São olhos
sem vida, porém ávidos; não se sabe se um dia possuíram luz. A que os ilumina
hoje é artificial e emprestada das telas digitais. Seus olhos faíscam ao
refletir a ilusão prometida. Avaros reais, já aos primeiros toques buscam o
terceiro desavisado que se deixou cair nas garras desses zumbis eletrônicos. As
vítimas: aqueles que “erram”, que defendem uma posição contrária ao
miseravelmente descaracterizado corpo de jurados, enfim, incautos que inadvertidamente
pensavam encontrar ali o consolo que as sempre, ainda que em realidade,
estranhas frases feitas inseridas na automaticidade do gesto rápido,
desprovidas sempre de sentimento verdadeiro algum, pregaram-lhe uma peça quando
agora, finalmente, foram entendidas da pior forma possível: não passar da mesma
farsa inseparável, arraigada, aos falsos defensores.
Movidos a
factoides (informações fragmentadas e incompletas) somado as suas análises de
comedores de fast-foods, lançam mão de opiniões baseadas na netética (ética não
oficializada, formada apenas por opiniões rasas da rede, porém que é entendido
como passível de validação) e então decretam a sentença do “acusado” da vez,
crucificando-o; calçados apenas em opiniões da choldra ensandecida que pouco ou
nada sabe realmente a respeito de nada, por não saberem nada da vida e muito
menos sobre a situação em si; o fazem por prazer e por nada melhor terem a
fazer.
Crucificam,
sem direito a apelação. Donos do pedaço; movimentam-se alternando ora entre os
papéis de juízes, juris ou promotores. Tudo o que o desavisado falar (postar na
rede), será deturpado e usado contra ele.
Utiliza-se
de valores mesquinhos e das mais inventivas mentiras e enganos pessoais para os
acusarem do que eles próprios seriam capazes, por expedientes que esses
apedrejadores contemporâneos usariam se tivessem que se defender ou lançar mão
para enganar. Por sua vez, o descuidado, geralmente por desconhecimento ou
ingenuidade; por não conhecer o “modus operandi” ou como funciona a mente
insana do psicopata humano covarde que se entende protegido em seu quarto, não
raro utilizando-se de um “fake”; expõe-se desnecessariamente, ficando ainda mais
desprotegido, gerando, ou armando esses escrotos insensíveis com munição
suficiente contra si próprio.
Essa é a
nova massa humana crítica, fruto da combinação do desconhecimento com o perigo
do anonimato que a esconde e covardemente a protege do risco da dor física se
mostrasse sua cara de sem vergonha.
Ao pobre
desavisado resta o consolo de não ser uma celebridade, quando então seu
calvário, ainda que visto em boa parte do país, materialmente, sofrerá as consequências
apenas no seu reduto físico.
Digo que os
verdadeiros vilões ainda não chegaram, entendo que aquele que conseguir dominar
esse filão desregrado será o pastor do apocalipse.
Aquele que
dominar a Legião Net formará o novo cristianismo, o novo islamismo, e dependerá
desse os caminhos da massa maleável.
Se eles
promoverão a mudança a tanto aguardada, ou serão o continuísmo; se selarão a
continuidade apocalíptica a que aqueles que, muito distante dessa luminosidade artificial
amarelada continuam a ela voltados e acreditando que, mesmo relegada ao
esquecimento, em algum lugar, uma brasa mínima respira voltada à humanidade,
aguardando um sopro que a avive e então algum caminho perdido possa ser
retomado.
*
Ao que se
traduz da história, Jesus Cristo, Joana Darc, perseguidos da inquisição, judeus
e palestinos, por exemplo, e alguns outros mártires alheios tiveram bem poucos
defensores para fazer frente àqueles que a nada se apegavam a não ser ao ataque
gratuito independentemente da direção a ser lançado. Algo que ocupasse suas
vidas vazias, – indivíduos que, por desconhecimento, seguem a tendência das
massas - enxergando suficiência em achacar os mais fracos e insignificantes, os
“errados” ou contrários aos seus olhos críticos; compartilhando de execrações
públicas até por diversão. Corroborando com atos infames da história que,
absurdamente, teve, por diversas vezes mudada seu curso, justamente por conta
de déspotas manipuladores que se aproveitaram oportunamente do poder que
outorgava-lhe convenientemente, servir-se do estado gerado.
Uma
crucificação, uma bruxa a ser queimada, um enforcamento, um apedrejamento,
qualquer coisa servia para ocupar lhes a descarregar as ânsias de uma vida
ainda embrutecida.
Ao ouvir um
colega comentando sobre uma, de milhares de discussões que revolteiam nas redes
enquanto revoltariam se pessoas de bem e ocupadas, delas tomassem conhecimento.
Em um dos inúmeros insanos assuntos que hoje entretêm esses novos
crucificadores, nesse caso em especial dizia respeito a duas mulheres, uma, mãe
do Rian Brito, neto do humorista Chico Anysio, encontrado morto dias depois de
seu desaparecimento e outra atriz global acusada de vender drogas ao rapaz.
Voltou-me então a memória, após o relato de algumas barbaridades protagonizadas
nem tanto por elas, mas por toda uma plateia desocupada, tornando-as assim
simples objeto de discussão, jamais pessoas a serem auxiliadas; afinal, o que
de realmente prático e útil restará a elas, agora tornadas joguetes, ou pior,
indigentes sem valor algum a serem execradas, depois dessa exposição/execução? E
aos seus executores? Qual será o provável resultado das cenas medievais de
tortura psicológica que possivelmente sofreram, num misto de justificação e
imaturidade, enquanto prostradas como rés, em seus modernos cadafalsos digitais
que, embora não culminem às vias de fato, é certo que os estragos causados não
são realmente dimensionados?
Comentei
com minha esposa uma vez mais, sobre o não cair; o não se expor. Pois os novos crucificadores, mesmo que não
entendam levar uma vida de paranoicos digitais, insistem em fazer justiça com
suas pobres palavras, tão pobres quanto pobres são seus espíritos. Não
respeitando ninguém por desconhecerem significados do tipo que considere aspectos
externos a si próprios, e, lançando mão uma vez mais da frase do Grande Mestre
que sabia sempre a tudo responder, ou como contemporizar; quando disse
sabiamente e há muito vem apenas ilustrando situações forjadas. No entanto
serve também aqui, - e quem sabe por quanto mais servirá -; “pai, perdoa-os,
pois não sabem o que fazem”; e, o que choca, é o fato de todos se nomearem
cristãos.
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