sábado, 16 de abril de 2016

Isso em...




Quanto ao mais importante dos nossos sentidos – o nosso senso interno do intervalo entre desejo e posse, que nada mais é que o sentido de duração, aquele sentimento do tempo que antes se comprazia com a velocidade dos cavalos -, ele agora considera os mais velozes trens vagarosos em demasia, e nos afligimos de impaciência entre um telegrama e outro. Ansiamos pela sucessão dos eventos como se fossem comida que nunca está suficientemente condimentada. Se não há, todas as manhãs, um grande desastre no mundo, sentimos um certo vazio: “Não há nada hoje nos jornais”, dizemos.

Paul Valéry (1935)

Do Livro das Citações


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