Como exigir
bom senso em meio a “Modernidade Líquida?
Especialistas
discutem a impossibilidade de julgar os valores como o fizemos no passado, e o
que parece ser um disparate é o salvo conduto para uma socialização minimamente
possível e/ou exposta.
Como
funciona isso? Então os valores não são inegociáveis? Não se analisarmos sob o
aspecto de honra, hombridade, caráter, e sim se observarmos que o mundo mudou
muito e não temos mais tempo para educar indivíduos sob a régua do bom senso,
ou seja, o mundo aprendeu a se virar; não é mais questão de distinção, vivemos
o atropelo e neste estado ou aceita, engole, “dá seu jeito”, ou procura-se
alguém que o faça, simples assim – por conta de não se ter atenção a isso;
estamos ariscados ao mais alto grau de amadorismo.
Na outra
via, ou de encontro a esta realidade, assistimos as novas gerações sendo
criadas sem os reveses das anteriores; tudo está “mais fácil” – aqui falo dos
visíveis; afinal é por conta deste estado que a invisibilidade só aumenta -, em
muitas situações, mesmo entre os mais necessitados, a comida vem na boquinha e
aí temos o reforço ao desrespeito; quem foi mimado em casa - ou largado ao deus
dará como se o mundo fosse a extensão da micro redoma familiar - não entende
porque não o é fora, e daí a falta de respeito com o terceiro tornou-se uma
espécie de vingança de contrariedade que por sua vez, por razões óbvias se
transformou em uma egrégora exponencial e talvez esta seja a maior razão dos
grupos polarizantes: ou você pertence aos meus grupos e pensamos igual, -
independentemente do que eu poderia pensar se agisse só - e de grupelhos afins
que, se se alinharem conosco, ok, do contrário estarão contra nós e então o
desrespeito impera.
Construir
uma força individual tornou-se extremamente difícil - ser um líder nato;
daqueles que não se vende. Somos obrigados a nos reunir em grupelhos até
escalar agremiações com maior poder midiático; é desta trilha que sairá a
personalidade apurada ou mesclada conforme a determinação de cada um. E assim,
somente migrando na modinha volátil das polarizações, lutando com grupos
rivais, como os antigos guerreiros se acochavam no barro, estes, a maioria
consumidora de embutidos: são valentes apenas em grupos de beberrões, gourmet,
políticos, futebolistas etc., que destilam suas verborragias nas arenas das
redes.
Aprendemos
muitas outras novas formas de fazer ou contornar situações até então
incontornáveis. A globalização trouxe o mundo para o quintal de casa e, se o
antigo fornecedor insiste com suas regras, o mundo está aí, aberto com ofertas
de toda ordem, não há mais fidelidade alguma com o fornecedor e a concorrência
não é mais local.
A
massificação, a coisificação comprimiu e simplificou a socialização a um pensar
globalizado. Nunca foi tão fácil pensar diferente na mesma proporção de que é
muito difícil sair deste vórtice da ordinariedade.
O viés da
polarização é um dos ícones desta realidade. Ao mesmo tempo em que se ampliou a
oferta de coisas, o estado das coisas nos trouxe a todos para as
partidarizações concentradas ou ainda pior, radicais.
Ao ser
fisgado para qualquer que seja a divisão, entrega-se as rédeas da vontade ao
comando maior daquele estado de coisas. Esta decisão que jamais será a mais
acertada, sempre é a mais cômoda e - ao que parece - assim continuará; afinal
ela não exige a preocupação individual; somos agora parte de uma associação
cujo lema é não deixar nenhum associado na mão.
“A maneira
mais segura
de estragar
um jovem
é incitá-lo
a estimar
mais quem
pensa como
ele do que
quem pensa
diversamente.”
F. W.
Nietzsche
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