sábado, 6 de novembro de 2021

A exemplo de Mirabeau

 






Ao tomar conhecimento do “exemplo de Mirabeau”, me ocorre a utópica possibilidade da soma dos bens individuais de cada homem em um único ser; como isso seria possível e para que serviria aqui? Uma possível congruência de decência, caráter, ética, amor e valores, por exemplo.






Se o outro tem algo bom, se um terceiro singular é uma espécie de modelo a ser seguido, como faço para ser exemplo somando então todos os exemplares... de bondade, de respeito, de compaixão, de perspicácia, de tomadas inteligentes... A que sorte de situação atingiríamos ao culminar este indivíduo de razões singulares com o avanço da ciência na correção das patologias?






 

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E o próprio ressentimento, quando se apodera do homem nobre, esgota-se numa reação instantânea; por isso não envenenas ademais, em inúmeros casos, o ressentimento não explode, o que entre os fracos e impotentes seria inevitável. Não conseguir levar durante muito tempo a sério seus inimigos, suas infelicidades e mesmo suas más ações, eis o sinal característico das naturezas fortes, em pleno desenvolvimento e de posse de uma superabundância de fôrça plástica, regeneradora e criativa que leva até ao esquecimento. (Um bom exemplo dêsse tipo, tomado do mundo moderno, é Mirabeau, que não tinha a memória dos insultos, das infâmias cometidas contra êle e que só não podia perdoar porque esquecia). Um homem dessa envergadura com uma simples sacudidela se livra da piolhada que noutros se instala para sempre; é sòmente aqui que se torna possível o ‘amor aos inimigos’, admitindo-se que seja possível sôbre a terra. Que respeito pelo inimigo tem o homem superior! – e uma tal respeito já constitui um caminho aberto para o amor... Pois se assim não fôsse como poderia êle ter um inimigo próprio, um inimigo seu ùnicamente, se só pode suportar um inimigo em que nada haja a desprezar e se encontre muita coisa digna de admiração? Ao contrário, se nos representamos o ‘inimigo’ tal como o concebe o homem do ressentimento, verificamos que se trata de uma criação sua, tôda particular: concebe êle o ‘inimigo mau’, o inimigo com um ‘astucioso’, conceito fundamental para o qual êle concebe uma antítese, ‘o bom’, que não é senão êle próprio. (Genealogia da Moral)”. [sic] p89/90.


Em Os Imortais do Pensamento Universal - Nietzsche

 





Homenagem à Honoré Gabriel Riqueti de Mirabeau







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