Observações
(im)pertinentes
Sentimento
de posse - Qual é a opção mais acertada; atingimos, ou com sorte ainda temos chances
a algum tipo de retorno -, quando, naturalmente, tudo tende a transformação -
inclusive o sentimento humano, do nosso agora? Acertadamente podemos afirmar que
vivenciamos a normalidade de consumo como um estado de sentir alcançado,
assimilado; não é possível que contestemos a vontade adquirida de obter, de
comprar. Condição esta que inadvertidamente corrobora que são as marcas
ostentadas que definem grupos sociais, e, portanto, perfeitamente aceitável e
intocável, isto é, um estado tornado normal. Era preciso que estendêssemos este
assunto, elevando esta discussão para além do discurso meramente contrário,
bairrista, da contestação retórica e intelectual filosófica. Será somente com o
rompimento desta barreira que poderemos atingir o dano fisiológico de toda a
esfera social organizada hoje.
O que está
faltando? Admitir. Uma vez que a sociedade atinge o ponto de aceitação inquestionável,
estado este em que a condição adquirida, abraçada, converteu-se no assim ser; aceitável
– “natural”; portanto, não sendo mais possível aventar qualquer mundo diferente
e muito menos questionar o tornado hábito; é correto afirmar que obtemos a
segurança inegociável concretada e selada por conta, tão somente, do epistemológico
subjetivo?
Deuses
capitalistas – O Deus, há muito conhecido, adorado e sagrado já não mais existe.
Em seu lugar foram forjados os deuses capitalistas. Estes são os verdadeiros detentores
da vida humana. De suas mãos, de seus poderes construídos são ditadas as leis
do consumismo materialista e, portanto, do bem viver do planeta... diretores,
CEO´s, designers, autores, comunicadores, celebridades e marqueteiros.
Inicialmente,
e como em todas as situações em busca de acertar; sob a razão das boas intenções
e necessidades voltadas ao bem viver social até atingir alguma estabilidade,
seguiu-se sem pesquisa alguma ou mínimo cuidado com os desmembramentos
possíveis, mas, no entanto, precocemente, a despeito do mal; dos alertas sobre o
apocalipse profetizado quanto à continuidade, não foi dada atenção alguma no sentido
de aplacar a política predatória anunciada, e, por conta das mais variadas
razões, ainda que pensadores e estudiosos, observando o abismo a que se dirigia
a humanidade apontassem um futuro perigoso; por conta das obrigações tão
atropeladas quanto desordenadas do passado ecoando no agora somando as
imposições do sistema, ou seja, da não precisão lá, do crescimento desordenado
por conta da má distribuição de rendas, os mandatários não se preocuparam em
optar por via alternativa alguma – a metodologia se mostrava perfeita; e ainda
assim é vendido – e portanto não diminuiu-se, e mais, buscou-se formas de
aumentar a pressão para alavancar um sistema totalmente faccioso e egoísta.
Sim, é
fácil narrar uma história de derrotas. Porém este não é um texto romanceado,
trata-se de uma constatação atenta, portanto, é nossa história, e estamos em
plena caminhada; há um propósito aqui. Chutar cadáveres é fácil. A
impossibilidade reside em acordá-los.
Valor - Toda
a atenção hoje está voltada para a depreciação, o esquecimento, o negligenciar
dos verdadeiros valores ainda que eles figurem em todos os banners empresariais
que alardeiam ali estarem presentes como seus verdadeiros princípios. Não se
trabalha mais para uma filosofia onde qualidades como a dignidade, por exemplo,
precisa ser defendida – estar implícito é suficiente, mesmo que seja uma
mentira. Entre nós foi plasticamente convencionado; há um acordo velado de que
ela existe realmente e ninguém contesta esta versão - valorizada e jamais
esquecida. Nada. A única coisa hoje que mede; o gabarito, o padrão de referência;
a obrigação única e principal do indivíduo a ser observado é a condição
monetária – o quanto sua movimentação é valorada. O que nos nivela é a nossa
situação econômica – movieconônica; nossa movimentação econômica. Primeiro, é
claro, o poder do indivíduo de fazer dinheiro, de aumentá-lo – seja de que
forma for. Isto é, no mundo mecanicamente econômico a desonestidade não é
propriamente um mal se ela encontrou mecanismos para tão somente movimentar e
gerar mais dinheiro de formas diversas que não incomode o processo e também, que
esta garanta lucros a qualquer preço, portanto, se o grupo principal não
participar do processo e tão somente receber os dividendos não lhe interessa a
forma como ele é executado. Existe um véu finíssimo separando estes indivíduos
ainda que estejam por anos a fio na mesma corporação ou grupo investidor, mas,
ambos não se tocam.
Desde este pico gerador investidor a pirâmide descende até a base conforme a graduação “movieconômica” do indivíduo social.
Possuir - Não
possuir praticamente aliena o indivíduo de condição alguma de atenção - uma ou
mais casas, carros. Nas férias, frequentar alguma praia popular ou um resort de
luxo, um churrasco com os amigos bebendo ou um open bar sofisticado e assim por
diante – tudo muito bem amarrado às marcas de suas roupas e, ultimamente, ao
modelo do membro estendido: iphone, por exemplo. E não interessa de quão pouco
você dispõe; a filosofia do consumo cria uma falsa sensação de medição subentendida
onde o sujeito auto posiciona-se – ilusoriamente satisfeito – ao se observar
acima de qualquer alguém outro dos seus. A prática aprendida e fartamente
utilizada como uma mecânica, auxilia bastante nesta fase de aceitação – esta
escolha é mais psicológica que arrazoada e, portanto, totalmente aleatória. E
de modo intrínseco, no seu consciente consumista, por conta deste aceitar, foca
no próximo objetivo; imaginando agora, superar o seu vizinho, o primeiro da
lista, e assim sucessivamente.
Condicionou-se
isso a uma filosofia de estar bem; não precisamos mais dos enfadonhos costumes
cavalheirescos ou respeito formal; independentemente do clima da empresa, a
frase, “não é pessoal” prepondera e todos engolimos o indesejado por conta de
uma convivência plástica; esse é nosso modelo de hedonismo. Encontrar ou se
encaixar em uma forma palatável de existir. E, atingida, ou lutando por toda
uma vida para beliscar a laje tão esperada, todos somos suportados num jogo de incentivos
dos mais utópicos... surreal... ou mesmo... insano.
Os melhores
avalistas - O plano físico, obviamente, por ter sido a única opção palpável que
temos – e os motivos por não ser diferente estão aqui inseridos e são
facilmente detectáveis -, é manuseado para o bel-prazer humano tornando-se uma
máquina de deleite econômico que, ajustado – aliando energia humana manipulável
(força e pensamento) a manancial manuseável (física e química) - para dele se obter
rendimento fácil a poucos, sob a ciência da possibilidade de incontáveis
situações e combinações; uma vez que estes auto eleitos, com poderes de
interferir modificando e arbitrando regras que lhes favoreçam, quando, uma vez encontrada
as formas mais escusas de proteção, ocupam-se exaustivamente no intuito de
viciar o jogo.
Toda nossa
estrutura basilar histórica, paulatinamente, ao longo de centenas de anos, vem
se desmantelando por conta única e exclusivamente do defender-se e proteger a
base econômica. Filosofias, pensamentos estruturados, família e religiosidade
foram relegadas a apêndices, quando possível: manipulados para se tornar
economicamente explorados – quando não, são tolerados e sobrevivem de suas
próprias forças, como é o caso da boa e sempre imparcial filosofia. A nova
cultura não permite desperdício, a não ser que ele se torne fonte de riqueza
futura. Todo o processo vem sendo armado para que a atenção se volte unicamente
ao plano físico molecular sujeito a plasticidade tornada simples, ou leviana. Tudo
está voltado ao aqui agora material. Não existe mais a preocupação com o
depois, com o vir a ser pessoal individual – nos entendemos ultra especiais
para ferrenhos envolvimentos em intermináveis exercícios de planejamentos
honestos. A ocupação primordial a ser observada, esta sim, pretendendo-se a um
poder que não possuímos é desenvolvida tão somente visando à existência física
tangível conquistada a qualquer custo o mais rápido possível; o estar bem economicamente.
Mas o vencer agora, imediato, está sempre atrasado, então, não raro, pelo meio
do caminho – independentemente da ciência sobre este ou qualquer assunto do
tipo - contenta-se em sobreviver, ajustado ao que foi arranjado, afinal, nada
que um bom verniz fosco temporariamente não esconda, ao se exibir
imaculadamente, camuflando o desserviço com marcas forjadas, mesmo que sejam
produzidas pelo trabalho escravo de países exóticos como a Indonésia, por
exemplo, ou contrabandeadas do Paraguai e também de uma China, transformada em manancial
econômico do mundo por conta do secular desrespeito aos direitos humanos ou
coisa que o valha e todas as demais regras, ao inacreditavelmente ser elencada
finalmente como uma parceira viável, quando, de uma hora para outra, em um
alinhamento oportuno que beneficia tão somente o aprofundar do escuso comerciar
inominavelmente defendido: permitiu a continuidade, a sustentação econômica do
processo todo – direitos humanos estes, claro, criado, e chanceladíssimo, por
conta do próprio processo.
Talvez
aqui outra demonstração prática de que todo o inimigo poderá um dia ser aliado
do processo, independentemente do preço a ser pago na súcia, afinal o que são
princípios se o que está em jogo é um lance oportuno à sobrevivência econômica
de alguns poucos,
Tudo é
transformado em um produto - Na arte temos um exemplo bastante claro.
Representação fácil do apreçamento tornado valor de sentimento; quando não é
mais possível entende-la apartada de valor. Tudo hoje é valorado. A pergunta
que se segue, verbalizada ou não sobre uma nova opção que pode ser de alguma
forma transformada em produto é: qual é o valor venal do que está sendo
discutido? A fatídica expressão, “tempo é dinheiro”, é tão icônica quanto
danosa; ao final todos acabamos nos medindo em valor de tempo gasto – Quanto
custa o seu tempo? “não há mais tempo a perder” – com o que? “O que eu ganho
com isso?” ou “Eu vou ganhar dinheiro com isso?”. A expressão “fazer dinheiro”,
choca por sua precocidade; por estar a cada geração antecipando o acordar
adulto deste querer em suas vítimas. Hoje é possível observar crianças falando
sobre seu futuro observando tão somente o fato abjeto de fazer dinheiro; o
frívolo fator econômico. Ele sempre esteve presente, mas há pouco ainda havia
algum resquício de altruísmo na carreira a ser escolhida.
Imediatismo
- Não podemos fugir ao clichê barato do contexto, por sua pertinência,
observando novamente que o tempo que pensamos estar ganhando (recebendo por);
estamos perdendo em qualidade de vida, em dedicação a ações altruístas. Sejam
elas externas ou para o nosso desenvolvimento – não aos estudos para receber
mais, mas para o desenvolvimento mental e consequentemente adquirir uma
consciência que fuja a este padrão insano que nos metemos.
Observada
sob esta via de raciocínio, voltando à ideia da arte. Perdeu-se completamente a
referência da beleza, da realidade e sensibilidade trazida à tona por gênios
que visitaram este plano com seus mantras de exaltação ao Belo; a Arte Verdadeira.
Através deste raciocínio, é fácil compreender o absurdo do nosso, hoje, pensar
transformado. Tudo o que é criado é associado ao consumo, a alguma espécie de
consumo, alguma via de consumo imediato, doentio. E se a isto não se valer; simplesmente
todo o processo está fadado ao esquecimento. Classificado como entulho – no
máximo será reciclado entre as classes apequenadas, que se prestam aos
trabalhos degradantes, obrigadas, a fazer algum com os rejeitos das castas consumistas.
Não existe
mais o espírito da arte, do belo, da beleza por si só. A visão é tão somente de
ganho. Fazer dinheiro, honrarias e figurar entre aqueles que fazem a diferença,
ou seja, ultrapassar a barreira do social comum (socialista) e participar do
seleto grupo de comando (capitalista).
O esconder,
o camuflar, para a governança – mesmo quando descoberto e isso leve a todos a
questionar o que vem sendo praticado - faz parte da estratégia, ao contrário da
massa de sustentação que deve deixar tudo as claras, nada pode ser feito que a
lei não obrigue a ficar a mostra e portanto passível de ser discriminado,
censurado ou classificado como ilegal, e seja monitorado com a precisão
cirúrgica em seus inomináveis detalhes, onde qualquer atitude captada por estes
radares tecnológicos ultra avançados condena o autor às masmorras sob o um
comando nada evoluído.
Poderes
efêmeros - A diferença do socialismo propriamente dito é que o indivíduo não
tem voz alguma; ele simplesmente se submete e é submetido. Já o sistema atual
vendido, em sua similaridade intrínseca, - tão somente um espelho surreal - dá
a entender que é permissivo em algumas situações onde penosamente, de forma
ilusória, todos se veem como donos de algum poder momentâneo, obviamente ilusório
e jamais garantido, onde não é percebido que apenas corroboram com a ideia
comprada de que são dele proprietários como um todo; em pé de igualdade, par e
passo com os comandantes, caso erguessem a cabeça para alguma reclamação neste
sentido; afora isso, o discurso da confiança cumpre eficazmente o papel da
sossegada continuidade assegurada. É dado a entender que se faz parte, no
entanto é só, e agarra-se a isso - uma espécie de colete salva-vidas -, a
despeito de todos os heróis, lembrados apenas nas páginas de um histórico
esquecido, quando membros tidos como partidários, amigos e conhecidos, se
expuseram a um querer mais justo ou alguma adequação qualquer, uma
reivindicação mais acalorada, de um momento para outro foram calados e tiveram
seus direitos a justiça negados; ou foram burocraticamente negligenciados até
serem demovidos de suas vontades. Entendendo que qualquer insistência maior
poderia reverter contra a pessoa, ou grupo ou até familiares. Camuflado sob um
discurso nem sempre polido, mas sempre ardiloso; insinuando que todas as ações
são necessárias; fazendo menção à continuidade e à eficiência do processo.
Faz-se parte,
mas, tão somente do jogo de cena. Não é possível que uma única mente sã entenda
realmente estar integrada ao processo por si só – tão somente por seu existir
puro e simples. Toda a estrutura de suporte que assim se entende é, claramente
– e tão somente -, a energia e obrigatoriamente a sustentação deste processo e,
ofuscados, entendem ser peças importantes que, se assim procederem – neste pensar
- manterão com fidedignidade tudo funcionando da forma arranjada. Nessa constituição,
é evidentemente desnecessário aludir a uma revolta maior, e quando em algumas ocasiões
esporádicas por conta de um acirramento qualquer ele aconteça, o futuro o
classificará como: possivelmente oportunizado, mas não negociado, por exemplo; demonstrando
que elas são – foram – permitidas. A história poderá até adjetivar o evento com
alguma espécie de honra, ou até mesmo desagravo aos próprios carrascos; jogo de
cena comum, sempre oportuno, e muito apropriado.
Hemorragia
secular - Vive-se um arranjo muito mal organizado, onde são visíveis e risíveis
ate: permissividades compadrescas, uma espécie de bate/assopra. Um distúrbio
aqui é deixado passar em branco a luz do dia, uma agressão acolá é amainada com
panos quentes. Um grito de ordem mais alto é abafado com um cargo melhorado; um
líder é convidado a um cargo junto à prefeitura, se for confiável ao comando, adestrado,
passará a um ministro ou mesmo ao senado e galgará o caminho rumo ao coronelato.
Ameaças
veladas ou um cala-boca vez por outra faz com que a paz volte a reinar. Afinal
não pode ser considerado socialismo quando se há tanto capital em jogo e este
vem sendo distribuído de forma que todos possam viver como iguais e com um
conforto jamais imaginado nos tempos de escuridão, dirão; dizemos não. O igual
é limitado e há um abismo abissal entre este e aquele grupo, muito além do
lugar comum, que, distante, concede não apenas as permissões, mas dita as
regras bem ou mal arranjadas que mesmo o mais apto a este entendimento dirá não
a ele, insistindo que esta é a forma mais inteligente de manter uma espécie de
equilíbrio social hoje. Não discordamos, mas a omissão, a passividade e a
permissividade secular é a razão do estado atual – e este, não é exemplo de
orgulho e temos certeza de que não possuem as rédeas sobre um futuro
tragicamente incerto que o estado comanda consciente da certeza de que o dia
será pequeno ao muito que não se conhece para administrar algum planejamento
razoável. E tão somente o que buscamos com a pontuação de nossos estudos é estanca-la;
clareando algo que ninguém quer assumir. Se isto acontecesse, somente daí,
poder-se-ia negociar algum tipo de distribuição mais inteligente - e não
falamos aqui, apenas de renda.
A ilusão de
fazer parte - Comprar a ideia de que se mantém; de ser um membro nas colunas do
mesmo pensar coletivo é o segredo para assegurar tudo funcionando do jeitão que
está. Um sistema pronto e inegociável. Destarte, não há uma revolta maior, pois
em doses anódinas pequenas regalias são ministradas e uma que outra ação mais
contundente é permitida. Escusadas e paulatinamente aplicadas ao longo dos
séculos, nem sempre precisam de severidade. O tempo mostra; mesmo aos seres
ignorantes, formas de melhor execução. O preço, bem, este faz parte do processo
e pode ser pesado também ao legislador. Mas eles se multiplicam danosamente ou
não e aprendem juntamente com a evolução de suas sanhas. No melhor estilo do
príncipe Machiavelli; ministra-se uma pequena dose de benesses alardeando uma
quantidade muitíssimo maior juntamente com a dificuldade do espetacular pacote
enquanto um iceberg pútrido passa ao largo deixando a mostra somente a ameaça
visível que está sendo devidamente tratada. Que não seja estragada a festa;
profissionais muito bem preparados estarão trabalhando incansavelmente para que
ninguém perca as comemorações. Aqui está encerrada toda a magia, a luta e tranquilidade
proposta e a postos do Socialismo Capitalista.
Todos os mecanismos, todos os subterfúgios; eventos inventados, homenagens e destaques que farão parte de alusões extraordinárias extensamente comemoradas com distribuição de prêmios e participantes em geral - não apenas aos vencedores -, serão tratados como todos devem ser tratados, e nestas ocasiões, indistintamente, claramente, o conjunto todo assim se sente. Todos são contagiados com as energias da confraternização da vez. Em meio a tudo isso é eleito um que outro que se destaca; um em milhões, um ícone, pertencente à multidão, do povo. Intenção nítida de dar prova. E convencer; iludir sobre o fato de que a probabilidade existe; tudo é possível – todos podem ver, assistir, sentir que ela é palpável. Apoderados e dominados sobre essa possibilidade. Vendida a ideia: estes eventos mantêm a todos distraídos na ilusão a que se presta; outra de tantas. Fazendo com que a atenção do público seja desfocada de algo que será descoberto ser uma trampa, um engodo, mas isso, somente muito tarde, quando já não se possui mais forças para lutar.
Impositividade ofertada - Sob
protestos; doutores em biologia contestam o humor ácido daqueles que insistem
na correlação onde a condição peculiar da hiena, por conta de sua constituição
natural se obriga, fora do bando, ou em pequenos grupos: chafurdar os despojos
abandonados e restos desprezados e ainda assim suas investidas se dão sobre
sons que mais parecem risadas. Assumimos, apreendemos, assimilamos que não
devemos olhar apenas para o próprio umbigo na situação de mendicância a qual
vivemos, devemos sim, olhar para o outro, não o outro que está bem, o outro que
está mal, aquele que está pior que a gente. Ficamos procurando alguém que
esteja em pior condição para avalizar a nossa condição de indigência e então
aceita-la. Este acaba sendo o procedimento padrão, espiar a claudicância
alheia.
Somos
treinados a especular sobre aquele que está bem, no sentido de entender que
podemos chegar lá. Observá-lo, acreditando sem reservas que podemos
objetivamente nos espelhar neste; que podemos chegar ao mesmo nível, no
entanto, ao examinar o depauperado estamos culturalmente condicionados também,
a necessidade de compreender que a atual situação complicada não está tão
difícil assim se analisada sob o prisma do miserável. E a sociedade insiste,
com doutores, especialistas, amigos, parentes e psicólogos; a importância de entender
que este estado não passa tão somente de um processo; afinal tudo poderá mudar em
um instante – porém nunca muda; ao menos para a imensa maioria de nós – e
acabamos por aceitar esta condição nada ideal como uma premissa de
tranquilidade futura. É sim, uma filosofia aceita e aprendemos a entendê-la como
um estar bem, um estar equiparado a todos, portanto, nada de mais em
continuarmos rindo, farreando. Afinal, em algum grau, não há um que não sofra
as agruras do existir humano e, se uma solução melhor não é encontrada, acabamos
por entender este processo como natural. E é natural, porém existe uma força
humana que carrega nas tintas, dificultando a caminhada, isto deveria ser
compreendido para contrabalançar minimamente o ponteiro da balança.
Aprendizado - Veladamente convencionou-se que tudo o que diz respeito às necessidades pode e precisa ser negociado. Aprendemos e assimilamos muito bem esta lição. Tudo, repetimos, possui uma medida de valor; é valorado e, valendo-se ainda mais da necessidade, quanto mais sensação dela é criada, quanto mais os mecanismos consigam fabricar a ilusão de que é preciso forjar na população a sensação de necessidade: tudo é selado com a essencialidade que o produto passa a ter em nossas vidas. Quanto maior for a ideia individual ou coletiva que se consiga gerar, fabricar o mito da obrigação, maior valor monetário terá seu preço final. E mesmo quando esse valor é intrínseco, inegociável, ou não pode aparecer por conta da natureza do negócio, de alguma maneira ele ronda a se apossar das almas, espíritos e mentes dos envolvidos. Exemplo clássico é o que muitos compram por fé. Quando podemos observar que até ir a Deus, há milênios, foi transformado em um balcão de negócios. Onde o valor pago - com a vantagem de que aqui não há reclamação alguma em dispor de parte do soldo -, uma vez mais não beneficia o contribuinte, e tão somente catapulta social e economicamente os déspotas vigaristas que insistem ser: os indicadores do caminho.
Dependência
e justiça – Quando alguém comete algo que não é condizente com o que determina
a lei máxima da sociedade; a carta magna, a lei pétrea; ele é condenado e
exemplarmente executado e expurgado do convívio social desde que não pertença
ao primeiro grupo. Caso aconteça de assim ser imaginado ainda que alguma
celeuma ou distúrbio qualquer seja aventado como agressão a este grupo ou venha
ameaçar minimamente o estado garantido, ou perturbação a “paz social”, por
exemplo. Se for necessária à correção em nome de uma lei ainda não promulgada,
a ideia será rechaçada ainda nos porões vindo ou não à tona dependendo da
necessidade de ser mostrado o exemplo; na maioria das vezes, percebido tão
somente aos órfãos idealizadores ou para que alguém outro mais ousado seja demovido
de qualquer ânimo de verdadeira justiça.
Nota: Enquanto escrevo mil ideias entendidas como apêndices vêm a mente. Todas interessantíssimas e impossível de serem descartadas. Coleto apenas o que minha mente retardatária consegue. Ao final digo que o texto é mais uma colagem do que algo dissertativo, tornando-se assim não um plano único e sim um apanhado de ideias e aforismos que foram minimamente ordenados e aglutinados sob um único título.
Nota: Enquanto escrevo mil ideias entendidas como apêndices vêm a mente. Todas interessantíssimas e impossível de serem descartadas. Coleto apenas o que minha mente retardatária consegue. Ao final digo que o texto é mais uma colagem do que algo dissertativo, tornando-se assim não um plano único e sim um apanhado de ideias e aforismos que foram minimamente ordenados e aglutinados sob um único título.
Lord Actonz
*“Socialismo Capitalista”;
é o mais novo capítulo a ser inserido
na próxima edição de “Conversa!”.
076.n cqe