partir de então – Ah! Quanta brandura encerra essa última colocação.

E assim é; independentemente de onde se encontra. Porque é sua forma de refutar – se as externa ou internaliza - determinadas manifestações que apontam realmente seu estado de equilíbrio. Tanto mais quanto suas respostas às questões e ações realizadas no habitat escolhido.

E isso tudo está começando e terminando hoje, agora, pior no seu ambiente doméstico, diário. Aí estamos mais acostumados ao estado armado: sempre contra os outros e dificilmente prontos a apontá-lo contra nós mesmos.

Melhora um pouco no ambiente estranho, mas somos ótimos em nos adaptarmos negativamente, e também este, logo estará dominado – através das armadilhas que em si sufocam o próprio armador – quando ao final, retornamos a sua dúvida inicial, por não conseguirmos, não termos a capacidade de dominar nossos ânimos e humores, e consequentemente, prestar atenção ao nosso ímpeto de permanecermos atentos apenas ao externo.


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