sábado, 25 de setembro de 2021

Do nocivo toque humano





 








Ontem tomei conhecimento de uma matéria no Wall Street Journal sobre mais uma não verdade defendida no Facebook a respeito da sua propalada política enérgica contra a disseminação de crimes em sua plataforma.












Os contatos do jornal confirmam denúncias graves como por exemplo, tráfico humano, uso indiscriminado da rede por integrantes de cartéis de drogas e facções, e claro que os CEO’s da até aqui, imbatível mídia social, usarão de toda a retórica armada para o instante que em seguida se reservará às paredes da justiça onde não só o “segredo de justiça” protegerá a todos de “especulações, que atrapalham o andamento do processo” e assim mantendo a sempre intocável “elite impune”, como afirma o WSJ.











Minha esposa em sua simplicidade de “correntista” do “face”; apolítica e apartidária, filiada apenas ao partido da Justiça Séria, posta um comentário bobo sobre ser contra determinada fala de certo político espúrio cujas atitudes falam por si só; denunciada por uma radical partidária, é obrigada a excluir a postagem. Em outro momento, manifesta sua opinião sobre um acusado de pedofilia, outra vez é advertida; então diante da matéria do WSJ discorremos, aqui em casa, sobre o peso das ações!?!












Todo aquele que prega a liberdade é contra o regime chinês e nós dois não somos de forma alguma a favor, - se estivesse sob aquele regime não poderia estar escrevendo isso. Porém, traçando um paralelo sobre os regimes e entendendo que a China é tão ou mais corruptível quanto sistemas ocidentais viciados, me parece que se encontrássemos um meio termo entre estes extremos, veríamos a justiça agindo um pouco mais próximo de sua esquecida proposta.










Não é fácil chegar ao topo, ainda que tenha sido mais rápido para o Facebook do que para uma Bayer, por exemplo - ainda que saibamos um pouco sobre ela. É evidente que não imaginamos as dificuldades em manter a bandeira tremulando no topo. Concorrência desleal, espiões, tráfico de dados, hackers; governantes ameaçadores e corruptos saindo pelo ladrão, quebra de sigilo, ameaças de crimes e sequestros de toda ordem, ex-funcionários, patentes e privadas etc. etc. etc. Agora, o que muitos deles não sabiam ou não faziam ideia era sobre o preço a pagar para manter-se no topo; e essa é uma questão capciosa que todos preferem não responder e, uma vez lá, é como fazer parte da máfia, não há como sair impune.









O mote do exercício de hoje é: após investir no sonho; quando se dá a virada? Quando uma corporação ainda que mantenha seus princípios grafados em letras douradas nas paredes de suas matrizes a vista de todos é certo que por trás delas a cor deriva para o rubro e o negro. Quando o toque humano ingênuo, empreendedor, que conta os empregados nos dedos e ainda entende seu valor social, passa a ponderar que, os tempos mudaram e então, as milhares de famílias que integram seu quadro social é o suficiente para encobrir, acobertar e portanto, justificar – o lançar mão do toque nocivo sempre à espreita - toda e qualquer vilania, a manter a podridão agregada em seu caixa dois que sangra – agora com a conivência de diretores e CEO’s – sob recursos violados também, na propaganda enganosa mostrada do outro lado da parede junto a sempre em evidência placa da missão, inegociável, do empreendimento?










O Facebook já se mostrou, em uma série de eventos, não ter apenas duas caras, ele tem páginas de caras, um “livro de caras”-  desculpe a piada idiota. É mais uma corporação criminosa, e a piada idiota serve para pontuar que apenas nós, idiotas das redes, ainda as utilizamos para semear discórdias e ódios infundados, e enquanto todo esse lixo é gerado, a “boiada” dos governos e das corporações vão passando alimentadas com a força do nosso trabalho honesto, dos nossos esforços; com a riqueza de milhões e milhões de seguidores absortos e dominados sob o fascínio dos black mirrors que, uma vez encantados, são (dis)traídos a não perceber que estão alimentando organizações que comandam e desviam nosso planeta para, se não algum colapso, à invisibilidade futura de muitos daqueles que as suportam alheios em torno dessa intrincada parafernália tecnológica.










Nascemos puros, ingênuos, e por mais que somos obrigados a aprender sobre os bons modos é certo que em determinado ponto, se lutarmos com afinco para chegar lá, seremos mais um soldado bem-vindo a Grande Família, o que muito tarde aprendemos e, gostando ou não, é certo que então, uma vez ali, seremos treinados para ser artífices das próximas peças.










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