Das
armadilhas que nos auto impomos - Dos pequenos holocaustos psicofisiológicos
permissíveis por serem inobserváveis ou não mas passíveis de aceite por conta
de vieses incontáveis tornados indissolúveis.
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Determinado
periódico perguntou a professora Ágnes Heller se ela está de acordo sobre a
existência de questões como o pensamento de que existe um contexto nos EUA e na
Europa que permite o ressurgimento de algo similar ao nazismo?
Ao que a
filósofa respondeu; “as coisas não podem se repetir de forma concreta, mas sim
em sua essência. Erram os historiadores que pensam que se aprende algo com a
história e não se volta a errar. A única coisa que se aprende com a história é
que nunca se aprende nada com ela. Embora um contexto possa apontar uma
tendência, são decisões políticas que realmente dão direção ou rompem
tendências. O futuro está sempre aberto”.
A despeito
do assunto espinhoso da questão em si, concordamos em parte com esta grande
personagem da filosofia mundial; que não aprendemos nada com a história. Onde
acreditamos que o povo em si não apenas não aprende em que medida de valor negligencia
oportunidades por falta de se impor, e mais, veio assistindo, investido desta passividade
ao longo de toda a trajetória, o que ela acertadamente nomeia como decisões
políticas, – que, a nosso ver, apenas, tendenciosamente rompem direções - e a isto
cabe, temos o dever significativo de observar, que há a necessidade de
abrir-se, justamente aqui, um viés nessa colocação, isto é; que determinada
classe de homens aprendeu há séculos como tirar proveito dos seus erros que
inicialmente não lograram existo em suas formas de domínio, explorando-os no
mais alto grau de permissividade. Essa disparidade advém do fato de que, mesmo
sendo criativos e inteligentes, na mesma proporção, somos inocentes; mas,
existe esta parcela da população que sabe muito bem como manusear os
acontecimentos, lançando mão, principalmente, dessa mansidão, dessa lenidade, e
como consequência, paulatinamente, retirar e engendrar lições do vivenciado que
lhe faculte tão somente os benefícios ordinários. E esta porção aprendeu,
diríamos não sem muita estupidez - foram cometidos erros crassos; é só observar
nosso histórico – como não cometer as mesmas falhas fisiológicas no que se
refere à perpetuação do mal feito por um tempo maior por conta da lição
aprendida. E tão somente por esse viés de caráter, invariavelmente este grupo
ascende ao comando de todo o restante. No entanto, por conta de sua criatividade
ou quem sabe, apenas por serem tomados de alguma “sorte” inaudita, os
sobreviventes, agora cooptados a pequenos holocaustos particulares, vez ou
outra encontram – ou lhes são oportunizadas - brechas que os mantêm com uma
espécie de sobrevida que é comemorada fazendo com que esqueçam que a arfada de
ar, a migalha, se trata apenas de um armistício ou uma permissão controlada:
espasmos de sobrevivência para o ajuste na pressão do torniquete. É a partir
daí que se dá a evolução tolerada, o aprendizado entre campos, distritos, gulags e guetos, permissíveis por leis
mais ou menos duras de uma liberdade vigiada que, ainda que necessária – muitíssimo
mais acentuada hoje -, invariavelmente é arbitrária, quando insiste em não
premiar ou mesmo destacar – quando não ataca - qualquer um que não comungue com
a ideia viciada ou evidencie a necessidade de mudanças mais abruptas as
acomodadas diligências. Porém a questão que por milênios poderia ter sido
aventada, quando apenas se perpetua e é abafada sob outra pressão aleatória,
apressada, sob novos espectros de ameaça é: e a partir de então, o que pode
estar sendo gestado dessa política direcionada por grupos que buscam perceber
os erros históricos apenas ao que concerne a legislação de leis que a cada
século encaixotam em cubículos distintos seccionando pessoas cada qual a
confinamento distintos!?! Ao que pode levar esse desequilíbrio de forças que se
mantém por conta de obrigações e leis cujo ponto de equilíbrio precisa ser
mantido sob o risco do desconhecimento!?! Daí; pode que tenhamos não uma
certeza de que a história nada nos ensina e sim, que não é possível prever que
tipo de silenciosas patologias sociais sejam gestadas de históricos que vieram
a ser infectados por conta de todo o tipo de mãos contaminadas; manipulados a
seu bel prazer por toda espécie de mais e mais filhos bastardos – e algumas
aberrações (como temos assistido) - gerados de múltiplas e infindáveis ligações
arranjadas cujos interesses reais nunca foram pensados de forma a garantir o
livre pensar dos comandados.
Ao
finalizar foi questionada se o papel do intelectual no debate político mudou
com as redes sociais?
Ao que
respondeu; que “intelectuais devem estar longe das redes sociais. Eles devem
influenciar por seus livros, seus escritos, suas participações em congressos
acadêmicos, ainda que isso limite o alcance da mensagem. A essa altura, me soa
hipócrita que se discuta o papel do intelectual quando nunca se ofereceu de
fato um papel para eles na sociedade” completou.
Quanto às
redes sociais, não há dúvida; mas quanto a sua acertada resposta final, podemos
entender e acrescentar que talvez seja porque eles façam parte do mísero grupo,
- membros outros de um nicho também miserável, em meio a tantos campos de
confinamento - que auxiliaria na construção, absolutamente concreta, do acima
observado.
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