Havia pensado
no meio da semana sobre determinado assunto para o exercício de hoje, porém
ontem à noite assisti Crisis/2021 e mudei de ideia devido a dois instantes
chaves de uma película, inicialmente despretensiosa, que acabou se mostrando
excelente.
Não me é
possível ler notícias. Por mais que, caso alguém prestasse atenção, ao me pegar
com a televisão ligada na hora do noticiário ou com uma tela aberta a mostrar a
página de um site de notícias; não deve se deixe enganar. Pouco do que ali está
realmente interessa. O que faz com que esses flagrantes externos aconteçam
então? Em um mundo injusto; há ações práticas que um velho precisa se ocupar e,
portanto, uma ou outra informação que o valha pode dizer respeito ao homem
desprovido de valor social. Afora um número minguado de filmes e ainda menor de
séries; dificilmente estou dando atenção ao que está a mostra.
Estamos há
dois dias de um evento que adquiriu importância muito maior do que os atores
que o estão promovendo, pior: diminuindo-os ainda mais – como escrevi em algum
lugar: “quem apoia essa patacoada do 7\09 não sabe nada
sobre a História Humana, sobre o mundo, sobre politicagem... sobre nada”. Este, acostumados a um enredo
chinfrim - posso me valer da mesma retórica ordinária e ditar que - somente
estão em campo por serem donos da bola.
Poucos
sabemos sobre como funciona o processo e ainda menos entendem o que realmente
está acontecendo ou porque chegamos a esse ponto; esta encruzilhada intrincadamente
não solucionável. No entanto toda revolução deveria ser válida contanto que se
desse sob a tutela de causas verdadeiramente nobres - causas não mais possíveis
no mundo atual.
Isto posto;
na passagem de olhos a que ainda me obrigo diariamente em um site de notícias;
alguém expos algo que poderia ter dito a um que outro que se atreveu a indagar
sobre as manifestações do próximo 7 de Setembro: “tudo o que a física permitir
pode acontecer” – dado o grau de estupidez envolvido no instante em si. Isto é;
o prognóstico é impossível para qualquer um não ligado aos comandantes e
politiqueiros oportunistas. O que sabemos nós, joguetes descartáveis; massa de
manobra, que não temos mínimo acesso aos bastidores desse esgoto que foi
transformado nosso Sistema Social.
Um apêndice
para ilustrar o que prende minha atenção durante as zapeadas por entre as
manchetes: da minha parte, a chamada do dia é? “No Japão; mulheres qualificadas
precisam se submeter a subempregos”. Sem dar importância ao texto, da minha
cabeça apequenada deduzo – e tento registrar como o faço aqui - que após o Me
Too a situação delas ficou terrivelmente impossível se avaliarmos quadros
corporativos masculinos cujo padrão é assediar toda e qualquer fêmea que lhe
possa pagar um boquete.
O “sumidouro”
do título remete ao universo medonho movimentado para manter drogas, no caso,
opioides assassinos, circulando na veia social de uma América viciada. E o
filme Crisis/2021 não usa meias verdades para esbofetear o status quo
perfeitamente alinhado: em suas convenções, clubes e restaurantes icônicos
exclusivíssimos enquanto a podridão do vício se acumula tragando novas vítimas,
suportados por – no caso - imigrantes que nem de longe fazem referência aos
milhares deles que realmente se arriscam procurando uma brecha para vencer
fronteiras ao tentarem se manter vivos.
No filme
Quanto Vale?/2021 é levantada a questão da burocracia infernal e negociatas
governamentais amarradas em leis que atravancam órgãos que deveriam auxiliar em
questões, mesmo as mais simples. No caso, rádios que funcionassem em todos os
andares das Torres Gêmeas durante as atividades dos bombeiros quando alguns
poderiam ter sido avisados sobre o colapso eminente.
Como disse no
início desse exercício; dois instantes do filme magnífico da diretora Sara Colangelo
remetem a uma filosofia do despertar humano - situação, ato impossível a
qualquer um que esteja criando expectativas sobre o nosso absurdo 7 de Setembro
- que se dará há dois dias desse exercício.
O primeiro
momento a que me referi é mostrado na cena onde o professor Tyrone (Gary Oldman)
depois de manter seu veredito não avalizando uma nova droga, contrariando assim
o até então amigo e diretor (Greg Kinnear) da universidade em que trabalham; tem
seu contrato suspenso por vias comuns onde os rabos presos, sempre rompíveis,
mais uma vez é válido, e claro, útil, para extirpar o “mal” que mancha a
corporação. E a segunda situação se dá quando o mesmo professor, é
surpreendido em meio a uma espécie de julgamento que reúne a toda poderosa FDA,
ele e a censurável indústria farmacêutica e, após uma conversa ao pé do ouvido entre
alguém e o condutor do processo da FDA; o professor nem mesmo é ouvido. Então Tyrone
parece entender; a ficha caiu. Finalmente foi acordando para o fato de que
havia muito de mentira embutida em boa parte do universo humano que delineou
seus sessenta anos de existência.
O mote entre
os dois é a desistência do professor em assinar o relatório – após testes
esclarecedores, porém conflitantes, contra a nova droga testada sob sua
competência - dando aval a uma substância ainda mais letal de uma corporação
farmacêutica poderosíssima que doa milhões de dólares, - agora se sabe, por
motivos escusos – para a universidade, mesmo entendendo que perderá tudo ao
dizer “não”; carreira, bens, reputação, continuando convicto de que é o melhor
a fazer. Com a sempre mágica posição de câmeras; o diretor Nicholas Jarecki
parece deixar claro, após a reunião do conselho da Universidade, quando o
professor Tyrone tem seu contrato encerrado, que é justamente ele que tudo
perde quem realmente ganha com a decisão – claro, uma bobagem em tempos de
haters virtuais.
Não apenas no
filme de Nicholas Jarecki; qualquer um pode perceber que existe um aparato
colossal a dar suporte a Deep Society – a sociedade onde os invisíveis que
torcem para o mocinho não têm acesso. A sociedade risível que é perceptível
apenas àquele que já observou notícias demais. Entrar nas fétidas coxias
sociais e ali permanecer qual viciado que vislumbra algo “melhor” apenas quando
sob o efeito da sua escolha - que percebe ser arriscada tarde demais -, é o que
mantem essa roda sinistra funcionando, e em raríssimas exceções: nem sempre se
negar a avalizá-la o mantém anexado ao monturo.
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